No dia 8 de abril de 2023, o povo palestino recordou os 75 anos do martírio de Abdulqader Al-Husseini, um dos mais importantes dirigentes da resistência nacional contra o domínio britânico e a ocupação sionista da Palestina. Sua vida foi inteiramente dedicada à libertação nacional e à organização da luta armada contra o imperialismo e seus agentes locais.
Desde criança, Abdulqader testemunhou a instalação do projeto colonial sionista em sua terra natal, imposto pelas mãos do imperialismo britânico. À medida que crescia, participou ativamente da organização de protestos contra os invasores ingleses.
Em 1933, retornou a Al-Quds após completar os estudos no Egito e assumiu um cargo no departamento de terras, posição que lhe permitiu conhecer os planos de espoliação das terras palestinas e se aproximar dos camponeses, base principal da resistência popular.
Nesse mesmo ano, ao lado de outros militantes, fundou a Organização para a Jiade Sagrada (Munathamat al-Jihad al-Muqadas), dando início a uma nova etapa da luta palestina: a resistência armada organizada. Em maio, liderou a deflagração da Grande Revolta Palestina, conduzindo ações de combate contra os ocupantes britânicos e os colonos sionistas entre 1933 e 1936.
Ferido durante a batalha de Al-Khader, foi preso e depois conseguiu fugir para o exílio em Damasco. Al-Husseini, porém, nunca abandonou sua atuação revolucionária.
Participou da luta do povo iraquiano contra o domínio britânico, onde foi preso, permanecendo no cárcere até 1943. Passou também por Berlim, onde aprendeu a fabricar explosivos e minas, e pelo Cairo, onde organizou campos de treinamento e adquiriu armamentos para a resistência. Com o anúncio do plano de partilha da Palestina pela ONU, regressou ao país em 1947 e imediatamente retomou o combate contra a expansão sionista.
Em abril de 1948, diante da ofensiva sionista sobre Al-Quds (Jerusalém), partiu para Damasco na tentativa de conseguir armamentos junto ao Comitê Militar da Liga Árabe. Fracassada a missão, escreveu uma carta responsabilizando a Liga por abandonar os combatentes palestinos em meio às vitórias. Nesse momento, soube da ocupação de Al-Qastal, vilarejo estratégico ao oeste de Al-Quds. Rejeitando a passividade das lideranças árabes, declarou:
“Vou a Al-Qastal e a atacarei, mesmo que isso me leve à morte. Por Deus, estou cansado da vida, e a morte se tornou mais querida do que este tratamento que recebemos da Liga. Desejo a morte antes de ver os judeus ocuparem a Palestina. Os homens da Liga e os líderes estão traindo a Palestina.”
Sua decisão mobilizou combatentes de todas as partes. Em 8 de abril de 1948, a bandeira palestina foi erguida sobre Al-Qastal. Naquele mesmo dia, foi encontrado o corpo de Al-Husseini, martirizado na linha de frente da resistência. A cidade, que datava do ano 1168, durante as Cruzadas, foi arrasada pelos sionistas.
Sua morte representou uma perda incalculável para a luta nacional palestina. A luta de Abdulqader Al-Husseini foi continuada por sua companheira, Wajeeha Al-Husseini, e por seus filhos, que após a Nakba de 1948 seguiram nos quadros da resistência armada palestina.
Sua vida e sua morte se tornaram um exemplo da firmeza e da intransigência revolucionária diante do inimigo. Al-Husseini permanece como exemplo vivo da verdadeira liderança nacional da nação invadida, independente da tutela imperialista e determinada a alcançar a libertação total da Palestina.