A Análise Política da Semana deste sábado (18) iniciou com a discussão sobre o processo do youtuber Jones Manoel, do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), contra o editor do Brasil 247, Leonardo Attuch. Para Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), este seria o caso “mais significativo, mais grotesco” relacionado à liberdade de expressão nos últimos dias.
O caso teve origem quando Attuch criticou o processo contra o professor de Direito Alysson Mascaro, classificando-o como “absurdo” por não ter fontes, nem testemunhas declaradas. Pimenta corroborou a crítica, explicando que “nenhuma pessoa séria deveria levar em consideração essas denúncias anônimas sem corroboração”.
Rui Costa Pimenta criticou Jones Manuel por, no que chamou de “suprema ignorância”, ter justificado a não revelação da fonte da denúncia como “segredo da fonte”. O apresentador relatou que Attuch, “no metier de jornalista, falou: ‘não, senhor, não é assim. Você tem que mostrar alguma coisa, não pode acusar sem mais nem menos'”. Attuch teria ainda alertado que “imagine se amanhã alguém acusa o Jones Manuel de estupro, não apresenta nada, ele vai preso”.
Pimenta avaliou que, como Attuch “delicadamente, elegantemente, que o Attuch é uma pessoa elegante, estava chamando o Jones Manuel de completamente ignorante”, o youtuber “se sentiu ofendido”. O dirigente salientou que “a base de todo o processo é você se sentir ofendido. Se é verdade o que estão falando ou não, não importa, né? Basta que você se sinta ofendido”. Assim, ao ter a sua “abissal ignorância” revelada, Jones Manuel teria entrado com o processo para “defender a sua honra de grande intelectual, sendo que ele, na verdade, ele não sabe nada de nada”, disse Pimenta.
O apresentador manifestou preocupação com o cenário: “eu falo isso aqui já preocupado de saber se nós não vamos ser processados, porque nós chegamos nesse ponto no Brasil”. Ele resumiu a situação atual do país: “se você for fazer uma crítica a alguém, você corre o risco de ser processado. Se você falar que fulano é ignorante, é burro, eh a política dele é uma política nazista e assim por diante, você corre o risco de ser processado. Não pode criticar, né?”
Em uma crítica contundente, Pimenta afirmou que “as pessoas que defenderam que o Brasil chegasse nesse ponto, muitas delas são de esquerda”, e que “continuam, na realidade, defendendo isso, continuam defendendo assim, né, por incrível que pareça, contra todas as evidências, continuam defendendo com unhas e dentes esse tipo de coisa”.
Rui Costa Pimenta relatou ter visto um vídeo onde “uma moça chamada Laura Sabino” comentava um “react” a um vídeo do tambpem youtuber Monark. Ele citou a afirmação da moça sobre o tema da legenda do vídeo: “a liberdade absoluta de imprensa, nem não existe e não deveria existir, segundo ela”.
Monark teria feito menção aos Estados Unidos, e a youtuber teria alegado que lá não existe liberdade de expressão porque “os Panteras Negras foram perseguidos e outras pessoas foram perseguidas, o que é fato. Eles efetivamente foram perseguidos”.
Pimenta ironizou a sabedoria de Laura Sabino, colocando-a na “ala de sabedoria universal do Jones Manuel”, pois ela “não sabe que os Panteras Negras foram perseguidos, foram injustamente perseguidos, mas não por liberdade de expressão.” Ele explicou que eles foram perseguidos por defenderem “a lei para poder andar armados”. Pimenta, então, destacou que nem Sabino, nem Manoel defendem o direito de andar armado.
Ele citou a história da Revolução Francesa, lembrando que a segunda Constituição Jacobina estabelecia que “é não apenas direito da população, como o dever do cidadão se levantar em armas contra todo tipo de opressão”.
O apresentador considerou necessário “esclarecer para esse mar de ignorância que assola a esquerda brasileira”, distinguindo palavra de ato. “Expressão é quando você fala, escreve, desenha, pinta, compõe, faz uma escultura, faz uma peça de teatro. Isso é expressão”, disse Pimenta. Já “dar soco, dar tiro, jogar bomba, passar por cima da pessoa com tanque de guerra, não é expressão. Tem nada a ver com a expressão. É um ato”.
Pimenta rebateu o argumento de setores da esquerda que, segundo ele, foram mobilizados para defender a censura da internet como “uma coisa boa” e que argumentam que a liberdade de expressão é uma “coisa burguesa”. Ele ironizou o raciocínio, dizendo que se “a liberdade de expressão é uma coisa burguesa, a censura é uma coisa burguesa. Então, devo intuir que é a mesma coisa”.
O analista criticou quem se ofende por críticas, comparando essas pessoas aos deputados Kim Kataguiri e Érika Hilton. Pimenta exemplificou o que é liberdade de expressão citando Bolsonaro: “eu não concordo com esse negócio do Hamas, do PCO, mas eu acho que eles têm o direito de falar”. A “direita Érika Hilton”, por outro lado, seria aquela que “você não pode falar nada, né, que a pessoa se desmancha.”
Rui Costa Pimenta chamou de “armação fuleira” o caso do youtuber Felca, que se mobilizou para aprovar uma lei de censura sob o pretexto de “proteger as crianças dos pedófilos” e agora foi premiado com um quadro na rede Globo. Pimenta afirmou que o caso “mostra que tudo não passava de uma armação fuleira para aprovar uma lei de censura”, lamentando que “uma parte da esquerda fez parte desse negócio podre”.
Rui Costa Pimenta destacou como tema principal do programa a política do Partido dos Trabalhadores (PT), em função de acontecimentos que ele considerou de “maior gravidade política”.
O fato mais grave, segundo ele, foi o líder do PT no Senado, Jaques Wagner, ter declarado que “o Hamas tem que ser exterminado”. Pimenta classificou isso como “um chamado ao genocídio do povo palestino”, pois “o Hamas é a maior organização, o maior partido político do povo palestino”. Ele denunciou que Wagner completou a fala dizendo que “é preciso exterminar o Hamas, mas não Israel”, o que Pimenta considerou “um apoio ao fascismo israelense.”
O apresentador afirmou que o enfoque político de “democracia versus fascismo” é um erro que “leva a apoiar o imperialismo”. Ele disse que o PT adotou essa política e que, por isso, “o partido corre um sério risco de ser completamente dominado por uma ideologia de direita e eu diria até de extrema-direita”.
Rui Costa Pimenta criticou a manifestação “No kings” nos Estados Unidos contra Donald Trump, que pedia que os participantes vestissem amarelo. O analista notou que a convocatória fazia menção a um “contexto histórico” em Hong Kong e na Ucrânia, e concluiu que “é uma manifestação onde aparecem os sindicatos, mas que está sendo convocada pelo imperialismo”. Para Pimenta, “isso aqui é uma manifestação reacionária” e “o X da questão nesse momento é independência política”.
Para encerrar, Rui Costa Pimenta fez uma homenagem a Iahia Sinuar, líder do Hamas na Faixa de Gaza, que ele classificou como a “maior figura revolucionária do século XX, sem dúvida nenhuma”. O analista lamentou que “a decadência da esquerda brasileira não reconhecer a importância desse homem”.





