América Latina

Após golpe de Estado, Rodrigo Paz é eleito presidente da Bolívia

O processo que culminou na vitória da direita começou ainda em 2019, quando Evo Morales foi derrubado

A Bolívia viveu neste domingo (19) a consolidação de um novo golpe de Estado, desta vez disfarçado de eleição. Rodrigo Paz Pereira, do Partido Democrata Cristão, foi declarado vencedor do segundo turno com 54,6% dos votos contra Jorge “Tuto” Quiroga, da direita tradicional. O resultado representa o desfecho de uma operação política e judicial que retirou o ex-presidente Evo Morales do cenário eleitoral.

O processo que culminou na vitória da direita começou ainda em 2019, quando Evo Morales — eleito democraticamente para o quarto mandato — foi derrubado por um golpe militar-policial articulado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e apoiado abertamente pelos Estados Unidos. A derrubada abriu caminho para a autoproclamação da senadora Jeanine Áñez e para uma onda de repressão.

À época, Evo Morales aceitou negociar novas eleições, sem a sua própria candidatura. Essa capitulação deu início a um ciclo de submissão ao imperialismo e de divisão no interior do MAS. Luis Arce, eleito em 2020, assumiu a presidência comprometendo-se com uma política de conciliação nacional, o que só fortaleceu a ofensiva da direita e das instituições controladas pelo imperialismo.

Cinco anos depois, o resultado é o completo afastamento de Morales, que foi inabilitado judicialmente e impedido de concorrer em 2025. A Justiça, controlada pela direita golpista, limitou o número de mandatos e vetou a principal liderança popular do país. Arce, traindo os trabalhadores bolivianos, expulsou Morales do MAS e aprofundou a perseguição. Diante disso, Evo convocou a população ao voto nulo, que atingiu quase 19% — expressão da recusa popular em legitimar a farsa eleitoral.

A exclusão de Evo e do MAS verdadeiro produziu uma eleição entre dois candidatos de direita: Rodrigo Paz, e filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora, e Tuto Quiroga. Ambos integraram um dos governos mais criminosos da América Latina, a ditadura de Hugo Banzer.

“O que deveria ser uma celebração popular se converteu em uma farsa eleitoral, manipulada para impor candidatos do império e das elites econômicas”, declarou Morales no dia da votação. A operação teve o mesmo roteiro do golpe de 2019: intervenção judicial, manipulação institucional e chancela da OEA.

O retorno da direita ao governo é parte da ofensiva imperialista sobre toda a América Latina. O governo de Luis Arce, ao abandonar a mobilização popular e tentar pactuar com os golpistas, abriu as portas para a vitória da direita.

Apesar do cenário adverso, Evo Morales conseguiu ter um resultado importante no primeiro turno. Segundo o levantamento apresentado por ele mesmo, o voto nulo superou a votação de qualquer candidato, apontando que o ex-presidente teria vencido as eleições caso fosse candidato e, mais que isso, que a população não reconhece a legitimidade das eleições.

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