Uma denúncia da Sociedade de Prisioneiros Palestino aponta que ao menos 77 prisioneiros palestinos morreram sob custódia israelense durante os dois anos de sua guerra genocida, e dezenas de outros continuam desaparecidos. O relatório, divulgado em 7 de outubro de 2025, traça um panorama da situação, baseando-se em centenas de depoimentos, provas materiais e declarações do ministro de extrem direita Itamar Ben Gvir. A Sociedade acusa “Israel” de usar as prisões como parte de uma guerra mais ampla, com a cumplicidade do sistema judicial, incluindo a Suprema Corte, que teria “dado cobertura para mais atrocidades”.
A Sociedade e outras organizações parceiras, como a Comissão de Assuntos de Prisioneiros e Ex-Prisioneiros e a Addameer, documentaram uma série de crimes e violações que, segundo elas, equivalem a crimes de guerra e crimes contra a humanidade. As principais denúncias incluem:
- Tortura e maus-tratos: agressões físicas e psicológicas, uso de gás e granadas de atordoamento, além de choques elétricos.
- Abusos físicos e psicológicos: políticas de humilhação, como revistas íntimas com violência e agressões sexuais, incluindo estupro.
- Negligência médica: privação de tratamento, disseminação intencional de doenças (como sarna) e uso da doença como forma de tortura.
- Violência extrema: uso de “unidades especiais” de guardas prisionais para reprimir e aterrorizar os detidos.
- Fome e privação: privação de alimentos adequados, com fome sistemática.
- Desaparecimento forçado: dezenas de prisioneiros de Gaza que morreram em custódia tiveram seus corpos retidos ou ocultados.
A denúncia da Sociedade aponta que a situação é especialmente grave em Gaza. Relatos de sobreviventes descrevem o acampamento de Sde Teiman como um epicentro de tortura e morte. No local, e em outras prisões como a seção subterrânea “Rakefet” na prisão de Ramla, os detidos de Gaza são mantidos sob uma designação de “combatentes ilegais”, o que, na prática, os priva de qualquer direito.
Desde o início da guerra, o número de prisioneiros nas cadeias de “Israel” mais que dobrou, saltando de 5.250 para mais de 11.100. Desse total, 3.544 são detidos administrativos, ou seja, presos sem acusação formal ou julgamento. Segundo a Sociedade, essa política de detenção arbitrária, combinada com a privação de visitas de familiares e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), evidencia uma tentativa de “destruição física e psicológica” dos prisioneiros.
A reportagem também destaca que a violência se expande para além das prisões. Desde o início do conflito, cerca de 20 mil pessoas foram presas na Cisjordânia e em Jerusalém, incluindo 1.600 crianças e 595 mulheres. As operações de prisão têm sido marcadas por agressões brutais, destruição de casas e confisco de bens, além de acusações de que os detidos são usados como escudos humanos.
A Sociedade de Prisioneiros Palestinos faz um apelo à comunidade internacional, pedindo que “tire a roupa da inércia e cumplicidade” diante de crimes que, segundo a organização, são parte de uma “limpeza étnica e aniquilação” do povo palestino. A entidade conclui que a continuidade do silêncio internacional é “uma afronta à humanidade como um todo”.





