O líder do Partido Trabalhista britânico e primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, atingiu um novo patamar de impopularidade, aproximando-se do índice de rejeição do Partido Conservador. O fenômeno, embora distante geograficamente, tem semelhanças com o cenário político brasileiro e traz lições importantes para a esquerda nacional.
O Partido Trabalhista e o Partido dos Trabalhadores brasileiro (PT), guardadas as devidas proporções, compartilham características centrais e defendem uma linha política semelhante — no caso britânico, de forma mais agressiva e com responsabilidades internacionais mais amplas. O que se vê hoje é a derrocada de uma política pró-imperialista que há décadas se apresenta sob o rótulo da “democracia”.
Essa “democracia” funciona como um instrumento de exploração e contenção social. É uma espécie de anestesia política que permite ao sistema realizar uma “cirurgia” brutal contra os direitos e o bem-estar da população. No Brasil, o discurso democrático muitas vezes serve como consolo, enquanto o país enfrenta retrocessos e uma crise social profunda. Trata-se de um truque antigo: o povo pode não ter nada, mas ainda assim se diz que “tem a democracia” — apresentada como algo sagrado.
Agora, a própria “democracia” entrou em crise. Pior: voltou-se contra si mesma. O discurso passou a ser de que é preciso sacrificar direitos democráticos para preservar… a democracia.
As pesquisas de opinião no Reino Unido são sintomáticas: o prefeito de Manchester, praticamente desconhecido do grande público, lidera com 32% de aprovação. Em seguida, surge Nigel Farage, da extrema direita, com 30%. Starmer amarga apenas 23% de aprovação e impressionantes 67% de rejeição, em um patamar comparável ao de Emmanuel Macron na França
Os números indicam que a crise não é conjuntural, mas parte de um movimento mais profundo e duradouro. Para a esquerda reformista, como PT e PSOL, o quadro é preocupante. No Brasil, Lula ainda conta com a vantagem da popularidade e da imagem de líder bem-sucedido, o que o distingue de Starmer, visto como um burocrata. Mas a diferença é de grau, não de essência: o governo Lula também enfrenta desgaste.





