Neste sábado (8), o presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, mais uma vez realizou sua tradicional Análise Política da Semana na Causa Operária TV. Além de uma detalhada exposição sobre a luta da mulher, que foi tratada em outro artigo desta edição do Diário Causa Operária, Pimenta também tratou da crise na guerra da Ucrânia, a perseguição ao ex-presidente Bolsonaro, bem como diversos outros temas. O programa está salvo no canal da COTV e pode ser assistido gratuitamente.
Após explicar a relação entre o marxismo e a luta da mulher trabalhadora, Rui conclui: “é ridículo alguém falar que defende a mulher e apoiar o Biden. Isso já havia aparecido quando os norte-americanos se retiraram, após uma derrota catastrófica no Afeganistão. A esquerda não quis dizer que aquilo era uma vitória enorme dos povos do mundo. Por quê? ‘Porque o Talibã oprime as mulheres’. Então o imperialismo não oprime as mulheres? Isso é ridículo. O problema da mulher é visto em separado da vida real”.
Sobre a guerra da Ucrânia, Pimenta tratou mais uma vez de um fato que grande parte da esquerda não consegue compreender, que a Rússia é a vítima. E explicou: “a Rússia é uma potência militar em termos estritamente regionais. Ela não domina militarmente nenhum lugar do mundo que esteja fora do âmbito da antiga URSS. É uma potência militar com valor defensivo. Se os russos tiverem que se defender do imperialismo, podem conseguir se defender relativamente bem. Mas não são uma potência militar ofensiva. Ou seja, a guerra da Ucrânia é uma guerra de agressão da OTAN contra a Rússia.
No caso das Malvinas, por exemplo. A Argentina invadiu as ilhas Malvinas, mas quem era o agressor era a Inglaterra. A guerra era equivalente ao Arnold Schwarzenegger agredindo um bebê, que seriam os argentinos. Os britânicos mandaram um porta-aviões e algumas outras embarcações. A televisão fazia uma grande propaganda dos britânicos. Eles atingiram um encouraçado argentino e mataram 600 marinheiros. Depois da guerra isso foi considerado crime de guerra. Por quê? Porque os argentinos não tinham a mínima condição de resistir.
Isso de ‘quem começou a briga’ não é um critério relevante. Por exemplo, se a Venezuela invadir a Guiana não é uma agressão, é um direito da Venezuela. Isso porque a separação da Guiana foi uma intervenção dos ingleses contra a Venezuela. E o Brasil se prepara para ficar contra a Venezuela, o que será um desastre político para o governo do PT”.
O fenômeno Trump não é o “neofascismo”
Uma das principais questões foi a explicação sobre o trumpismo e como isso se relaciona diretamente com a política brasileira. Rui destacou:
“O esquema ‘democracia versus fascismo’ leva a uma completa assimilação da esquerda pelo imperialismo. E isso levará a uma liquidação total da esquerda. Não adianta falar em defesa da democracia porque se colocar isso no sentido abstrato não há valor nenhum. Se colocar na prática isso é a defesa do Macron, do Starmer, da Ursula von der Leyen.
Além disso, com essa tese é preciso ficar contra Putin. Contra China, contra o Irã. Todos os países que têm atrito com o imperialismo se tornam países malignos. Isso é adotar a política do imperialismo. A ‘democracia’ no fim é o imperialismo. Eles também são defensores da censura, apoiam golpes de Estado, fraude eleitoral, não há nem mesmo democracia real”.
Isso se liga à política brasileira. Um assunto de grande confusão na esquerda nacional é o processo contra Bolsonaro. O presidente do PCO fez questão de fazer uma explicação de classe do fenômeno. E, além disso, explicou o golpe que o STF prepara para as eleições:
“A perseguição a Bolsonaro não tem nada de luta contra o fascismo, é sobre manipulação eleitoral. É um setor politicamente muito poderoso e eleitoralmente muito fraco. É a chamada 3ª via. E quem são eles? É o grande capital brasileiro, os maiores capitalistas, todos eles associados ao capital estrangeiro imperialista. É a Rede Globo, o Banco Itaú, o Bradesco, os banqueiros em geral, o setor mais poderoso da burguesia. Eles não têm comparação com os burgueses bolsonaristas, como o dono do Coco Bambu.
Esse setor controla o Brasil desde antes do golpe de 1964. Esse setor foi quem mandou no golpe, os militares foram a arma que eles usaram para dar o golpe. Os militares foram apenas os torturadores e assassinos do grande capital. A Rede Globo se transformou num monopólio avassalador. Os bancos cresceram de uma maneira gigantesca. Os industriais nacionais e estrangeiros ganharam muito dinheiro. Com a crise de 1974 eles decidiram mudar a política para o ‘regime democrático’. E o mesmo setor continuou governando o Brasil.
Alexandre de Moraes e o STF não estão contra Bolsonaro porque ele é fascista. Para eles isso não tem relevância nenhuma. Eles querem tirar uma pessoa popular da eleição para ter o controle total do regime político, como eles tinham antes. E a esquerda caiu no conto do vigário do ‘antifascismo’. Tem gente que vai nos acusar de conspiração. Mas a revista Veja falou com todas as letras que é isso mesmo.
O plano é o seguinte: a popularidade do Lula está caindo. Bolsonaro vai preso. E assim a chamada 3ª via, o grande capital, toma conta novamente. E isso vai ser bom? Não. Se isso acontecer, o Brasil estará no caminho da Argentina. O Milei não é o Trump e nem o Bolsonaro. Ele foi o candidato dos banqueiros internacionais. The Economist, Financial Times adoram o Milei. Mas eles não adoram o Bolsonaro e o Trump. Não importa o que eles falam, é preciso ver o que realmente são os interesses de classe em ação. No caso do Milei é o grande capital, argentino e estrangeiro e até brasileiro. Folha de São Paulo, por exemplo, apoia o Macri que apoia Milei”.
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