Esquerda brasileira

A direita do PT quer aprofundar a crise no País

Adotar também uma política de corte de gastos como a empreendida pelo ministro Haddad só fortalecerá o bolsonarismo

O dirigente petista Alberto Cantalice publicou uma mensagem curta em seu perfil no X, no último dia 30, requentando uma política derrotista que já levou Jair Bolsonaro ao poder e ameaça reproduzir o feito se seguida novamente: “Lula é Haddad, Haddad é Lula”, começa Cantalice, aparentemente ignorante do fato de que o repúdio popular contra Haddad, que já era grande na época, cresceu em progressão geométrica desde que o “mais tucano dos petistas” assumiu o Ministério da Economima. Diz Cantalice, em defesa de Haddad:

“A economia está entrando nos eixos. A população brasileira em especial os pobres, escaparam de um choque na economia a la Milei, que seria dado no Brasil.”

A afirmação de que “a economia está entrando nos eixos” é um golpe, especialmente quando observamos que é proferida a um mês do anúncio do destrutivo Plano Haddad. Criado para arrancar do orçamento gastos que interessam aos trabalhadores, longe de ser uma recuperação econômica que beneficie as camadas populares, impõe um choque que, embora não tão radical quanto o de Milei, tem causado enormes dificuldades para aqueles que supostamente seriam “incluídos no orçamento”.

A medida, que transfere o custo da crise imperialista para os ombros dos trabalhadores, prioriza a manutenção da lucratividade dos grandes banqueiros e dos monopólios internacionais, sem nenhuma consideração pelas já duras condições de vida dos trabalhadores que elegeram Lula. Exceto pela perspectiva dos banqueiros que Haddad e Cantalice defendem, não há nenhuma “economia nos eixos”, mas uma política de rapina que, se não for enfrentada, ameaça enterrar o governo Lula e impulsionar o bolsonarismo.

Curiosamente, na última vez que os setores mais reacionários e aloprados da esquerda saíram com máxima “Lula é Haddad, Haddad é Lula”, o País acabou com Jair Bolsonaro eleito presidente da República. Aparentemente, é o que Cantalice deseja, pelo fervor com que defende a pressão direitista sofrida pelo governo Lula.

As eleições de 2024 mostraram de maneira cristalina quem realmente se beneficia com a guinada direitista que o governo vem dando. A extrema direita varreu o PT das cidades mais importantes, dominando completamente as capitais do Centro-Sul brasileiro.

“Prova disso: o calote nos precatórios; a ausência de recursos no orçamento para 2023, para o pagamento do auxílio emergencial e a fila de milhões no INSS.

Lula e Haddad salvaram o país de uma catástrofe.”

O calote nos precatórios e a ausência de recursos no orçamento não provam nada além do fato de que Bolsonaro, enquanto no poder, foi um demagogo eleitoreiro que, com a cumplicidade da classe dominante, fez promessas vazias para tentar se reeleger, sem jamais ter se preocupado verdadeiramente com a solução dos problemas sociais. A falácia de que o governo teria “salvado o país de uma catástrofe” ao adotar também uma política de austeridade é uma tentativa desesperada de mascarar o resultado da política econômica aplicada pelo Ministério da Economia e desviar o foco da verdadeira responsabilidade, que é justamente o oposto do que a política do ministro Haddad tem feito: resolver a grave crise social causada pelo neoliberalismo e não agravar ainda mais a situação.

O plano Haddad é um ataque direto à promessa de enfrentar o sistema de exploração dos bancos e monopólios internacionais, traduzida pelo lema “colocar o pobre no orçamento e o rico no Imposto de Renda”, que continua sacrificando os trabalhadores e as camadas populares para manter os lucros dos piores parasitas do planeta. Isso é o que Cantalice está defendendo, uma política que, se mantida, não salvará o País “de uma catástrofe”, mas terá empurrado o Brasil a uma.

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