O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), anunciou, na terça-feira (2), o cancelamento da sabatina do advogado-geral da União, Jorge Messias, escolhido por Lula para substituir Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF).
A sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e a votação da indicação no plenário do Senado estavam previstas para o dia 10 de dezembro.
Em geral, o ato se constitui em uma formalidade, precedido de uma intensa negociação para assegurar sua aprovação, incluindo “agrados” aos “nobres senadores” para que esses não oponham resistência ao indicado. Mesmo com o presidente indicando um elemento com apoio entre os setores mais reacionários e majoritários no Congresso e no próprio STF.
Crise da frente ampla
Após um período de suposto “namoro” e entendimento entre o Executivo e a maioria do Legislativo, a indicação de Messias se deu em meio a um claro agravamento das relações, diante do fato de que a maioria do Congresso participa das articulações pela derrota de Lula e da esquerda das próximas eleições. Isso depois que essa direita golpista se livrou, por hora, de Bolsonaro, como parte da política de afastar os dois candidatos com apoio popular e impor um candidato com apoio dos banqueiros e outros tubarões capitalistas.
Nessas condições, o presidente do Senado e a maioria do Centrão se articularam para defender a indicação do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Agora, Alcolumbre marcou, sem acordo com o governo, data para a sabatina (10/12). Temendo ser derrotado uma vez mais, após importantes derrotas nos últimos meses, o governo tentou adiar a data e teve que se atritar publicamente com o “aliado” que tramava a rejeição.
Cancelamento
Finalmente, Alcolumbre anunciou o cancelamento da sabatina, com críticas públicas ao governo, por não ter encaminhado ao Senado a mensagem que formalizasse a indicação de Messias e acusando-o de “interferência” na agenda do Senado.
Seguiram-se muitas declarações de que a decisão pode ficar para o próximo ano. E aumenta o receio de que o governo possa ser derrotado ou tenha que trocar o indicado, mesmo sendo um elemento conservador, evangélico e que vem buscando articulações com os setores mais reacionários do Senado.
O episódio expõe uma vez mais o fracasso, em todos os terrenos, da chamada frente ampla, que só serviu, e continua valendo, quando se trata de garantir altos cargos e apoios políticos da esquerda para a direita, mas em nada serviu para fazer avançar nem um milimetro os interesses do povo trabalhador e nem mesmo do próprio governo Lula.





