A economia alemã sofreu contração pelo segundo ano consecutivo em 2024, evidenciando uma crise estrutural no modelo industrial e exportador do país. O Produto Interno Bruto (PIB) registrou queda de 0,2% no ano passado, de acordo com uma primeira estimativa publicada nesta quarta-feira (15) pelo instituto de estatísticas Destatis.
O impacto da guerra entre Ucrânia e Rússia, intensificado pelas sanções impostas pelos Estados Unidos contra a Rússia, é um fator central para a crise econômica alemã. Em 2023, o PIB já havia recuado 0,3%, reflexo do aumento dos custos de energia. A interrupção no fornecimento de gás russo, anteriormente mais acessível, elevou significativamente os custos de produção e agravou a situação.
No último trimestre de 2024, o PIB caiu 0,1% em relação ao trimestre anterior, segundo o Destatis. As exportações alemãs, tradicionalmente o motor da economia nacional, diminuíram, apesar do crescimento do comércio global no mesmo período. “As exportações alemãs diminuíram, mesmo com o aumento geral do comércio mundial em 2024”, afirmou Ruth Brand, presidente do instituto, em entrevista coletiva.
Crise política e eleições antecipadas
A crise econômica paralisou a economia e aprofundou os problemas políticos na Alemanha. Em novembro de 2024, a coalizão liderada pelo chanceler Olaf Scholz entrou em colapso, levando à convocação de eleições parlamentares antecipadas. Disputas internas sobre gastos públicos e políticas climáticas, aliadas à crise energética e alimentar, fragilizaram o governo e culminaram em sua dissolução.
As eleições, marcadas para fevereiro, definirão o novo parlamento. Segundo a CNN, o CDU (União Democrata-Cristã) lidera as intenções de voto e confirmou Friedrich Merz, 69 anos, como seu candidato. O SPD (Partido Social-Democrata) optou por Olaf Scholz, 66 anos, para tentar a reeleição. Já o AfD (Alternativa para a Alemanha), partido de extrema direita de inspiração nazista, tem como candidata Alice Weidel, 45 anos.
De acordo com uma pesquisa do instituto Insa, divulgada pelo jornal Bild no último sábado (11), o CDU lidera com 30% das intenções de voto, seguido pelo AfD com 22% e pelo SPD com 16%. A pesquisa foi realizada entre 6 e 10 de janeiro, com 1.209 eleitores.
A decisão do SPD de apostar novamente em Olaf Scholz, cujo governo acabou de ser derrubado, levanta questionamentos. Essa política do SPD conduziu a Alemanha a uma crise profunda, ameaçando a competitividade da sua indústria, que enfrenta dificuldades e vem reduzindo postos de trabalho em grande escala.
A dependência do gás russo, sancionado pelo imperialismo, elevou drasticamente os custos de produção e de vida. Paralelamente, a falta de investimentos em tecnologia para a fabricação de veículos, setor onde a China avança com força, deixou a indústria automotiva alemã em desvantagem no mercado global de carros elétricos.
O fortalecimento do AfD com apoio velado dos Estados Unidos, representa um risco adicional ao regime imperialista. Caso vença as eleições, o partido pode agravar a crise econômica e política, ampliando os problemas internos e arrastando outros países europeus para um cenário semelhante.
A Alemanha, um dos pilares econômicos da Europa, enfrenta um momento crítico que poderá definir os rumos da sua política e economia nos próximos anos. Ante a realidade política do país hoje, a única saída possível para as próximas eleições parlamentares é mais crise.