O governo de Nayib Bukele em El Salvador consolidou-se como uma das ditaduras mais fascistas da América Latina, caracterizada pelo controle absoluto dos poderes do Estado, repressão sistemática da imprensa e perseguição política. Desde 2019, quando Bukele assumiu a presidência com uma ampla vitória eleitoral. Em 2024, uma reforma constitucional aprovou a reeleição indefinida, permitindo que Bukele mantenha o controle sem limites legais claros. Este autoritarismo se materializa em violações de direitos humanos, espionagem ilegal de jornalistas — como revelado no caso dos repórteres de El Faro, obrigados ao exílio após denúncias de espionagem com o malware Pegasus — e prisões em massa como resposta ao conflito com as gangues criminosas, sem garantir o direito ao devido processo legal.
Bukele mantém relações ambíguas com as gangues, tendo negociado acordos que permitiram resultados imediatos na redução de homicídios. A resposta do regime ao rompimento desses pactos foi o estabelecimento de um estado de exceção com encarceramento em massa — cerca de 2,6% da população carcerária, um dos maiores índices do planeta — e registro de centenas de mortes sob custódia estatal, configurando um sistema prisional punitivo com características de tortura. A repressão vai além do combate ao crime, tendo como alvo qualquer forma de dissidência, incluindo a oposição política, ativistas de direitos humanos e a sociedade civil organizada. Muitas destas pessoas foram forçadas ao exílio.
Entretanto, a repressão estatal aplicada por Bukele não resolve as causas profundas do crime em El Salvador, que são essencialmente sociais e econômicas. A violência e o crime organizado são sintomas de desigualdade estrutural, desemprego, pobreza e falta de oportunidades, problemas que o sistema capitalista mantém e agrava





