HISTÓRIA DA PALESTINA

Al-Qadir Muzaffar, uma das maiores figuras do nacionalismo árabe

Muzaffar dedicou sua vida à luta contra o imperialismo britânico e à defesa da Palestina

Abd al-Qadir Muzaffar foi uma das mais destacadas lideranças do nacionalismo árabe na Palestina, conhecido por sua eloquência, caráter firme e comprometimento com a causa palestina. Nascido em Jerusalém, recebeu sua educação primária e secundária com os xeiques religiosos da cidade e, posteriormente, cursou a Universidade al-Azhar, no Cairo, onde obteve o diploma Ahliyya. De volta a Jerusalém, dedicou-se ao comércio e passou a atuar politicamente.

Lealdade ao Império Otomano e luta contra o imperialismo britânico

Profundamente leal ao Estado Otomano, Muzaffar sempre demonstrou desconfiança em relação aos planos britânicos e ocidentais sobre as terras islâmicas. Integrante do Comitê de União e Progresso, também presidiu a Sociedade de Fraternidade e Virtude de Jerusalém. Durante a Primeira Guerra Mundial, participou da expedição militar otomana ao Canal de Suez, incentivando a resistência contra a ocupação britânica.

Em 1916, foi nomeado mufti do Quarto Exército do Império Otomano, sucedendo o xeique As‘ad al-Shuqairi. Nesse período, destacou-se por seus esforços para aliviar o sofrimento dos nacionalistas árabes perseguidos ou presos pelas autoridades otomanas.

Atuação no nacionalismo árabe

Com o estabelecimento do governo de Faisal na Síria (1918–1920), Muzaffar se estabeleceu em Damasco, onde presidiu o Clube Árabe e se envolveu ativamente no movimento nacionalista. Em 1919, foi enviado em missão diplomática ao líder Mustafa Kemal Atatürk, em Ancara, representando o governo árabe.

De volta à Palestina, uniu forças com Musa Kazim Husseini e os partidários do Conselho Muçulmano (al-Majlisiyyun), que apoiavam Haj Muhammad Amin al-Husseini. Foi presidente do Congresso Geral Palestino realizado em Damasco, em 1920, que rejeitou a separação da Palestina da Síria e condenou a Declaração Balfour e a imigração sionista.

Campanha internacional e mobilização popular

Em junho de 1922, o Comitê Executivo Árabe enviou Muzaffar como chefe de uma delegação palestina ao Egito, Sudão e Hijaz. A chegada à Hijaz coincidiu com a temporada de Hajj, e Muzaffar aproveitou para mobilizar os peregrinos contra o Mandato Britânico sobre a Palestina, resultando no envio de milhares de telegramas à Liga das Nações em protesto.

Participou também do Congresso Nacional Palestino em Nablus (1922) e do Congresso em Jaffa (1923). Em 1928, representou Jaffa na Conferência Islâmica realizada em Jerusalém, que estabeleceu a Sociedade para a Proteção de al-Aqsa e Outros Santuários Muçulmanos, como resposta às ambições sionistas sobre os locais sagrados islâmicos.

Prisão e resistência

Durante os Distúrbios de al-Buraq, em 1929, Muzaffar foi preso em Jaffa pelas autoridades britânicas. Mesmo após ser libertado, continuou denunciando o armamento dos colonos judeus e a colaboração britânica com os sionistas. Em 1931, participou da Conferência Pan-Islâmica em Jerusalém, que contou com delegados de vários países árabes e muçulmanos, e foi eleito membro do Comitê Executivo.

Em outubro de 1933, liderou uma grande manifestação em Jaffa contra a imigração judaica, desafiando a proibição britânica. Foi preso novamente e, ao recusar um acordo para sua libertação mediante compromisso de boa conduta, permaneceu encarcerado por seis meses. Sua atitude corajosa foi celebrada pelo poeta Ibrahim Tuqan em um poema em sua homenagem.

Exílio e legado

Após sua libertação, Muzaffar se afastou da vida política e deixou Jaffa em 1948, quando a cidade foi ocupada pelas forças sionistas. Refugiou-se em Amã, onde faleceu, sendo posteriormente sepultado em sua cidade natal, no cemitério de Bab al-Sahira, em Jerusalém.

Reconhecido como um dos maiores oradores e líderes do movimento nacional palestino, Abd al-Qadir Muzaffar permanece uma referência histórica na luta pela libertação da Palestina e na resistência contra o imperialismo britânico e o movimento sionista. Seu legado de coragem e dedicação à causa nacional continua a inspirar gerações de militantes árabes e palestinos.

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