Na quarta-feira (29), foi realizada a terceira aula do curso da 52ª Universidade de Férias do Partido da Causa Operária (PCO), A crise do imperialismo: elementos fundamentais da crise mundial. Rui Costa Pimenta, o presidente do PCO, ministrou a aula que tocou em diversos assuntos, desde a recuperação capitalista no pós-guerra, passando pelo retorno da crise com seu ápice em 1974. Além disso, Pimenta tratou das grandes lutas políticas e revoluções que surgiram dessa decadência total do capitalismo imperialista.
Pimenta começou falando sobre a recuperação da economia capitalista a partir de 1948. O capitalismo havia passado por sua maior crise desde 1929 até o fim da Segunda Guerra Mundial. Isso levou a uma etapa de revoluções na Europa. Após a estabilização da situação, em 1948, o capitalismo pôde se reorganizar e se recuperar um pouco. Foi nesse momento que se criou o sistema de bem-estar social na Europa. A restauração, no entanto, foi artificial, se baseou muito na indústria de armas, uma anti-indústria, e também no crédito.
Rui Pimenta, então, destacou que essa recuperação acabou em 1958 e, assim, o capitalismo começou a decair até grandes desagregações aparecerem. Uma das principais foi o fim do acordo de Bretton Woods, o padrão ouro estabelecido pelos EUA. Aqui, o imperialismo norte-americano já demonstrava que não conseguia mais controlar a economia mundial. A situação piorou totalmente em 1974, com a grande crise capitalista. Foi a primeira vez, desde 1929, que todos os países imperialistas entraram em crise ao mesmo tempo.
A consequência disso foram as revoluções. Começando já em 1974 com Portugal, o mundo passou por uma onda revolucionária gigantesca. Em 1979, as revoluções já haviam chegado ao Irã e à Nicarágua. No Brasil, a situação era pré-revolucionária, na Polônia, a revolução também teve seu ápice em 1980. Essa onda se espalhou pelo mundo inteiro e, mais uma vez, o imperialismo precisava estabilizar a situação para tentar se reorganizar.
Com a crise de 1974, o capitalismo era incapaz de manter os gastos do Estado, as dívidas eram gigantescas e, assim, era necessário estabelecer um novo regime econômico, o neoliberalismo. A essência do neoliberalismo é a destruição das forças produtivas, sendo este sistema econômico o mais devastador da história. Países como Rússia, Polônia e Argentina tiveram quase que sua economia inteira destruída. No Brasil, o baque também foi gigantesco, com uma retração industrial enorme.
A crise de superprodução do capitalismo, inerente ao sistema, foi elevada à última potência após 1974. O imperialismo precisava destruir as forças produtivas para manter a economia girando. Isso criou um verdadeiro exército de desempregados no mundo inteiro. Hoje, são bilhões de pessoas que não trabalham de fato na economia. Esse exército de desempregados paralisa o movimento operário, que não consegue lutar contra os capitalistas, que conseguem transferir indústrias inteiras para outros países. Com base nessa explicação econômica, Pimenta, então, começou a explicar a história do ponto de vista da política.
Revolução e contra-revolução na Europa
Antes de chegar na crise de 1974, Rui começou explicando a situação política da Europa após a Segunda Guerra Mundial. A guerra, como de costume, gerou um enorme movimento revolucionário. Os principais países do imperialismo, Alemanha, França e Itália, bem como o leste europeu e os Bálcãs, passaram por situações revolucionárias. O grande agente da contra-revolução foi o líder da URSS, José Stálin, que dirigia os partidos comunistas da Europa.
Stálin ordenou que as guerrilhas revolucionárias da França e da Itália – e até mesmo da Alemanha – se subordinassem à burguesia e se desarmassem. Foi o maior desastre da história do movimento operário. O capitalismo estava prestes a ser aniquilado, mas foi salvo por Stálin, que pode ser considerado como o salvador do capitalismo.
Para concluir, o presidente do PCO comentou sobre o papel do imperialismo dito “democrático”. Foi esse imperialismo o responsável por exportar o nazismo para a esmagadora maioria dos países do mundo. As ditaduras militares na América Latina, no Irã, na África, na Ásia e na própria Europa foram todas obras dos “democratas”. Onde os golpes de Estado não eram violentos o suficiente, o imperialismo organizava um novo golpe. No Brasil, eles aconteceram em 1945, 1954 e em 1964 novamente.
Pimenta deixou um gancho então para a próxima aula, seguindo o desenvolvimento político das crises do imperialismo. As revoluções serão grandes destaques, principalmente as de Portugal, do Irã e da Polônia.