O artigo Condenado, de Augusto Taglioni, publicado no Brasil 247, celebra a prisão de Jair Bolsonaro como um “marco na democracia brasileira”. Segundo o autor, “hoje, temos um Supremo Tribunal Federal fortalecido, Forças Armadas em silêncio, envergonhadas e sem papel político, e Lula crescendo nas pesquisas”.
Ora, isso não é vitória alguma da democracia, mas sim a consolidação de um regime de exceção. Quando o 247 fala em “STF fortalecido”, o que realmente está exaltando é o fortalecimento da ditadura do Judiciário, uma Corte de 11 ministros não eleitos que se colocam acima de todo o regime político, censuram, perseguem e agora prendem ex-presidentes. Aplaudir essa concentração de poder é aplaudir o mesmo mecanismo que já prendeu Lula em 2018 e que poderá voltar-se contra qualquer liderança popular ou movimento operário que desafie a ordem estabelecida.
Taglioni afirma que as Forças Armadas estão “em silêncio, envergonhadas e sem papel político”. Pura ilusão. O que se enfraqueceu foi apenas o bolsonarismo dentro dos quartéis. O comando militar segue tão ativo quanto sempre esteve — e, mais grave, segue atrelado ao imperialismo. Foram as próprias Forças Armadas que sustentaram o golpe de 2016, que garantiram a fraude contra Lula, e agora dão sustentação ao STF e sua ofensiva autoritária.
Quando o artigo diz que “os militares decidiram, planejaram e evitaram que o governo Bolsonaro colapsasse no auge da pandemia”, ele próprio reconhece o papel central da caserna no regime. Agora, ao apoiar a condenação, os generais limpam a barra e posam de democratas, enquanto seguem no comando dos bastidores.
Taglioni comemora: “a condenação é a resposta categórica de um sistema que decidiu cortar o mal pela raiz”. Mas quem é esse “sistema”? É o mesmo que jogou milhões no desemprego, impôs o teto de gastos, entregou o pré-sal e mantém o país submetido à ditadura do capital financeiro. O verdadeiro “mal” que está sendo cortado é qualquer possibilidade de mobilização independente das massas, sufocadas pelo regime de censura, perseguição e repressão.




