Editorial

A encenação na Cúpula dos BRICS

Evento refletiu conservadorismo da política externa brasileira

Na última semana, o Brasil sediou, no Rio de Janeiro, a reunião de cúpula anual do BRICS — bloco fundado pelo próprio Brasil, Rússia, Índia e China, e que hoje também tem como membros África do Sul, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia e Irã. Havia grande expectativa de que o encontro pudesse gerar avanços na coordenação entre os países oprimidos pelo imperialismo, especialmente diante da intensificação da crise mundial. No entanto, a reunião terminou marcada por declarações moderadas e propostas conservadoras, refletindo a política do próprio governo brasileira.

Chamou atenção o fato de que, entre os chefes de Estado fundadores, esteve presente apenas, além de Lula, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, o mais direitista do grupo. As declarações conjuntas mantiveram um tom ameno, como a defesa da proposta de dois Estados para a Palestina e uma condenação genérica ao chamado “terrorismo”. O resultado da cúpula foi, nesse sentido, um anticlímax político.

A condução da reunião dos BRICS no Brasil levanta preocupações sobre o futuro do bloco. A presidência do BRICS passa agora à Índia, o que pode levar a um enfraquecimento interno, dada a adaptação do governo Modi às pressões imperialistas.

É verdade que houve pontos de consenso, como a questão da desdolarização. Alega-se, inclusive, que isso estaria entre os motivos das recentes provocações de Donald Trump contra o Brasil. No entanto, a desdolarização do comércio internacional é um processo extremamente complexo e não representa uma ameaça imediata à hegemonia do dólar. No atual estágio, a declaração dos BRICS trata-se mais de uma declaração retórica do que de uma política concreta.

Esse caráter retórico ficou claro também em outras propostas apresentadas pelo governo brasileiro, como a criação de uma governança internacional sobre a inteligência artificial — uma ideia sem fundamento, pois equivaleria a entregar esse controle ao próprio imperialismo. Da mesma forma, a proposta de “democratização da ONU” é sem pé, nem cabeça, uma vez que tal instituição não permite qualquer tipo de democracia real.

A cúpula do BRICS, portanto, revelou-se mais um espetáculo de intenções genéricas do que um encontro com impacto político significativo. Em última instância, o evento serviu mais para encobrir a ausência de uma política externa independente do governo Lula que para impulsionar qualquer luta real real.

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