Em nome do nosso coletivo Rosa Luxemburgo, que homenageia essa revolucionária que levou adiante a luta da classe operária e das mulheres trabalhadoras até o último instante de sua vida, e também em nome do Partido da Causa Operária, realizamos um 8 de Março independente justamente para marcar nossa posição contra o identitarismo.
Essa política, promovida dentro da esquerda, é pró-imperialista e financiada, procurando opor a luta dos trabalhadores. No entanto, para que essa luta seja vitoriosa, ela precisa ser unificada: mulheres, homens, negros, brancos, de qualquer cor, de qualquer gênero. A nossa luta tem que ser uma luta de classe, e não pautada por questões secundárias.
Percebemos que esse movimento tem introduzido até a discussão sobre o que é mulher, quem pode e quem não pode falar pelas mulheres. Isso não importa. O que importa é que devemos lutar de maneira unificada pelos direitos essenciais das mulheres, como a questão do trabalho, o cuidado com as crianças e, para aquelas que não puderem ou decidirem não ter filhos, a garantia da realização do aborto na rede pública, de forma acessível. Além disso, há várias outras questões de saúde que afetam principalmente as mulheres trabalhadoras e que têm sido ignoradas. Ninguém mais fala sobre o direito à maternidade, por exemplo, que reivindicamos que seja de pelo menos um ano — e, hoje, é bem menos do que isso.
Diante dessa política identitária, que desvia o foco das questões essenciais dos trabalhadores, pode chegar o momento em que uma mulher terá um filho e, na semana seguinte, precisará voltar ao trabalho sem creche disponível, sem apoio familiar, sem nenhuma assistência, porque as discussões estão centradas em pautas totalmente secundárias.
Defendemos, inclusive, que os homens participem desse movimento, estejam presentes e lutem junto com as mulheres. Afinal, eles representam metade da humanidade e precisam estar cientes dos desafios enfrentados pelas mulheres. O trabalho doméstico, hoje, ainda recai quase que exclusivamente sobre elas, que precisam trabalhar tanto em casa quanto fora, pois, se não trabalharem fora, as crianças não comem. A situação econômica é muito difícil, e não há garantias adequadas para os cuidados infantis e a alimentação das crianças.
Nossa posição é a unificação da luta em torno do que realmente importa para as mulheres trabalhadoras. Os problemas das mulheres não serão resolvidos com a preocupação de garantir uma mulher no STF ou como grande empresária de uma multinacional. Isso não é problema nosso, pois, no fim das contas, essas mulheres da burguesia também exploram as trabalhadoras e atuam em defesa de sua própria classe, não das mulheres operárias. Portanto, não significa que, apenas por ser uma mulher, alguém no governo ou em uma empresa necessariamente defenderá as trabalhadoras.
As mulheres trabalhadoras precisam ter consciência de que sua luta é de classe — não contra os homens, não contra outros gêneros, não contra outras raças, mas contra a burguesia. É isso que o nosso coletivo e o nosso Partido defendem: uma luta contra a burguesia e, de fato, pelos direitos das mulheres trabalhadoras.