No próximo dia 25 de janeiro, o Partido da Causa Operária (PCO) dará início à 52ª edição da Universidade de Férias, o maior evento de formação marxista do Brasil. Em 2025, o curso terá como tema “A crise do imperialismo: elementos fundamentais da crise mundial”. As aulas serão conduzidas por Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO e profundo conhecedor da análise política internacional, que abordará tópicos essenciais, como o crescimento do bloco anti-imperialista e a intensificação das ações militares da OTAN.
O evento combina teoria e prática revolucionária, oferecendo aulas, debates e atividades culturais realizadas de forma colaborativa. Com o acontecimento histórico do último dia 15, o cessar-fogo assinado entre “Israel” e a Resistência Palestina, a compreensão dos fenômenos políticos ganhará uma relevância ainda maior. Por isso mesmo, um dos pontos centrais é a análise da história desse conflito, que se acirrou com a Primeira Intifada, palavra árabe que significa “revolta”, usada para mobilizações revolucionárias.
Iniciada em dezembro de 1987, a Primeira Intifada marcou uma transformação profunda na Resistência Palestina contra a invasão israelense. Conhecida como a “Revolta das Pedras” devido à forma extremamente rudimentar, a Intifada foi um levante popular de jovens desarmados enfrentando as forças israelenses, que utilizavam armamentos pesados para reprimir manifestações e greves.
O estopim foi a colisão fatal de um jipe militar israelense contra veículos palestinos no campo de refugiados de Jabalia, onde quatro palestinos morreram. Esse evento impulsionou uma onda de protestos que rapidamente se espalhou pelos territórios ocupados.
Diferentemente dos confrontos anteriores, liderados por exércitos de países árabes, a Primeira Intifada expôs a fragilidade de “Israel” ao enfrentar uma insurgência massiva, espontânea e popular. Jovens com pedras, greves gerais e uma mobilização em larga escala desafiavam o aparato militar sionista. A repressão, comandada pelo então ministro da Defesa Yitzhak Rabin, resultou em milhares de mortes, feridos e prisões de civis palestinos, evidenciando o caráter brutal da ocupação.
Nessa conjuntura, duas dinâmicas contrastantes emergiram na Resistência Palestina. Por um lado, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), liderada por Yasser Arafat, adotou uma política derrotista de negociação com “Israel”, culminando nos Acordos de Oslo em 1993, uma traição da luta pela libertação da Palestina. A OLP assumiu o papel de “Autoridade Palestina”, na prática, uma polícia árabe subordinada ao controle israelense.
Por outro lado, o período viu o surgimento do Hamas, fundado por Ahmed Yassin em 1987, como uma resposta mais radical à ocupação. Rejeitando Oslo, o Hamas organizou ações armadas e formou as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, em 1991, tornando-se uma das principais forças da Resistência Palestina. Essa cisão no movimento palestino refletiu as divergências estratégicas entre aqueles que buscavam um compromisso com “Israel” e os que defendiam a luta armada como único caminho para a libertação.
A Primeira Intifada terminou oficialmente com os Acordos de Oslo, em 1993, mas seu impacto permaneceu. Embora Oslo tenha prometido a criação de um Estado palestino em cinco anos, o que naturalmente não se concretizou. Ao contrário, as negociações reforçaram a desconfiança entre os palestinos e abriram caminho para a crescente influência do Hamas, que passou a liderar setores mais radicalizados da resistência.
Além disso, as condições impostas por “Israel” após Oslo revelaram-se insustentáveis. Sem controle sobre comércio, impostos, recursos naturais ou mesmo sobre a presença das forças sionistas, a Autoridade Palestina se tornou uma força repressiva, dedicada a manter o povo palestino submetido à ditadura sionista.
Enquanto isso, nos assentamentos israelenses e a repressão continuaram. Essa situação levou à eclosão da Segunda Intifada em 2000, desta vez marcada por maior organização militar e uso de foguetes, refletindo a evolução da Resistência Palestina.
Se a Intifada de 1987 marcou o surgimento de uma liderança nova e mais radicalizada na Resistência, a Intifada de 2000 consolidou o Hamas como a principal força revolucionária palestina. Além disso, estabeleceu a atual configuração de forças, com a Faixa de Gaza mais livre da opressão sionista em relação à Cisjordânia, porém pagando um preço por ser o principal centro da luta contra a invasão sionista.
Em 7 de outubro de 2023, a mais importante de todas as ações revolucionárias empreendida pela Resistência teve um enorme sucesso, desencadeando 15 meses de uma luta encarniçada contra “Israel”. Após uma das campanhas genocidas mais cruentas já vistas pela humanidade, o imperialismo reconheceu a derrota para os palestinos e aceitou um cessar-fogo responsável por libertar mil palestinos presos, na maior vitória já conquistada pelo movimento revolucionário palestino desde o começo da invasão sionista.
Essa história e muitas outras serão melhor analisadas na 52ª Universidade de Férias, que já está com as inscrições abertas. Para participar, basta entrar no sítio da plataforma, mas é importante que os interessados em saber mais sobre esse momento histórico que a humanidade atravessa inscrevam-se e participem.