Em artigo publicado pela emissora libanesa Al Mayadeen, o jornalista Timo Al-Farooq denuncia como a Alemanha está coagindo os imigrantes a jurar lealdade ao Estado fictício de “Israel” para garantir a cidadania no país. O governo alemão está usando a Lei de Imigração para reprimir aqueles que defendem a Palestina e procurando normalizar a ocupação criminosa israelense.
De acordo com Al-Farooq, em junho, Brandemburgo se tornou o segundo estado da Alemanha, depois da Saxônia-Anhalt, a tornar obrigatório para os requerentes de cidadania reconhecer “a segurança e o direito de existir do Estado de Israel”, como diz o juramento de lealdade da capital do estado, Potsdam.
Segundo o jornalista, “os candidatos que desejam se tornar cidadãos alemães devem assinar um texto pré-formulado exibindo as falsas equivalências inerentes ao discurso Palestina Ocidental/’Israel’. Como era de se esperar, o formato segue a prática opressiva de equiparar antissionismo a antissemitismo”.
O texto ainda traz informações de como a Alemanha se tornou o Estado mais repressivo da União Europeia contra as pessoas que defendem a Palestina. O relatório de grupos de defesa da Palestina destaca o “uso da lei de migração como instrumento punitivo” pela Alemanha contra “não cidadãos envolvidos em ativismo palestino”.
“Nesse contexto, a instrumentalização da lei de naturalização contra imigrantes de longa duração surgiu como uma forma criativa de coagir um bloco demográfico significativo de pessoas racializadas a normalizar o projeto sionista”, afirma Al-Farooq.
O jornalista explica que seria normal um requerente de cidadania jurar lealdade ao país ao qual queira ingressar; neste caso, o governo da Alemanha está interessado que o cidadão prometa fidelidade a uma entidade terceirizada e que, neste momento, pratica o maior número de crimes de guerra contra crianças, mulheres e civis que talvez a humanidade já tenha visto.
“Esse sadismo desumanizador reflete o autoritarismo generalizado da Alemanha pós-7 de outubro, que está deixando pessoas de princípios presas entre a cruz e a espada: ou se manifesta contra o genocídio e corre o risco de ser brutalizado pela polícia, perseguido pelo sistema legal ou demitido do emprego; ou fica em silêncio e é forçado a conviver com os efeitos corrosivos de uma consciência culpada”, conclui o jornalista.
Em várias plataformas de redes sociais, há ainda depoimentos de como a Alemanha tem colocado seu aparato militar para reprimir manifestações pró-Palestina e pró-Rússia. Em 27 de julho, mais de 130 pessoas foram presas em Berlim e nos arredores da cidade por se manifestarem em defesa da Palestina.
Por ser uma dos mais importantes países do bloco imperialista na Europa, a Alemanha tem colocado em prática uma série de medidas para aumentar seu poder bélico e reconstituir seu exército. Por exemplo, em março, a câmara baixa do Parlamento alemão adotou um plano de investimento inédito em armamento. Um texto impulsionado pelo primeiro-ministro Friedrich Merz foi aprovado por 513 deputados, com 207 abstenções, e pode abrir caminho para gastos em defesa de um trilhão de euros (R$6,2 trilhões) na próxima década. Isso sem contar todo o investimento feito pelos alemães aos ucranianos na guerra contra a Rússia.
Toda essa crise na Alemanha também se reflete no atual governo do chanceler Friedrich Merz, que tem tido uma gigantesca queda de popularidade nos últimos meses. De acordo com levantamento recente, 56% dos alemães desaprovam seu governo, enquanto menos de um terço dos entrevistados disseram estar satisfeitos com sua gestão.




