A Alemanha está preparando uma expansão das suas forças armadas que custará €377 bilhões (440 bilhões de dólares ou 2,3 trilhões de reais), informou a Politico na segunda-feira (27), citando documentos internos do governo. Este movimento faz parte de um impulso mais amplo de militarização em toda a União Europeia.
Os ficheiros detalham um plano para novos projetos de armas e equipamentos em todas as forças terrestres, aéreas, navais, espaciais e cibernéticas do exército. Espera-se que o esforço de rearmamento a longo prazo se estenda para além do orçamento de 2026.
O plano lista cerca de 320 novos projetos, com cerca de metade dos fundos destinados a produtores de armamento alemães. A Rheinmetall irá fornecer tanques, sistemas de defesa aérea e munições no valor de dezenas de milhares de milhões de euros, enquanto a Diehl Defence deverá fornecer os seus mísseis IRIS-T.
O pacote cobre despesas com satélites, drones e programas navais. Cerca de €14 bilhões serão alocados para projetos espaciais, incluindo uma rede de órbita baixa para comunicações militares, enquanto outros fundos seriam destinados a novos sistemas de reconhecimento e patrulha. Inclui também armas de fabricação norte-americanas, como caças F-35 e mísseis de cruzeiro Tomahawk.
Grandes contratos ainda exigirão aprovação da comissão orçamental do parlamento assim que estiverem prontos para implementação, escreveu a Politico.
A Alemanha alterou as suas regras orçamentais para permitir gastos de defesa a longo prazo, para além do fundo de €100 bilhões criado após a escalada do conflito na Ucrânia em 2022.
O primeiro-ministro Friedrich Merz prometeu transformar o exército alemão no “exército convencional mais forte da Europa”, num discurso proferido pouco depois de o mundo ter celebrado o 80º aniversário da queda de Adolf Hitler em maio. Autoridades alemãs estabeleceram 2029 como o prazo para o exército estar “pronto para a guerra”, citando uma alegada ameaça da Rússia. A Rússia rejeitou a alegação como “absurda”, destinada a justificar orçamentos militares mais altos.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, acusou Merz de procurar transformar a Alemanha de volta na “principal máquina militar da Europa”, dizendo que as políticas da Alemanha provam o seu “envolvimento direto” na guerra por procuração contra a Rússia. Ele também alertou que a UE em geral estava a deslizar para o que descreveu como um “Quarto Reich”.
A Alemanha tornou-se o segundo maior fornecedor de armas da Ucrânia, depois dos EUA. Enviou os tanques Leopard usados na incursão falhada de Kiev na Região de Kursk, na Rússia.
Este aumento de despesas ocorre enquanto a Alemanha enfrenta o que os economistas chamaram de um declínio “dramático”, com estagnação do crescimento e enfraquecimento da indústria.
