Nos dias 29 e 30 de março, São Paulo será palco de dois atos nacionais. O primeiro deles, que ocorrerá no sábado (29), será uma manifestação em defesa da Palestina. O segundo deles, no domingo (30), será um protesto contra a tutela militar.
A primeira manifestação está sendo convocada pela Frente Nacional pela Palestina, com concentração na Praça Oswaldo Cruz, às 9h, e início às 11h. A mobilização faz parte da celebração do Dia da Terra Palestina. A proposta foi aprovada em uma reunião com a participação de diversas organizações políticas e movimentos sociais, incluindo o Partido da Causa Operária (PCO), Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal), PT, PSOL, PCB, PCBR, UJC, Marcha Mundial das Mulheres, PSTU, movimento BDS, UP, MRT e Faísca.
A convocação para o ato ocorre em resposta à mais recente ofensiva de “Israel” na Faixa de Gaza, que já causou a morte de mais de 800 palestinos em pouco mais de uma semana. A mobilização busca denunciar o genocídio promovido pela entidade sionista e intensificar a campanha pelo rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e “Israel”.
O segundo ato marcará os 61 anos do golpe militar de 1964 e denunciará a permanência da tutela militar sobre o regime político brasileiro. A manifestação, convocada pelo Partido da Causa Operária, acontece na Praça do Patriarca, a partir das 10h, e será seguida por atividades no Centro Cultural Benjamin Péret (CCBP), incluindo um almoço e uma palestra-debate intitulada: 61 anos do golpe militar imperialista: Como combater o imperialismo hoje.
O golpe militar de 1964 impôs 21 anos de uma ditadura brutal, marcada por perseguições políticas, censura, tortura e assassinatos de militantes da esquerda. Embora o regime formalmente tenha sido encerrado em 1985, sua influência na estrutura política do País se mantém: as forças armadas brasileiras continuam a exercer uma tutela sobre o regime político, intervindo sempre que seus interesses são ameaçados, como ficou evidente no golpe de 2016.
O controle militar sobre o Estado brasileiro não se limita às intervenções explícitas, mas está profundamente ligado à própria estrutura burocrática e autoritária das forças armadas. Os militares, com mais de 350 mil efetivos, são controlados por uma pequena cúpula de generais que se subordinam diretamente aos interesses do imperialismo, em particular dos Estados Unidos.
Em 2018, o então comandante do Exército, Eduardo Villas-Bôas, ameaçou diretamente o Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir a concessão de um habeas corpus ao ex-presidente Lula, escancarando a tutela militar sobre o regime. Naquele momento, o Judiciário cedeu à pressão militar, e Rosa Weber, então ministra do STF, alterou seu posicionamento, negando a liberdade ao petista.
O ato do dia 30 de março é uma oportunidade fundamental para a classe trabalhadora e os setores populares se mobilizarem contra a tutela militar e contra o imperialismo. Diferentemente das manifestações encabeçadas pela esquerda pequeno-burguesa, que procuram fazer da data um palanque em defesa do Supremo Tribunal Federal, o ato do PCO propõe uma denúncia direta e combativa contra a estrutura militar que tutela o regime.