Os últimos dias foram marcados por um avanço da direita golpista tradicional — que costuma se disfarçar de “centro” ou até mesmo de centro-esquerda — em seus ataques contra o governo e na tentativa de armar uma frente que ressuscite a “terceira via”.
Explicitamente, essa direita pró-imperialista age para bloquear as tímidas e limitadas iniciativas do governo Lula, totalmente covardes diante da necessidade de enfrentar os bancos (como na questão dos juros e da dívida pública), os monopólios estrangeiros e os sabotadores do País que atuam, inclusive, de dentro do próprio governo (como no caso do bloqueio da exploração do petróleo da Margem Equatorial etc.) e cada vez mais neoliberais, como no caso das medidas de Haddad, Tebet, Galípolo etc. contra a imensa maioria do povo trabalhador — e nunca contra os bancos, os privatizadores, o latifúndio.
Apoiados nas medidas impopulares lideradas pelo “coveiro do governo Lula”, Fernando Haddad — como a redução do aumento do salário mínimo, o “congelamento” do Bolsa Família, os cortes nos gastos públicos, o aumento de impostos etc. — essa direita aumenta o cerco, as chantagens e a campanha contra o governo, com o uso de sua venal imprensa burguesa e de suas “pesquisas” que apontam uma rejeição cada vez maior ao governo Lula.
Neste cenário, a “saída” apontada pela maioria da esquerda é avançar ainda mais pelo caminho dos retrocessos e das derrotas do último período: intensificar a conciliação e a capitulação diante da burguesia em todos os terrenos.
Um claro exemplo disso é o posicionamento eleitoral do PT (e dos seus aliados), que aponta para o aprofundamento da fracassada “frente ampla” com a direita, em nome de uma “luta” contra a extrema direita que, de fato, não vai além de uma aliança com os chefes do golpe de Estado que realmente existiu, que levou à derrubada da presidenta Dilma, à prisão de Lula e aos maiores retrocessos nas condições de vida do povo brasileiro das últimas décadas (reformas trabalhista e da Previdência, expropriação salarial etc.).
Sob a cobertura de que é preciso combater o “bolsonarismo” — e não mais o capitalismo, o imperialismo, a burguesia, a direita etc. — essa esquerda está preparando o apoio aos maiores carrascos do povo brasileiro: os pais e maiores executores da política neoliberal, do golpe de Estado, das privatizações etc. Seguem a política internacional da esquerda que se junta ao imperialismo a pretexto de combater a extrema direita — com o que não combatem a extrema direita, mas apoiam a política reacionária dos grandes capitalistas e de suas máfias políticas. No cenário internacional, a esquerda se aliou aos genocidas Biden e Kamal, Macron e outros políticos da direita, e até apoiou o capacho Zelenski, quase sempre em nome da suposta “luta” contra a extrema direita e o fascismo. Uma “luta” que, na realidade, não existe.
Aqui, preparam-se, entre outros, para apoiar em São Paulo o “socialista” Geraldo Alckmin — ex-presidente do PSDB e político tucano que governou o estado por 14 anos destruindo a Saúde, a Educação e tudo mais que fosse público, reprimindo brutalmente os trabalhadores e a juventude; no Rio de Janeiro, o direitista e privatizador Eduardo Paes, do PSD de Kassab — que é secretário do governo Tarcísio de Freitas — e assim por diante.
Prepara-se uma ampla entrega, que cria, inclusive, as condições para que a burguesia arme o golpe que pode levar o PT a apoiar — até mesmo nas eleições presidenciais de 2026 — um candidato neoliberal, pró-imperialista, da direita, contra o candidato “do fascismo”.
A militância classista, os trabalhadores e a juventude precisam discutir esse fracasso político da esquerda, que pode terminar totalmente a reboque da burguesia golpista, inimiga mortal das reivindicações dos trabalhadores.




