Desde a terça-feira (14), após um anúncio feito pelo Ministério das Relações Exteriores do Catar, o mundo inteiro passou a acompanhar atentamente as discussões sobre um possível – e cada vez mais provável – acordo de cessar-fogo entre o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), representando a coalizão de grupos armados em luta contra a ocupação sionista, e o governo criminoso do Estado de “Israel”. Até o fechamento desta matéria, o acordo ainda não havia sido concretizado.
Em pouco mais de 24 horas, uma série de acontecimentos importantes indicaram que, de fato, o acordo estaria por vir. O Hamas publicou um primeiro comunicado, afirmando que “a liderança do movimento e as diversas forças enfatizaram a continuidade da comunicação e consulta até a conclusão do acordo de cessar-fogo e da troca de prisioneiros, que já alcançaram suas etapas finais, expressando sua esperança de que esta rodada de negociações termine com um acordo claro e abrangente”. Em nova nota, o Hamas declarou que “a liderança do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) entregou há pouco tempo aos irmãos mediadores sua resposta à proposta de acordo de cessar-fogo” e que “o movimento lidou com toda a responsabilidade e positividade, com base em sua responsabilidade para com nosso povo paciente e firme na honrosa Faixa de Gaza, interrompendo a agressão sionista contra eles e pondo fim aos massacres e à guerra de genocídio aos quais estão sendo submetidos”.
Outra declaração muito importante foi a do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que irá governar o país pelos próximos quatro anos. Segundo publicou nas redes sociais, Trump afirmou que o acordo entre “Israel” e Hamas já havia sido fechado e que, em breve, haveria uma troca de prisioneiros.
O mais importante mediador, o Catar, afirmou que o acordo estaria fechado. O Hamas, que representa uma das partes, está de acordo com a proposta de cessar-fogo. O governo norte-americano, que é o mais importante patrocinador de “Israel”, já anunciou o acordo. O único que não se posicionou publicamente foi o governo de “Israel”.
E não por acaso. O silêncio do governo é, em si, uma demonstração de que “Israel” não está satisfeito com o acordo. Isto é, que está sendo obrigado a aceitá-lo.
Isso fica claro nas declarações emitidas pelo ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, do partido de extrema direita Poder Judeu. Embora não tenha autoridade de falar em nome do primeiro-ministro, Ben-Gvir afirmou que “o acordo que está se formando é um acordo de rendição ao Hamas”. Em outras palavras, que o acordo de cessar-fogo seria uma grande derrota para a entidade sionista. A preocupação de Ben-Gvir é tanta que chegou a dizer que “meu partido, Poder Judeu, sozinho, não tem poder para impedir o acordo, então proponho que vamos juntos ao primeiro-ministro e lhe digamos que, se ele aprovar o acordo, nós sairemos do governo”.
A extrema direita é uma força importante no governo de Benjamin Netaniahu. Afinal, o primeiro-ministro só conseguiu formar o governo porque incluiu o Poder Judeu na coalizão governista. E a extrema direita, por sua vez, está cada vez mais isolada na defesa da guerra contra os palestinos.
As famílias dos prisioneiros israelenses estão em pé de guerra contra o governo, que se mostrou incompetente em derrotas militarmente o Hamas e que, na medida em que está prolongando a guerra, está diminuindo as chances de eles serem encontrados com vida. Os colonos do norte da Palestina ocupada estão revoltados porque as forças de ocupação foram varridas pelo Partido de Deus, o Hesbolá. A economia da ocupação está em frangalhos.
A política de Netaniahu tem se tornado cada vez mais impopular. Uma pesquisa recente mostrou que 88% dos israelenses são contra a política do primeiro-ministro. Ao mesmo tempo, “Israel” aumentou em 20 vezes o seu orçamento para propaganda em 2025, expressando a sua perda de controle da opinião pública. Apenas a extrema direita se manteve a favor da guerra por interesses políticos imediatos. Afinal, o cessar-fogo seria a derrota da política de guerra, o que levaria a extrema direita a uma crise enorme.
O cessar-fogo desmoralizará a extrema direita não apenas por causa dos efeitos negativos da guerra – prisioneiros, destruição de infraestrutura etc. Mas porque, acima de tudo, “Israel” não conseguiu conquistar um único objetivo militar frente ao Hamas. Isto é, todo o sofrimento causado por um ano aos israelenses e aos palestinos teria sido absolutamente em vão.
“Israel” não conseguiu “exterminar o Hamas”. Pelo contrário, tornou o partido popular em todo o mundo. Fez com que o partido se tornasse ainda mais influente na Cisjordânia, que está à beira de uma revolução contra a Autoridade Palestina. “Israel”, mesmo com a ajuda de todos os países imperialistas, está sendo derrotado por homens mal armados, que sequer tiveram o direito a constituir um exército.
O recado que fica para o mundo é claro: ninguém deve mais temer o sionismo. Aqueles que, assim como o Hamas, ousarem pegar em armas e enfrentar os fascistas de “Israel”, serão vitoriosos. Essa é a maior derrota de “Israel” em toda a sua existência.