Hoje lembraremos história do palestino Abd al-Rahim Mahmoud, apelidado de “O Poeta Mártir”. Mahmoud fez parte do movimento de resistência contra a ocupação britânica, além de denunciar e luta contra a ameaça das forças sionista.
Como um dos mais proeminentes jovens poetas palestinos, Mahmoud também lutou pela liberdade do seu povo. Dedicou sua vida à terra natal, sendo merecedor de sua alcunha e de todo o reconhecimento conquistado.
As origens
Nascido na cidade de Anabta, distrito de Tulcarém, Mahmoud era filho de um poeta e um estudioso religioso, Shaykh Mahmoud Abd al-Halim. Casando-se com Mahfuza Nassar, Mahmoud e sua esposa tiveram três filhos: al-Tayyib, Talal e Ruqayya.
Concluiu sua educação primária em Anabta e secundária em Tulcarém. Depois, seguiu para a Escola Nacional Najah em Nablus, que tinha no seu quadro docente o poeta Ibrahim Tuqan. Mahmoud foi um discente excepcional em árabe, religião e história, além de um talentoso atleta futebolístico.
Insubordinação e renúncia
Após formar-se na Escola Nacional Najah, Mahmoud ingressou, em 1º de fevereiro de 1933, na Escola de Polícia em Belém. Sua permanência na instituição foi breve, durando apenas seis meses.
Na sequência, ele iniciou serviço na força policial em Nazaré, permanecendo apenas três meses na função. Ao receber ordens para prender um cidadão, Mahmoud se recusou a cumprir a demanda e renunciou ao cargo.
Com o desligamento, Mahmoud retornou à cidade de Nablus, onde passou a lecionar como professor de língua e literatura árabe na Escola Nacional Najah, sua antiga instituição de formação.
Inspiração patriótica
Dois traços marcantes de sua personalidade afloraram e floresceram desde tenra idade: sua facilidade com a poesia e sua paixão patriótica, sempre acompanhada por sua postura antissionista.
Essas características fizeram de Mahmoud um propagandista defensor das posses sagradas de seu povo. Um exemplo desse trabalho foi o poema de boas-vindas ao emir Sa’ud ibn Abd al-Aziz durante uma visita à Palestina.
No verão de 1935, em Anabta, Abd al-Rahim elaborou o poema na presença do emir. O trabalho, que incluía uma referência ao perigo sionista, teve um verso que se tornou afamado:
“Você veio visitar a Mesquita de Aqsa,
Ou para dizer adeus antes que ela se perca?”Outros versos célebres de sua autoria incluem:
“Levarei minha alma na palma da minha mão
E a jogarei nas profundezas da morte:
Ou uma vida que agrada a um amigo,
Ou uma morte que enfurece o inimigo.”
Nas fileiras combatentes
Em 19 de abril de 1936, deflagrou-se a Greve Geral na Palestina, dando início à Grande Rebelião Palestina (1936-1939). Em 1937, Mahmoud adentrou as fileiras dos combatentes da liberdade sob o comando de Abd al-Rahim al-Haj Muhammad.
Perseguido pelas autoridades britânicas, ele se refugiou em Damasco. Entre 1939 e 1940, dirigiu-se a Bagdá, onde se integrou à Academia Militar Iraquiana, graduando-se como tenente. Na ocasião, conheceu o líder Abd al-Qadir al-Husseini.
Em Basra, Mahmoud trabalhou como professor e depois como diretor da Escola Ashshar. Em 1941, aderiu à revolta de Rashid Ali al-Kilani, juntamente com outros refugiados palestinos.
Com o colapso dessa revolta, Mahmoud retornou à Palestina para novamente lecionar em sua antiga escola, então renomeada como The National Najah College.
A maioria de suas poesias e artigos foi publicada nessa fase de luta combatente, entre os anos de 1942 e 1948, especialmente no jornal al-Ittihad, em Haifa, e na revista al-Ghadd.
Dilaceração da Palestina
Com a eclosão dos conflitos entre combatentes árabes e milícias sionistas e a aprovação da Resolução 181 da ONU, que deliberava sobre o território palestino, Mahmoud se alistou no Exército da Salvação, uma força irregular de voluntários árabes que lutavam pela Palestina contra a investida sionista.
Aproximadamente em janeiro de 1948, na cidade de Damasco, Mahmoud concluiu uma sessão de treinamento de oficiais no campo de Qatana. Em seguida, foi designado como chefe de uma companhia na brigada Hittin e enviado de volta à Palestina.
A unidade sob seu comando travou vários combates contra as forças sionistas em Marj ibn Amir. Em maio de 1948, sua brigada foi deslocada para a Galileia, onde Mahmoud foi promovido a primeiro-tenente e ajudante do comandante da brigada.
A brigada Hittin lutou diversas batalhas na região de Nazaré. Foi próximo da vila árabe de al-Shajara, no distrito de Tiberíades, que Abd al-Rahim Mahmoud foi martirizado.
O Poeta Mártir foi abatido em 13 de julho de 1948 por uma granada, enquanto sua brigada atacava o assentamento de ocupação sionista al-Shajara. O mártir foi sepultado em Nazaré, tendo como local de descanso final o principal palco de sua luta.
O cavaleiro-poeta
O romancista Jabra Ibrahim Jabra descreveu assim o poeta e combatente: “Abd al-Rahim Mahmoud é o primeiro cavaleiro-poeta em nossa poesia moderna, que seguiu suas palavras com ação.”
Já o poeta Fadwa Tuqan afirmou: “A voz em sua poesia é a voz do povo da Palestina.”
O também poeta Abd al-Karim al-Karmi (Abu Salma) escreveu: “Abd al-Rahim era o filho mais fiel da mãe mais sagrada. Ele carregava suas feridas em seu coração… suas manhãs brilhavam em seus versos e suas canções assumiam as cores dos prados.”
Homenagem e reconhecimento
Em 14 de setembro de 1956, houve uma reunião memorial, realizada em Amã em homengem ao poeta. Um comitê foi constituído, este em 1958, efetivou o trabalho de pública uma coleção de sua poesia em Amã.
Em 1988, o poeta Izz al-Din al-Manasra, teve o trabalho de editar e publicar as obras completas (poesia e artigos) de Mahmoud. Finalmente, em 1990, Mahmoud foi agraciado pela OLP com a Medalha de Jerusalém para Cultura, Artes e Literatura, ainda houve ruas nomeadas em sua homenagem nos municípios de Nablus e Anabta.