Ao comentar a maior chacina policial da história do Brasil, o PSOL faz o que sabe fazer de melhor: grita palavras de ordem inofensivas, bate no governador de plantão, mas silencia sobre o principal agente do massacre — a Polícia Militar.
A nota divulgada pelo PSOL-RJ, através do portal Esquerda Online, sobre a chacina no Rio de Janeiro que já vitimou mais de 130 pessoas, é um documento revelador da completa falência política da esquerda pequeno-burguesa que finge combater o Estado, mas se recusa a tocar em seus pilares fundamentais.
Com o título Basta da política de morte de Castro, o PSOL faz o que a esquerda institucionalizada costuma fazer em tempos de crise: escolhe um bode expiatório individual, neste caso o governador Cláudio Castro, para esconder o verdadeiro problema.
Desde o início do texto, o PSOL aponta corretamente a barbárie que se instaurou:
“O Rio vive mais uma tragédia anunciada. Já são mais de 60 mortos […] nas operações que atingem o Complexo da Penha, do Alemão, o Borel e regiões da Tijuca. É a face brutal de uma política de segurança que só conhece o caminho da morte.”
Mas logo a nota entra numa série de reclamações morais e críticas personalizadas ao governador Cláudio Castro, que servem apenas como preparação para a campanha eleitoral de 2026:
“Cláudio Castro se revela incapaz de proteger a população, entregando o Estado à política da morte […] no governo mais letal na história do RJ.”
Castro é, de fato, um criminoso. Mas não há novidade nisso. O que o PSOL se recusa a reconhecer é que o massacre não é um excesso, não é um erro, não é uma falha de gestão. É a função estrutural da Polícia Militar, dentro de um Estado que existe para garantir os interesses da burguesia.
Onde está a palavra de ordem que realmente importa?
Apesar do título “basta da política de morte”, o texto do PSOL não exige o fim da PM, não exige o desmantelamento das forças repressivas, não chama pela autodefesa da população das favelas. Em vez disso, propõe:
“O PSOL exige o fim imediato das operações letais e a construção de uma política de segurança baseada em direitos, inteligência e investimento social.”
Como se a repressão fosse resultado de uma gestão mal planejada, e não um componente essencial do Estado capitalista. Como se bastasse dar uma “educada” na PM, promover um seminário de direitos humanos e investir um pouco mais em escolas — e pronto, tudo se resolve. E qual a receita para o PSOL na Bahia, onde o governador é do PT, mas a polícia comete uma chacina após a outra?
O PSOL diz:
“A guerra às drogas fracassou. O que há é uma guerra contra o povo pobre, que também enfrenta a interrupção de serviços essenciais.”
Sim, é uma guerra contra o povo pobre. Mas que tipo de guerra pode ser vencida sem combate real ao aparelho repressivo? O PSOL evita essas palavras. Sua “mobilização” é abstrata:
“Chamamos os movimentos sociais, partidos de esquerda, sindicatos, organizações de direitos humanos e entidades a construir uma ampla mobilização pelo fim da política de extermínio […]”
Mobilização para quê? Para ir à Alerj pedir uma nova política de segurança? Para escrever mais moções de repúdio? Se o partido não coloca no centro do programa a luta pelo fim da Polícia Militar, a organização dos comitês de autodefesa dos moradores, e a necessidade de destruir o aparelho repressivo do Estado burguês — então essa “mobilização” é só um teatro eleitoral.





