EUA

Al Gore tem novo projeto imperialista no Brasil

Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA, lança mais um projeto para cooptar jovens brasileiros para o imperialismo

A ONG Climate Reality Project, do ex-vice-presidente norte-americano Al Gore, fará dois treinamentos no Brasil na cidade de Belém, Pará, sede da COP30. Os treinamentos fazem parte do projeto imperialista de neoliberalização e destruição das capacidades produtivas disfarçado do falso projeto de conservação do meio-ambiente.

Os treinamentos compõem o projeto mundial da ONG de Al Gore: The REALITY® Tour. O projeto anuncia como seu objetivo “promover uma série de treinamentos e campanhas ao redor do mundo voltados para impulsionar a demanda global por ações ambiciosas pela eliminação de combustíveis fósseis e conter o aumento da temperatura no planeta”.

No dia 29 de março deste ano, a capital paraense receberá o evento. Em agosto, a ONG também realizara o treinamento no Rio de Janeiro.

Estes treinamentos irão ocorrer em todos os continentes, com exceção da Antártida. Segundo o site da ONG, Paris (França), Tóquio (Japão), Nadi (Fiji), Bacolod (Filipinas), Cidade do Cabo (África do Sul), Vancouver (Canadá), Deli (Índia), Jacarta (Indonésia) e Cidade do México (México), além de Belém e Rio de Janeiro, irão receber treinamentos da ONG americana.

Com foco em jovens de 16 a 30 anos, o evento tem como mote uma série de palestras sobre impactos e soluções ambientais ministradas por pessoas de todo o mundo, incluindo o próprio Al Gore. Os presentes também irão “conhecer mais sobre formas de se engajar nessa temática e desenvolver habilidades”. O evento também impulsiona a conexão entre os presentes e a criação de uma rede de “líderes” ambientais, com o intuito de “promover mudanças contínuas em sua comunidade por meio da rede internacional do Climate Reality”.

A primeira parte da campanha da The REALITY® Tour envolve treinamentos internacionais presenciais de advocacy – como defender uma causa ou questão, habilidades de debate, oratória, escrita e organização de campanhas. Os treinamentos serão dados utilizando inteligência artificial, para que as palestras de Al Gore possam ser traduzidas em 12 idiomas.

Apenas pela proposta do projeto de Al Gore já se torna claro que o interesse do ex-vice-presidente não é a proteção do meio-ambiente, mas a formação de uma rede de militantes e de agentes organizados em torno de sua agenda política; ou melhor, da agenda política dos Estados Unidos.

A demagógica posição adota por Al Gore só pode enganar quem se cega perante a política imperialista. A posição “ambientalista” do norte-americano não passa de um disfarce para o anti-desenvolvimentismo dos países atrasados.

O currículo do dito defensor do planeta mostra isto claramente. Em 1983, enquanto deputado, Al Gore apoiou o envio de tropas americanas para o Líbano. Já no ano de 1986, celebrou o bombardeio da Líbia a mando de Ronald Reagan. Em 1991, votou a favor de atacar o Iraque e ainda afirmou que Bush foi “demasiado brando” na sua investida contra Saddam Hussein e o povo iraquiano.

Durante seu mandato como vice-presidente (1993 – 2001), os Estados Unidos invadiram a Somália, resultado na morte de milhares. Em 1994, ajudou a dissolver a Iugoslávia e armar a Al Qaeda, resultado na morte de milhares de civis iugoslavos. Em 2002, apoiou novamente uma invasão no Iraque, defendendo a falsa narrativa das armas de destruição em massa contra Saddam Hussein, resultando no assassinato de mais de 600 mil iraquianos.

O currículo assassino de Al Gore já impossibilita, por si só, a ideia de que este seria um defensor do planeta. Ao defender a guerra e o assassinato, Al Gore estava defendendo também a destruição de países inteiros. A incongruência do norte-americano, “defendendo” o meio-ambiente e apoiando o assassinato de milhões, é tamanha que mesmo um cego consegue vê-la.

A política é, na verdade, a mesma, trata-se da destruição das capacidades produtivas dos países atrasados. No primeiro caso a política neoliberal e imperialista é mais clara, ao bombardear e assassinar milhões, Al Gore e o imperialismo impedem que países atrasados se desenvolvam, mantendo para si o monopólio produtivo.

O segundo caso é mais traiçoeiro. Ao defender o “meio-ambiente”, o imperialismo se apresenta como bonzinho e tenta impregnar a esquerda com sua política. O esquerdista vê a defesa da natureza com bons olhos e – por alguma disfunção cognitiva – acredita que os Estados Unidos iram salvar o mundo.

Porém, o que a política de “defesa” do meio-ambiente esconde é o entrave que ela impõe contra o desenvolvimento dos países atrasados. Os países imperialistas dizem que os países atrasados, em especial o Brasil, não podem explorar suas riquezas, extrair seus recursos e desenvolver sua indústria. Temos de “proteger o planeta” e sermos subservientes ao capital imperialista.

A declaração de Margaret Thatcher – uma das maiores impulsionadoras da política neoliberal e uma das figuras centrais do imperialismo britânico no século XX – em 1983 esclarece o porquê desta “política ambiental” ser, na realidade, uma defesa do capital e não da natureza:

“Se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar suas dívidas externas, que vendam suas riquezas, seus territórios e suas fábricas”.

Em 2006, o chefe do órgão central de informações do exército norte-americano, general Patrick Hugles, também fez uma declaração que explicita a real intenção da política ambiental:

“Caso o Brasil resolva fazer uso da Amazônia, pondo em risco o meio ambiente nos Estados Unidos, temos que estar prontos para interromper esse processo imediatamente”.

Em 1989, o então presidente da França, François Mitterrand, afirmou que “o Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia”. Seu conterrâneo, o primeiro-ministro francês Emmanuel Macron, disse em 2019 algo semelhante:

“A verdade é que associações, ONGs e atores internacionais, inclusive jurídicos, questionaram em diversos anos se era possível definir um status internacional para a Amazônia”.

A declaração do próprio Al Gore em 1989, quando ainda era senador, deixa ainda mais claro qual o interesse do imperialismo com a política “ambiental”:

“Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, mas de todos nós. Oferecemos o perdão da dívida externa em troca da floresta”.

A política imperialista de Al Gore e de todos os pseudo-ambientalistas é a dominação dos recursos naturais dos países atrasados, a monopolização destes recursos e a criação de uma barreira – quase que moral – para o desenvolvimento nacional destes países.

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