O governo federal, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), protagonizou mais um caso de censura e de cassação da liberdade de expressão no país. A ação se direciona contra a produtora de conteúdo de direita, Brasil Paralelo, alvo de uma Ação Civil Pública por ter veiculado um vídeo sobre o caso Maria da Penha. Segundo a AGU, o documentário traria “desinformação”, um argumento importado diretamente do imperialismo, que já traz a senha para justificar a censura.
O cerco à produtora inclui um absurdo pedido de indenização de R$ 500 mil por “danos morais coletivos” – algo inexistente no código penal brasileiro – além da exigência de que a empresa publique um conteúdo pedagógico produzido pelo próprio governo, a medida é de claro autoritarismo identitário, que procura fazer com que apenas o seu pensamento seja veiculado como certo.
A Brasil Paralelo é uma empresa privada que, ao longo dos anos, tem produzido diversos documentários e conteúdos mais direcionados para um público nacionalista de direita, procurado se contrapor ao conteúdo identitário veiculado pela esquerda pequeno-burguesa em diversos temas relacionados à política e à história do país. O material atacado pela AGU trata da questão de Maria da Penha, destacando aspectos do julgamento de seu ex-marido, dando espaço às teses da defesa – algo absolutamente normal dentro de qualquer discussão jurídica equilibrada. Ainda assim, a AGU alega que a versão do condenado foi indevidamente enfatizada e que isso configuraria desinformação.
A ideia de que um vídeo ou publicação demonstrando uma posição diferente do que pensam os identitários seria “desinformação” é totalmente absurda. No Brasil, a liberdade de expressão já foi totalmente anulada. Se o governo, que possui amplo aparato de comunicação, não concorda com a colocação do Brasil Paralelo, pode produzir um material próprio polemizando com eles, o que terá um amplo alcance em meio à população, dado o poder de difusão de seus meios.
Não é de hoje que a liberdade de expressão no Brasil vem sendo atacada. A cesura contra a Brasil Paralelo levanta o essencial debate sobre quem define o que é a verdade. É preciso destacar, também, que essa censura geralmente atinge órgãos de comunicação independentes ou baseados apenas na Internet. A grande imprensa, reconhecida por ser praticamente incapaz de falar a verdade, é totalmente impune à luta contra as fake news.
Esse é mais um episódio dos tantos que se tem visto de perseguição e censura na Internet. Nesse caso, se trata de uma ofensiva contra um grupo associado ao bolsonarismo e à extrema-direita, mas já houve censura contra órgãos da esquerda como a imprensa e redes sociais do Partido da Causa Operária e o sítio Brasil 247.
A esquerda, no entanto, segue com sua empolgada defesa dessa censura, por acreditar que ela possibilita a luta contra o bolsonarismo. Essa política custará caro, pois ela acarreta num fechamento do regime, o que naturalmente levará à perseguição de quaisquer críticos do que for colocado pelo poder estabelecido. No momento, é o identitarismo, mas nunca se sabe qual a nova ideologia a ser imposta pelo imperialismo no futuro.



