Estados Unidos

Antes de Trump, não existia fascismo nas forças armadas?

Articulista da Folha expressa preocupação com a fala de Trump aos militares

Militares EUA

O artigo, Fala de Trump a militares é prenúncio de golpe fascista, de Marcos Augusto Gonçalves, publicado na Folha de São Paulo nesta sexta-feira(3), mostra que o presidente americano é um fator de crise dentro do imperialismo.

É sintomático aparecerem artigos como este de Gonçalves, e a reiterada fórmula de ligar Trump ao fascismo, enquanto no mundo “democrático” a repressão e censura avançam a passos largos. No Reino Unido, são presas em média 30 pessoas por dia por postagens na internet, ou por participarem de manifestações em favor da Palestina.

Aqueles que protestam contra o genocídio em Gaza são acusados de apoiar terrorismo. Já são pelo menos 12 mil presos. O curioso é que apenas Trump seja considerado fascista.

Gonçalves demonstra preocupação quando diz que “a ofensiva de Donald Trump e de seu secretário de Defesa, Pete Hegseth, sobre o alto comando das Forças Armadas dos EUA, com o intuito de enquadrá-las na moldura do populismo de extrema direita, demonstra que as pretensões facho-golpistas do autocrata da Casa Branca não podem ser ignoradas”.

A atitude do governo tem causado apreensão no imperialismo. Um dos alvos de Trump e de seu secretário foi a cultura woke no Pentágono.

Hegseth anunciou que serão aplicados novos padrões de aptidão física de “nível masculino” para os oficiais militares, o que causou indignação entre os identitários. Segundo o secretário, os padrões devem ser uniformes, neutros em termos de gênero e elevados. O que o fez admitir que as mulheres podem ser prejudicadas.

Estão pretendendo uma “mudança de cultura” no Pentágono, com um “ethos” mais guerreiro.

Trump, em seu discurso, falou em consertar décadas de decadência, incluindo aí os programas de inclusão, diversidade; e os oficiais estão sendo desestabilizados por distrações relativas às mudanças climáticas, “lixo woke”, ou mesmo ficando com medo de serem taxados como líderes “tóxicos”.

Além de falar em “reviver espírito guerreiro”, e de que não queria ver oficiais gordos pelos corredores do Pentágono, Trump elogiou a decisão de se renomear o Departamento de Defesa como Departamento de Guerra.

Qual o medo?

Como se pode notar, a administração Trump está tentando fazer uma limpa nas forças armadas. É sabido que existe uma enorme corrupção envolvendo o Departamento de “Defesa” e a indústria armamentista. O contribuinte americano é literalmente assaltado ao pagar por equipamentos extremamente superfaturados. Por um único míssil Patriot, por exemplo, o cidadão paga US$ 4 milhões.

O grande capital, que fatura montanhas de dinheiro com a corrupção, não quer saber de mexer nessa estrutura construída durante décadas.

Toda a conversa de fascismo é apenas cortina de fumaça.

Comparações absurdas

Gonçalves diz que se “Chávez lançou na Venezuela o que chamou de socialismo do século 21 (regime autoritário populista de esquerda, aprimorado por seu sucessor Nicolás Maduro), Trump empenha-se na construção do fascismo do século 21, que não repete exatamente a referência do século 20, mas dela absorve e guarda as linhas de força”. Mas não é delírio tentar fazer qualquer comparativo entre Trump e o chavismo, e classificar o que acontece na Venezuela como regime autoritário.

Marcos Augusto Gonçalves é a favor do que Trump está fazendo com nosso país vizinho. Como não pode dizer isso abertamente, diz que o governo venezuelano é autoritário, o que em si justifica quaisquer ações de um “fascista” como o presidente americano.

O articulista escreve que estamos diante de mais um desdobramento do tecido totalitário da direita do século 20, que deu ao mundo monstruosidades como Hitler, Mussolini, Franco e Salazar, além de nossos tiranetes latino-americanos, todos apoiados por uma máquina militar ideologizada e vigilante quanto aos ‘inimigos internos’”. Isso é uma clara falsificação da história.

Quem pariu o fascismo foi o grande capital. E foi também o grande capital, o imperialismo, que tramou golpes e financiou todo tipo de ditaduras sanguinárias pelo mundo.

Outra falsificação é a ideia de que “a ideia de que cidades do país possam servir de campo de exercício para as tropas mais poderosas do planeta é assustadora, e mais ainda quando se tratou de deixar claro que o objetivo é tê-las perfeitamente alinhadas, marchando no mesmo passo do ideário antidemocrático cultivado pelo atual grupo dominante norte-americano”.

Isso tem sido assim desde o fim da II Guerra, os EUA têm mais de 800 bases espalhadas pelo mundo, intervieram em todos os regimes e os manteve perfeitamente alinhados. O que não impediu o imperialismo de entrar em crise.

Crise

Donald Trump nunca foi o preferido do grande capital financeiro e do setor de guerras. Sua primeira gestão foi bombardeada por toda a grande imprensa, houve ameaças de impeachment. Houve também uma avalanche de processos para impedir que concorresse a um novo mandato, e até tentativas de assassinato.

Joe Biden e, posteriormente, Kamala Harris, eram os preferidos do imperialismo e de quase toda a esquerda pequeno-burguesa. Apesar de que o ex-presidente foi um dos principais articuladores da invasão ao Iraque, e esteve para colocar o mundo em uma Terceira Guerra. Na verdade, muitos analistas militares acreditam que essa guerra já começou.

Esse tipo de presidente é o preferido da grande imprensa, que trata Trump como fascista para fazer parecer os outros como democratas.

Foram os “democratas” que atiraram as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki. Foram eles que tramaram o golpe contra Dilma Rousseff, e foram apoiados por todos esses da grande imprensa, que agora vêm a público chorar porque Trump está pretendendo dar um golpe fascista.

É cinismo, apenas isso. Ninguém deve confiar nesse jornalismo “neutro” e “democrático”, pois sempre apoiou, ou acobertou, as piores barbaridades e crimes contra a humanidade, como o que ocorre neste minuto na Faixa de Gaza.

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