Um dos principais órgãos de propaganda do imperialismo, o semanário britânico The Economist publicou um artigo traduzido pelo jornal brasileiro (e também imperialista) Estado de S. Paulo com o título A presidência imperial de Donald Trump, destacando principalmente que a ascensão da extrema direita norte-americana encerra o papel dos EUA como “superpotência benigna”. Pausa para rir. Na defesa despudorada da ditadura dos monopólios, o artigo de The Economist diz que o atual governo combina “o Projeto 1897 combina-se com o Projeto 2025”, em alusão ao expansionismo territorial do presidente William McKinley, o que seria, segundo o semanário inglês, “imperialismo”.
Tratar os governos que antecederam Trump como benignos é o que se convencionou chamar de “puro suco do cinismo”. Na conta do “imperialismo benigno” estão horrores como a Guerra do Vietnã, as ditaduras militares abertamente fascistas na América Latina, o cerco genocida contra a pequena (mas valente) ilha de Cuba, o esquartejamento da Iugoslávia, as duas guerras genocidas contra o Iraque (Bush pai e Bush filho), a cruenta Guerra do Afeganistão e, mais recentemente, os 15 meses de um dos maiores horrores já vistos pela humanidade: a guerra entre a Resistência Palestina, notadamente o Hamas, e “Israel”, onde 2 milhões de palestinos foram duramente castigados por bombardeios e um cerco total, que levou à morte pelo menos 47 mil palestinos, mas estimativas indicam que o total de mortos pode chegar a chocantes 300 mil.
É uma loucura e um cinismo chamar benignos governos tão monstruosos quanto Bill Clinton, os dois Bushs, Barack “Obomba” e o governo de Joe “Genocida” Biden. Acima de tudo, porém, é um sinal de quão acertada estava a previsão de que a ascensão de Trump à Casa Branca (sede do governo norte-americano) aprofundava as contradições e a crise do imperialismo.
Não se pode dizer que o presidente norte-americano seja um revolucionário ou algo do gênero; mas, como ensinou a Revolução Russa, a aproximação da crise de morte de um sistema decadente leva a uma desagregação no campo da classe dominante tão severa, que coloca seus elementos em um choque interno, o que facilita o trabalho das forças revolucionárias. Isso aconteceu com os nobres russos insatisfeitos com o czar e está acontecendo na burguesia norte-americana.
Preocupados com a estabilidade de um regime organizado para beneficiá-los, os monopólios mobilizam sua artilharia de propaganda contra Trump, valendo-se de qualquer tipo de desculpa para disciplinar não apenas o bilionário, mas a extrema direita, expressão política da rebeldia dos setores da burguesia atingidos pela política imperialista.
Desprovidos de senso crítico, setores da esquerda fazem coro com a propaganda política do setor mais poderoso da burguesia mundial, prestando-se ao papel de gado do imperialismo. Trump é um direitista? Sem dúvida. Seu governo pode evoluir para uma ditadura fascista? Pode. Daí a dizer, porém, que a “superpotência benigna” foi encerrada devido à sua política atual, é se afastar completamente da verdade.
Trump é a expressão da crise de características terminais da ditadura de uma superpotência que jamais teve algo de “benigna”. A tarefa que o líder da extrema direita dos EUA da esquerda é esta colocar a cabeça no lugar em primeiro lugar e usar isso para aprofundar a crise da dominação imperialista, saindo da defensiva em que foi posta e reivindicando direitos perdidos, e novos.
Os trabalhadores não ganham nada com essa política derrotista de submissão ao imperialismo a título da defesa de uma democracia que jamais existiu, a não ser na demagogia da direita. Ganharia muito, porém, se a esquerda parasse de defender a direita e passasse a defender os interesses da classe operária.
Editorial
A ‘presidência imperial’ e a crise na ditadura imperialista
Trump é um direitista? Sem dúvida. Daí a dizer, porém que a era dos EUA como "superpotência begnina" foi encerrada devido ao republicano é um cinismo e uma defesa do imperialismo
- Donald Trump e Joe Biden. Iguais em muitos sentidos, porém o primeiro expressa a crise da ditadura mundial, diferente do segundo, que representa a estabilidade do imperialismo
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