Editorial

A esquerda que não vê a revolução é contrarrevolucionária

Se uma organização de esquerda chorasse invés de comemorar em outubro de 1917 ela seria uma organização contra-revolucionária, é isso que acontece em 2025

A vitória do Hamas na Faixa de Gaza com o cessar-fogo foi uma das maiores vitórias dos povos oprimidos em toda a sua história. A derrota do imperialismo é tão gigantesca que é difícil até de se fazer analogias. Um povo de dentro de um campo concentração conseguiu lutar por 15 meses contra o cerco mais violento da história mundial, contra todo o bloco imperialista unificado, e venceu. São verdadeiros heróis de uma epopeia moderna, os maiores revolucionários do século. Mas há setores na esquerda choram ao invés de comemorar.

Quase todas as organizações da esquerda nacional consideraram o cessar-fogo não como uma vitória da revolução, mas sim como uma pequena vitória entre um sofrimento eterno do povo palestino. Parece que não são revolucionários, mas cristãos que esperam pelo messias para salvar a humanidade de seu sofrimento eterno. O povo de Gaza saiu de armas nas mãos e em festa para comemorar, a esquerda brasileira continuou chorando.

As palavras ditas por um líder das Brigadas al-Qassam no meio do genocídio seguem valendo para essa pretensa esquerda. “Não chorem por nós, pois nós estamos vivos e lutando. E vocês estão mortos por dentro”. Eles lutaram e eles venceram. A vitória do Hamas é uma vitória de todos os trabalhadores do mundo, e se os trabalhadores venceram a esquerda venceu. A ausência de comemoração revela muito sobre essa esquerda.

Imagine que em 1975, quando os EUA bateram em retirada de forma humilhante do Vietnã, na queda de Saigon, um partido de esquerda não comemorasse. Que falasse que um milhão de pessoas morreu, que o Vietnã está em ruínas, que agora os EUA vão impor um bloqueio econômico ao país, que os trabalhadores vão sofrer muito, e mais outros comentários negativos. Esse partido poderia ser considerado revolucionário? Evidente que não, ele é uma força auxiliar do imperialismo. O papel que ele cumpre é levantar a bola do imperialismo em um momento de humilhação.

É isso que está fazendo a esquerda pequeno-burguesa. Levanta a bola do Estado de “Israel”. No momento de maior vitória histórica da Revolução Palestina, eles nem mesmo enxergam a revolução. Só veem o sofrimento do povo. Esses são os mesmos que se negaram a defender o Hamas, a Resistência Palestina. Se tornaram uma força auxiliar do sionismo, contra revolucionários. Finalmente, quem é incapaz de ver uma revolução é incapaz de apoiá-la e assim se coloca no campo oposto, o da contrarrevolução.

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