Análise Política da Semana

Acordão com Supremo, com tudo

Em tradicional programa da Causa Operária TV, Rui Costa Pimenta analisou principais acontecimentos dos últimos dias

Neste sábado (20), Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), a tradicional Análise Política da Semana, programa da Causa Operária TV, citando casos recentes que mostram o avanço da censura no Brasil.

A primeira delas diz respeito à primeira-dama da França, Brigitte Macron. Ela está sendo processada por um comentário privado, feito nos bastidores de um teatro, no qual teria usado a expressão “feministas histéricas”.

“A grande explicação para a censura é que você não pode falar em público determinadas coisas que influenciariam mal as pessoas que não conseguem pensar — ou seja, a maioria da humanidade”, disse Pimenta.

Ele criticou a visão de que a maioria da população não teria pensamento próprio e precisaria ser “protegida” de certas ideias, afirmando que processar alguém por uma conversa privada é uma política absurda de controle do pensamento.

Ainda no campo das liberdades, Pimenta analisou o processo movido pelo Ministério Público da Bahia contra a cantora Cláudia Leitte por suposta “intolerância religiosa”. O político explicou que a artista, agora evangélica, decidiu alterar letras de suas músicas que mencionavam divindades africanas.

Pimenta classificou o caso como “o fim do mundo”, defendendo que o direito de mudar a própria obra é fundamental. Ele pontuou que a pessoa não seque fez declarações negativas sobre outras religiões, e questionou a interferência judicial na liberdade criativa e religiosa da cantora.

Sobre o cenário internacional, o presidente do PCO denunciou o caso da greve de fome do grupo Ação Palestina na Inglaterra. Ele criticou o fato de o governo britânico ter classificado o coletivo como “terrorista” devido a atos de vandalismo comuns em protestos, como o lançamento de tintas.

Pimenta observou que a repressão atingiu até o ex-deputado George Galloway, detido por defender o grupo. Segundo o dirigente, a esquerda brasileira comete um grave erro ao apoiar o uso de leis antiterroristas e de segurança nacional contra adversários, alertando que “são leis que, no final das contas, vão atingir muito mais os trabalhadores no momento certo do que estão atingindo hoje setores minoritários da burguesia”.

Ao tratar do cenário sindical brasileiro, Pimenta utilizou a greve dos trabalhadores dos Correios para exemplificar o que chamou de “exaltação da ditadura” por meio das instituições. Ele criticou a decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que obrigou a manutenção de 80% do efetivo durante a paralisação.

O presidente do PCO ironizou a decisão, afirmando que, na prática, o tribunal está obrigando todo mundo a trabalhar, já que o índice exigido é superior ao comparecimento normal em dias de escalas comuns. “Isso que o pessoal chama de democracia não tem nada de democracia”, sentenciou Rui, afirmando que o direito de greve no Brasil tornou-se inexistente na prática judiciária.

Rui Costa Pimenta também chamou atenção para o processo contra Felipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro. Citando notas da defesa, Pimenta apontou o que seriam graves irregularidades no julgamento conduzido pelo STF, como o fato de testemunhas de acusação negarem a participação do réu em reuniões e o uso de provas supostamente falsificadas.

Ele destacou que, no voto do ministro Alexandre de Moraes, teria sido dito que não importaria se a “minuta do golpe” existia ou não nos autos. Para Pimenta, aceitar tamanha arbitrariedade é perigoso para todo o espectro político. “Não importa se o Felipe Martins é bolsonarista ou não. O que importa é que você não pode admitir esse nível de arbitrariedade judicial”, defendeu.

Continuando a análise da política nacional, Pimenta afirmou ser “absolutamente evidente” a existência de um acordo envolvendo o Supremo Tribunal Federal (STF), o governo federal e o governo norte-americano de Donald Trump. O objetivo seria evitar sanções da Lei Magnitsky contra ministros brasileiros em troca da redução da pena de Bolsonaro.

Rui criticou a “farsa” da luta contra o fascismo conduzida por setores da esquerda, argumentando que, se o perigo golpista fosse real, tal negociação seria impossível. Segundo ele, o desfecho “em pizza” demonstra que o processo judicial foi usado apenas para manipular o cenário eleitoral e favorecer os interesses do grande capital.

Relembrando episódios recentes, Pimenta traçou um paralelo com a postura da esquerda durante a pandemia. Ele afirmou que o PCO foi duramente atacado por defender o direito individual de escolha sobre a vacinação, mas que agora dados científicos internacionais começam a confirmar a existência de efeitos colaterais que deveriam ter sido informados ao público.

Pimenta sustentou que o “pensamento de granito” da esquerda pequeno-burguesa impede o debate razoável, tratando qualquer dissidência como criminosa. Ele defendeu que a informação honesta e o direito de escolha são princípios revolucionários que não podem ser abandonados.

Sobre a vitória de Donald Trump, Rui Costa Pimenta ironizou as recentes declarações de Lula, que se definiu como “amigo” do republicano. Ele recordou que o PCO foi chamado de “trumpista” apenas por declarar que o empresário era um elemento externo ao aparato tradicional do imperialismo.

“Agora o Lula é amigo do Trump. O Trump foi apresentado aqui pelos petistas como sendo o pior inimigo da humanidade, e agora o Lula também é o pior inimigo da humanidade por ser amigo dele?”, questionou Pimenta, apontando a incoerência dos propagandistas do governo.

Ao discutir as motivações por trás dos acordos judiciais, Pimenta afirmou que a preocupação dos ministros do STF com sanções internacionais não é meramente política, mas financeira. Ele citou a renúncia do ministro Luís Roberto Barroso de cargos internacionais e mencionou o enriquecimento de magistrados.

Para Pimenta, a esquerda erra ao ver o STF como aliado contra o fascismo, pois os juízes seriam, na verdade, integrantes da alta burguesia milionária. Ele defendeu que esses setores não têm antagonismo real com o bolsonarismo, mas sim interesses de classe que os unem contra os trabalhadores.

Analisando o cenário para 2026, o presidente do PCO comentou o lançamento da candidatura de Flávio Bolsonaro. Ele refutou a ideia de que o movimento seria “suicida”, afirmando que, com o apoio do pai, Flávio se torna um competidor forte que pode atrair fatias da burguesia insatisfeitas com o PT.

Pimenta explicou que Jair Bolsonaro não pretende entregar sua herança política para nomes como Tarcísio de Freitas sem garantias. Ele descreveu a estratégia de Flávio como a de um “Bolsonaro light” ou “zero açúcar”, tentando se vender como um político mais próximo ao “centro político”, o que poderia, inclusive, diminuir a polarização atual.

O panorama internacional foi marcado pela análise da eleição chilena, vencida por José Antonio Kast. Pimenta classificou Kast como um candidato “pinochetista e de extrema direita”, mas ressaltou que ele é plenamente aceito pelo grande capital internacional.

Rui explicou que a derrota da esquerda no Chile é o resultado do fracasso do governo de Gabriel Boric, que teria frustrado as massas mobilizadas em 2019 ao se aliar a partidos tradicionais da burguesia. Para ele, Kast assume agora o papel de líder da direita latino-americana, impulsionado pelo vácuo deixado pela esquerda moderada.

Aprofundando a crítica ao Chile, Pimenta afirmou que o governo de Gabriel Boric foi um “completo fracasso” que abriu caminho para a reação. Ele criticou o erro estratégico do Partido Comunista chileno ao aceitar convenções democráticas formais que acabaram favorecendo um candidato mais palatável ao sistema.

De acordo com o presidente do PCO, a história se repete quando a esquerda tenta conter as tendências revolucionárias das massas em favor de alianças com a “sombra da burguesia”, resultando inevitavelmente no fortalecimento da extrema direita.

Pimenta traçou um diagnóstico sombrio para o continente, citando as vitórias da direita na Argentina e a consolidação de ditaduras ou regimes de força no Peru e no Equador. Ele alertou que Brasil, Colômbia e Uruguai são os últimos redutos da esquerda moderada, mas que todos enfrentam crises de popularidade.

Ele argumentou que, se Lula vencer em 2026, será um ponto fora da curva, mas ressaltou que a política de colaboração de classes adotada no Brasil é a mesma que levou à derrota dos governos vizinhos.

O presidente do PCO também criticou a participação de setores do PT e do PSOL em atos convocados por figuras ligadas à rede Globo e a organizações não governamentais (ONGs). Ele citou o envolvimento de Caetano Veloso e Paula Lavigne como uma manobra de controle da esquerda pela burguesia liberal.

Para Pimenta, esses atos são ensaios de “revoluções coloridas” que podem ser usados no futuro contra a própria esquerda. “Estão formando um bloco político para apoiar um golpe de Estado contra a esquerda”, alertou, classificando a aliança com a Globo como um erro histórico gravíssimo.

Sobre a crise energética em São Paulo, Pimenta defendeu que a intervenção federal na Enel é necessária, mas insuficiente se o modelo de concessão for mantido. Ele afirmou que qualquer empresa privada repetirá o desastre, pois o objetivo dessas companhias é lucrar em dólar cortando custos de manutenção.

A solução proposta por Rui é a reestatização completa do setor sob o controle dos funcionários. Ele argumentou que apenas os trabalhadores, que não buscam o lucro, seriam capazes de garantir um serviço eficiente e seguro para a população.

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