Um ataque brutal a um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Tremembé, interior de São Paulo, resultou em duas mortes e deixou pelo menos seis pessoas feridas. O ataque aconteceu na noite de sexta-feira (10), no Assentamento Olga Benário, uma das áreas mais disputadas do Vale do Paraíba, onde interesses imobiliários estão em jogo devido à localização estratégica da região.
Segundo relatos do MST, cerca de dez pistoleiros chegaram ao assentamento por volta das 23 horas, utilizando cinco carros e duas motos. Os invasores começaram a atirar contra os assentados enquanto muitos estavam dormindo, incluindo crianças e idosos. Em meio ao caos, Valdir Nascimento, de 52 anos, e Gleison Barbosa, de 28 anos, foram mortos. Nascimento, conhecido como “Valdirzão”, era uma das lideranças da comunidade. Gleison, por sua vez, era morador do assentamento.
O MST também informou que outros seis assentados ficaram feridos e precisaram de atendimento médico. Eles foram encaminhados para o Hospital Regional de Taubaté e para o Pronto-Socorro de Tremembé. Entre os feridos, há pessoas com lesões graves que foram submetidas a cirurgias. A organização afirmou que a violência que atingiu o assentamento reflete a constante insegurança e a falta de políticas públicas para proteger os trabalhadores rurais.
Em nota oficial, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) confirmou que a Polícia Civil está investigando o caso. De acordo com a SSP, depoimentos de vítimas indicam que os pistoleiros estavam em carros e motos e abriram fogo contra os moradores. A polícia também informou que um homem foi preso em flagrante no local, acusado de porte ilegal de arma de fogo. O caso foi registrado como homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma.
O MST destacou em sua nota que o Assentamento Olga Benário enfrenta uma intensa disputa com a especulação imobiliária na região, especialmente relacionada a projetos de turismo de lazer devido à proximidade de áreas valorizadas. Essa disputa tem gerado tensões crescentes e aumentou o risco de violência contra os assentados. O movimento também alertou sobre as constantes ameaças que as famílias enfrentam, mesmo após denúncias feitas às autoridades.