América Latina

A instabilidade econômica e política na Argentina

Até o momento, o governo mantinha a elevação das taxas de juros de referência para tentar controlar a alta do dólar, mas a estratégia se mostrou insuficiente

A escalada do dólar frente ao peso ocorre em um momento em que a Justiça argentina investiga um caso de corrupção envolvendo propinas nas compras de medicamentos. A investigação afeta a irmã do presidente Javier Milei, Karina Milei, a dita poderosa secretária-geral da república, e também a Agência Nacional de Deficiência. Diante dessa situação, o Tesouro da Argentina anunciou nesta terça-feira (2) que irá intervir no mercado de câmbio, uma manobra econômica que rompe com a proposta neoliberal apresentada durante a campanha eleitoral. A decisão foi tomada depois que a cotação do dólar se aproximou do teto de flutuação cambial, fixado pelo governo argentino.

As oscilações na cotação do dólar são um tema crítico para os argentinos, que tradicionalmente buscam proteger suas economias com a compra de moeda estrangeira. Para o governo, a desvalorização do peso, a moeda nacional, pode impactar a inflação. Para controlar a situação financeira, o governo de Javier Milei tem praticado um ajuste fiscal para diminuir a inflação desde que assumiu a presidência em dezembro de 2023. Os dados do governo sinalizam que a inflação em julho caiu para 17,3% no acumulado do ano, contra 87% no mesmo período do ano anterior.

As bolsas de valores têm sido afetadas por esse cenário de denúncias de corrupção e inflação. A crise impacta a imagem pública do presidente e afeta as expectativas para as próximas eleições. Um exemplo recente foi o apedrejamento da carreata de Javier Milei nesta quinta-feira (27), quando ele foi atacado com pedras e garrafas por manifestantes na cidade de Lomas de Zamora, ao sul da Grande Buenos Aires.

O cenário de conflito impulsionou a busca por dólares, com a moeda nacional inflacionada e desvalorizada. Isso fez com que a cotação se aproximasse do teto de 1.467 pesos por dólar, limite em que o Banco Central pode intervir no mercado para controlar o fluxo cambial.

Até o momento, o governo mantinha a elevação das taxas de juros de referência para tentar controlar a alta do dólar, mas a estratégia se mostrou insuficiente. Este problema econômico resultou em um dia de baixo volume de negócios na última segunda-feira, apesar do feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos.

Nas últimas semanas, a administração argentina ofereceu juros altos para negociar títulos da dívida pública, em uma política para conter a alta do dólar. No entanto, essa mudança nas reservas dos bancos desagradou os especuladores, antes alinhados com o governo argentino. Agora, os bancos precisam cumprir requisitos mínimos de liquidez, mantendo uma quantidade mínima de recursos em caixa diariamente, em vez de mensalmente, para impedir um colapso bancário. Os banqueiros afirmam que as exigências são ineficientes e onerosas. Essa situação tem afetado a credibilidade do sistema financeiro argentino, com a queda da confiança, mesmo após 18 meses da presidência de Javier Milei. O setor financeiro entende essa medida como um desagravo às políticas do governo.

A cotação, que se aproximou de 1.400 pesos por dólar, registrou 1.375 pesos por dólar nesta terça-feira após o anúncio de intervenção, uma queda de 1%. O secretário de finanças, Pablo Quirno, afirmou em sua conta na rede social X que o Tesouro participará do mercado financeiro de câmbio para auxiliar na “liquidez e no funcionamento normal” do mercado. Os títulos do governo estavam sendo negociados a 62 centavos, o patamar mais baixo em cinco meses, desde abril, de acordo com dados da agência Bloomberg. Apesar dos esforços do governo, a pressão sobre o peso continuou e o dólar segue subindo, em meio à crise política em que o governo de Javier Milei está envolvido.

As atenções políticas estão voltadas para as eleições da província de Buenos Aires, que concentra cerca de 40% da população argentina. Esta eleição é considerada uma prévia das eleições legislativas de outubro, que podem renovar boa parte do Congresso. De acordo com analistas de economia do Morgan Stanley, as eleições regionais se tornaram “um obstáculo de curto prazo para a economia, reformas e mercado”. Apesar dos problemas, o país segue com ativos financeiros positivos após as reformas econômicas realizadas pela equipe de Javier Milei.

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