A chacina nos Complexos da Penha e do Alemão, chamada cinicamente pela grande imprensa como uma “megaoperação conjunta das Polícias Civil e Militar”, assassinou mais de 121 pessoas, de acordo com os números do próprio Estado fluminense. Segundo a polícia, a operação teria sido “um sucesso” porque teria executado dezenas de integrantes de facções criminosas. Mas nem os dados apresentados pelo próprio Estado confirmam isso.
Entre os mortos estava um adolescente de apenas 14 anos idade, Michel Mendes Peçanha. Um segundo menor, de apenas 17 anos, também foi morto. O criminoso jornal O Globo, por sua vez, correu para dizer que o rapaz “aparecia em postagens ao lado de um fuzil”.
A presença de menores de idade na lista de mortos pela polícia torna a chacina ainda mais monstruosa e escancara que nunca se tratou de uma operação “eficiente”, mas sim de uma matança generalizada com o objetivo de aterrorizar a população pobre das favelas cariocas.
O deputado federal e pastor Otoni de Paula (MDB-RJ), integrante da bancada evangélica da Câmara dos Deputados e ex-apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), integra a comitiva da Comissão de Direitos Humanos. Ele não apenas visitou os locais, mas conversou com familiares e recolheu material que, segundo ele, revela um “completo requinte de crueldade” e o descumprimento flagrante da lei. A sua missão, como definiu, era “jogar luz em toda esta operação que aconteceu”, que ele não hesitou em classificar como “desastrosa”.
Um dos casos mais destacados narrados por Otoni de Paula é o de um trabalhador que está à beira da morte. A esposa, a jovem senhora Karina, foi a fonte do relato chocante:
“O marido dela estava com o carro entrando na comunidade, foi confundido com bandidos pela polícia, tomou um tiro no rosto, está nesse exato momento em estado grave, no Hospital Geral de Bonsucesso.”
Segundo Otoni, a polícia teria agido para mascarar o erro:
“Ela tem as imagens… de que o carro do marido dela foi pego pela polícia quando perceberam que tinham alvejado não um criminoso, mas um trabalhador, plantaram uma arma dentro do carro.”
O deputado insistiu: “há muitos indícios de que nós tínhamos pessoas inocentes ali”. Além disso, ele lamentou que quatro jovens da sua própria igreja, a Assembleia de Deus Ministério Missão de Vida, teriam sido assassinados sem nunca terem portado fuzis, sendo contabilizados no “pacote” como bandidos.
Otoni de Paula revelou ter tido acesso a imagens que configuram execuções programadas. “Tivemos imagens hoje de mãos amarradas, de pessoas bandidas ou não, mas que foram executadas… com tiro na nuca”. Ele também falou que: “tivemos acesso à imagem de uma pessoa que teve a sua cabeça decepada”. E concluiu:
“A polícia, ela não tem autorização para matar, ela não tem autorização para executar.”



