A Causa Operária TV (COTV) realiza amanhã, quarta-feira (10), às 12 horas, um programa especial dedicado a reconstituir, em detalhes, o caso de Natália Pimenta, militante do Partido da Causa Operária (PCO) que morreu após ter o acesso a um medicamento bloqueado pelo aparato estatal em aliança com grandes grupos do setor de saúde. A transmissão terá como objetivo demonstrar, passo a passo, o funcionamento do que o presidente nacional do Partido, Rui Costa Pimenta, definiu como uma verdadeira “indústria da morte” voltada contra a população trabalhadora.

O programa reunirá o Departamento Jurídico do PCO, familiares, amigos e militantes que acompanharam os 10 meses de luta de Natália. Segundo Pimenta, a edição especial foi concebida para apresentar a estrutura que, por trás dos procedimentos burocráticos, impede o tratamento de quem não pode arcar com remédios de altíssimo custo.
“Vamos mostrar que, por trás desse sistema, existe um aparato estruturado para negar atendimento a quem não consegue pagar por remédios caríssimos”, declarou ao anunciar a transmissão.
Para o dirigente, o caso de Natália coloca às claras a política aplicada hoje no sistema de saúde, em que decisões administrativas, técnicas e judiciais são orientadas pelo cálculo financeiro, e não pela necessidade do paciente.
Pimenta ressaltou que a tragédia vivida por Natália não é um episódio isolado:
“O caso dela não é isolado. Atinge milhares, centenas de milhares, talvez milhões de pessoas.”
De acordo com o Partido, o eixo do programa será a reconstrução cronológica dos obstáculos impostos ao tratamento: da prescrição do medicamento ao indeferimento sistemático de pedidos, passando por exigências burocráticas, negativas dos órgãos responsáveis e decisões judiciais que mantiveram o bloqueio da aplicação por quase dois meses, mesmo após a obtenção de recursos e pareceres favoráveis à utilização do remédio.
No ato realizado na Biblioteca da Casa de Portugal, em São Paulo, no dia 30 de novembro, Pimenta foi direto ao caracterizar o que ocorreu:
“Isso não foi uma morte natural. Foi um assassinato.”
Segundo ele, Natália foi vitimada por uma engrenagem que articula interesses privados, burocracias do Estado e decisões do Judiciário, sempre orientadas pelo critério do custo para os cofres públicos e para os planos de saúde, em detrimento da vida de trabalhadores que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS).
Durante a atividade, o dirigente adiantou que o programa desta quarta-feira será “o ponto de partida de uma campanha nacional para responsabilizar os envolvidos e denunciar a política de sacrifício da população trabalhadora em favor dos bancos e dos grandes grupos financeiros”. Entre as iniciativas previstas estão ações no Congresso Nacional, aprofundamento das investigações jurídicas e a coleta sistemática de relatos de outros trabalhadores que tiveram o tratamento bloqueado ou interrompido por motivos semelhantes.
O especial também apresentará os depoimentos sobre os 10 meses de resistência de Natália. João Pimenta, dirigente do Partido e irmão da militante, relatou no ato que a juíza responsável pela decisão que impediu o acesso ao medicamento justificou a negativa com o argumento de preservar a “sustentabilidade financeira do SUS”.
“Se a sustentabilidade do SUS depende de matar pacientes, então algo muito errado está acontecendo”, afirmou João, destacando que a irmã “derrotou todas as estatísticas” ao resistir por 26 dias na UTI e seguir lutando mesmo diante da omissão das autoridades e da recusa combinada do Estado e das empresas privadas a garantir o tratamento adequado.
Rui Costa Pimenta também enfatizou que o caso será colocado a serviço da luta da classe trabalhadora:
“Se nós não conseguimos usar o caso que estamos sofrendo para denunciar a situação, não temos credibilidade para defender a classe trabalhadora.”
Segundo o Partido, a campanha que será impulsionada a partir da edição especial da COTV visa não apenas a responsabilização direta daqueles que bloquearam o tratamento de Natália, mas também a denúncia política de todo o sistema de saúde subordinado aos bancos e grupos financeiros que controlam hospitais, laboratórios e empresas do setor.
Encerrando o ato do último domingo, Pimenta sintetizou o sentido político que o PCO pretende dar à luta em torno do caso:
“Ela saiu da vida para entrar na história. Ela agora é parte da luta geral do PCO.”



