Em resposta ao artigo Valter Pomar se ajoelha e suplica: imperialismo, nos salve!, o petista Valter Pomar, dirigente da corrente Articulação de Esquerda, resolveu publicar mais um textinho calunioso em seu blogue.
A matéria traz como título O PCO mais uma vez defende Bolsonaro, repetindo, pela milésima vez, a cansativa ladainha de que o Partido da Causa Operária (PCO) estaria defendendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Trata-se de uma mentira que tem como objetivo ocultar o caráter reacionário da política do autor.
O PCO foi o primeiro partido a defender o “Fora Bolsonaro” — enquanto Valter Pomar e outros tantos endossaram o golpe eleitoral que consistiu na cassação dos direitos políticos de Lula. O PCO foi a única organização a manter uma campanha de rua com esta palavra de ordem durante anos — enquanto Valter Pomar e seus amigos adotaram a política do “fique em casa” e assistiram aos trabalhadores morrerem de Covid.
A tal “defesa” de Bolsonaro que Pomar alega é a defesa dos direitos democráticos do povo brasileiro. O Partido é contra a violação da Constituição Federal pelo Supremo Tribunal Federal (STF), independentemente de quem for o alvo. O PCO é contra a delação premiada, o cerceamento ao direito de defesa, o fim da presunção de inocência, a pesca probatória, a censura e outras tantas barbaridades cometidas pelo STF. Por que Pomar não consegue dizer o mesmo? O motivo é simples: porque ele apoia o lavajatismo dos dias de hoje. Por isso, é incapaz de fazer um debate honesto. Por isso, calunia em vez de debater os argumentos do PCO.
Em seu curto texto, Pomar termina com uma acusação sórdida:
“Aqui me limito a reiterar o seguinte: a cúpula do PCO está controlada por aliados do cavernícola. Quem dá espaço para esta gente, seja a que pretexto for, está ajudando a extrema direita.”
Dizer que “a cúpula do PCO está controlada por aliados do cavernícola” é a mesma acusação de que se ouvia na época da luta contra o golpe — a de que a direção do PCO teria sido “comprada” pelo Partido dos Trabalhadores (PT). É uma acusação que, além de ser policialesca, só pode vir de alguém que não tem princípios políticos. A ideia de enfrentar os poderosos sem receber algo em troca parece ser uma ideia que não passa pela cabeça do dirigente da Articulação de Esquerda — pois o natural seria baixar a cabeça para eles.
Quanto a se queixar de quem “dá espaço para esta gente”, trata-se de uma reclamação óbvia contra Leonardo Attuch, editor do Brasil 247, o principal órgão de imprensa que apoia o governo Lula e que também dá espaço para Valter Pomar. Aqui, o petista começa a revelar porque tem tanta simpatia pela perseguição política a Bolsonaro — afinal, ele defende não apenas a censura contra a extrema direita, mas também contra a extrema esquerda. Apenas por discordar da política do PCO, Pomar quer impedir que o seu presidente fale para a base do PT.
Não é preciso muita explicação para entender o quanto essa política é reacionária. Esta é, afinal, a política da ala direita do PT, que trata a base do Partido como se fosse gado — toma as decisões políticas mais criminosas possíveis e as impõe goela abaixo, suprimindo qualquer discussão.
Para fugir da discussão, Pomar acusa falsamente o PCO de estar a serviço do bolsonarismo. Mas a quem Pomar está a serviço? O que as calúnias contra o PCO escondem?
Conforme já mencionado no artigo anterior deste Diário, Pomar foi um dos entusiastas do encontro “pela democracia” de Lula com chefes de Estado do Chile, da Espanha e da Colômbia. Disse então ele, em entrevista ao Brasil 247:
“O problema é que tem alguns, como é o caso do Boric, que tem uma visão sobre o Maduro equivocada. É como se a defesa da democracia fosse igual à defesa da democracia tal e qual o liberalismo a entende.”
“A Venezuela poderia muito bem ter sido convidada para essa reunião, como poderia ter sido convidada para participar dos BRICS, porque o que está em jogo hoje cada vez mais vai ficando óbvio”.
“Por que que nós não podemos agir como Churchill, que disse que se Hitler invadisse o inferno, se aliaria ao diabo contra o nazismo? Veja, as democracias ditas ocidentais, elas se apoiaram na União Soviética para combater o nazismo. Por que que o pessoal aqui é tão tímido no relacionamento com o Chávez, com o Maduro, por que tão tímido?”
“A coisa caminha para um confronto que vai exigir alianças que alguns podem achar que não são as melhores, mas são as necessárias, são as possíveis, são indispensáveis, eu diria.”
A posição de Pomar neste caso é não apenas oportunista, mas ingênua. Maduro não foi convidado porque a reunião era contra a Venezuela. A presença do primeiro-ministro espanhol prova isso, porque o principal instrumento do imperialismo no ataque à Venezuela é a Espanha. Convidar Maduro e o primeiro-ministro espanhol seria uma contradição. Por acaso Pomar não lembra da a XVII Conferência Ibero-Americana em 2007 , quando o rei Juan Carlos I da Espanha disse a Hugo Chávez: “por que não te calas”?
Fato é que Pomar caiu no conto da luta entre “democracia” e “fascismo”, que é insustentável. Se o que está acontecendo em Gaza é a “democracia”, apoiada pelo governo espanhol, então o que seria o fascismo?
Esse apego à democracia em abstrato, sem confundir com a defesa de direitos reais da população, é uma política completamente decadente.
A frase do Churchill está correta: na luta política, você pode fazer aliança até com o demônio, se necessário. Mas é preciso ver que tipo de aliança é essa. É preciso ver se a aliança permite que a luta pelos seus objetivos avancem ou não. Na Segunda Guerra Mundial, o stalinismo procurou mostrar que o imperialismo norte-americano e britânico eram forças da democracia. Isso é criminoso e levou ao afogamento de várias revoluções e a difusão do fascismo pelo planeta.
Outra coisa que Pomar não percebeu na tal reunião é que ela era contra a Rússia, a China, o Irã. Essa “frente pela democracia” é contra a maioria dos países do mundo: contra a Coreia do Norte, Cuba, Venezuela, Irã, China e Rússia. É uma frente para promover a ofensiva fascista do imperialismo contra a esmagadora maioria da população mundial.
Se Pomar defende essa política, é por que está a serviço do imperialismo — e, por consequência, do fascismo.





