O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou no sábado (20), em Bertioga, no litoral paulista, o início da chamada Operação Verão Integrada, ação que o governo diz articular segurança pública, saúde, mobilidade e defesa civil no litoral paulista, período em que o estado projeta a circulação de 16,7 milhões de visitantes ao longo do verão.
Embora o governo tente apresentar a iniciativa como um pacote “integrado”, a base da operação segue sendo o reforço do policiamento ostensivo, com ampliação de efetivo, viaturas e mecanismos de vigilância. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o estado mobilizará 4.075 policiais militares e 436 viaturas adicionais, o que a gestão afirma ser a maior mobilização “da história” para o período. A distribuição prioriza a Baixada Santista, que receberá 2.800 agentes, enquanto o litoral norte terá reforço de 861 policiais. O governo anunciou R$55 milhões em investimento direto no reforço da operação.
Além do patrulhamento terrestre, a gestão prevê vigilância da orla com sete veículos aéreos não tripulados (VANTs) e três aeronaves, bem como mobilização de policiamento especializado, incluindo unidades de Choque, Ambiental e Rodoviário. A Polícia Civil ampliará vagas para jornadas extraordinárias e colocará delegacias volantes para acelerar registros de ocorrências, de acordo com o anúncio.
Um dos eixos centrais do plano é o aumento do monitoramento. Treze municípios do litoral sul e do litoral norte foram integrados ao Muralha Paulista, sistema com 1.700 câmeras equipadas com reconhecimento facial e leitura de placas. O secretário de Segurança Pública, Osvaldo Nico Gonçalves, afirmou que o esquema permitirá aumentar ainda mais a espionagem, monitorando deslocamentos entre cidades: “quem pratica um crime em Guarujá, por exemplo, e vai para outra cidade estará sendo monitorado pela polícia”, declarou.
A ampliação da vigilância eletrônica se soma a uma política de segurança que, na prática, intensifica o controle policial sobre a população, com a promessa de rastreamento permanente e ampliação do aparato repressivo em regiões já marcadas por intervenções violentas.
Para tentar dar uma moldura menos explícita de operação policial, o governo afirmou que repassou R$53,9 milhões aos municípios litorâneos para fortalecer o atendimento em pronto-socorros e unidades de emergência durante o aumento de demanda sazonal. Tarcísio declarou que a operação seria “um pouco diferente” em 2025 e mencionou repasses para saúde, além de ações em estradas e travessias.
O governo também informou reforço do Corpo de Bombeiros, com 567 guarda-vidas temporários e 253 soldados recém-formados. Já a Defesa Civil anunciou R$ 1,3 milhão e 5.400 agentes “de prontidão” para atuação no litoral.
No saneamento, a gestão citou R$2 bilhões aplicados pela Sabesp em 2025 para água, esgoto e infraestrutura voltada a moradores e turistas.
A nova operação é anunciada com o histórico recente de altíssima letalidade policial nas costas paulista, especialmente na Baixada Santista. A penúltima edição, entre 2023 e 2024, ficou marcada pelo reforço de tropas após a morte de policiais militares a partir de 26 de janeiro de 2024. Três PMs foram assassinados até o início de fevereiro.
A resposta do governo foi uma ofensiva inicialmente chamada Operação Escudo — nome padrão para ações do tipo — que passou a ser tratada apenas como “Operação Verão” após semanas, em uma tentativa de maquiar a intervenção. Encerrada em abril de 2024, a ação deixou 56 pessoas mortas na Baixada Santista, sendo apontada como a segunda operação mais letal da história da polícia paulista, atrás apenas do massacre do Carandiru, de 1992.





