Polêmica

A agressão contra a Venezuela e América Latina não começou hoje

Jornalista escreve sobre a agressão de Trump à Venezuela, mas não trata da questão de maneira apropriada, visto que não critica a capitulação do governo diante do fato.

Trump

O artigo O Imperador do mundo e Senhor da guerra mira o coração da América do Sul, de Gustavo Tapioca, publicado no Brasil247 nesta quinta-feira (13), apesar de levantar alguns pontos relevantes, não atinge o núcleo do problema da ameaça dos Estados Unidos contra a Venezuela, e da resposta capituladora do Brasil.

De início, é preciso ser dito que essa agressão não é exclusividade de Donald Trump. Este instituiu uma série de medidas contra a Venezuela em seu primeiro mandato. No entanto, as sanções não foram revogadas na gestão Biden. Na verdade, foram ampliadas.

A esquerda tem dificuldade em criticar Joe Biden, pois o apoiou contra Trump. Fruto de uma política de “mal menor” e uma pretensa luta antifascista.

Segundo Tapioca, “o alvo imediato é Caracas, mas a mira já se desloca para a floresta amazônica e para o subsolo brasileiro, onde repousam reservas estratégicas de petróleo, gás e minerais raros. O que parece uma ofensiva pontual é, na verdade, a fase preparatória de uma reconfiguração geopolítica que recoloca os Estados Unidos como árbitro militar e moral do continente”.

Além de denunciar Trump, é preciso relembrar que Biden já havia declarado que seu governo trataria da Amazônia como uma questão de segurança nacional.

É fato que “como advertiu o economista Jeffrey Sachs, “a retórica muda — de ‘democracia’ para ‘narcoterrorismo’ —, mas o objetivo permanece: controlar os recursos e as rotas estratégicas”. A lógica da “mudança de regime” que devastou o Oriente Médio reaparece agora com sotaque tropical”.

Neste ponto, Gustavo Tapioca não consegue entender que o governo brasileiro tem aderido a essa proposta de “narcoterrorismo”. Tanto que o governo Lula apresentou um projeto “anti facção” que, justifica a ação dos EUA, e ainda pretende dar super poderes para a Polícia Federal e aumentar a repressão estatal sobre a classe trabalhadora.

BRICS

Tapioca escreve que “o Brasil, sob o governo Lula, tornou-se peça central desse tabuleiro. Washington testa os limites da diplomacia brasileira e a consistência de sua política externa soberana. O discurso sobre ‘segurança hemisférica’ funciona como disfarce para conter a aproximação entre o Brasil de Lula e os BRICS+ e preservar o controle ocidental sobre cadeias críticas de energia e tecnologia”.

A diplomacia brasileira não passou no teste, pois o governo já havia declarado “neutralidade” sobre a agressão americana contra nosso país vizinho.

O governo Lula, que talvez tenha feito um acordo, ou agiu para acenar a Joe Biden, barrou a entrada da Venezuela o BRICS, uma atitude extremamente controversa que abriu uma crise dento do próprio Partido dos Trabalhadores (PT).

Adiante, o jornalista afirma que “nos bastidores, fala-se em ‘cooperação amazônica’ com fins ambientais — mas o subtexto é militar. A ‘proteção da floresta’ converte-se, aos poucos, em proteção do capital, e o verde da Amazônia passa a ser visto como ativo geopolítico, não como bem planetário”.

Nesse ponto, Tapioca deveria ter denunciado que os “protetores da floresta” estão infiltrados dentro do governo, na figura de Marina Silva, Sônia Guajajara, na direção do IBAMA, e também dentro da esquerda, como o PSTU e diversos grupos do PSOL, que são contra a exploração de petróleo na Margem Equatorial, bem como criticam a construção de hidrelétricas ou de sistemas viários, fundamentais para o desenvolvimento da região amazônica.

Existe um número incalculável de ONGs que acabaram comprando setores inteiros da esquerda, agora sob soldo do imperialismo, disfarçado de “fundações”, a maioria fachada da CIA.

Golpes

O texto elenca uma política de golpes e intervenções que os Estados Unidos vêm perpetrando na América Latina e no mundo. Cita Sachs que diz que “a derrubada de Dilma, a prisão de Lula e a ascensão de Bolsonaro foram lidas em Washington como vitória estratégica”.

Muito além de ser uma “leitura”, o golpe contra Dilma e a prisão de Lula foram projetadas e orquestradas desde Washington. Todos devem se lembrar que o ex-juiz, Sergio Moro e Deltan Dallagnol viviam em viagens para lá de suspeitas aos Estados Unidos.

Jeffrey Sachs também teria alertado sobre os “golpes invisíveis, conduzidos por algoritmos, agências de rating e redes digitais. ‘O que a CIA fez com rádios e jornais nos anos 1960, hoje se faz com plataformas digitais e inteligência artificial’”.

Isso não é novo, apenas ficou mais tecnológico, os grandes jornais continuam a participar ativamente da distorção da realidade em favor do imperialismo, bem como tem acesso à condução de algoritmos.

Qual fortalecimento?

Gustavo Tapioca afirma que “a estratégia de Lula é fortalecer o eixo sul-americano — Colômbia, Bolívia, Guiana, Suriname — e reativar a UNASUL como muralha diplomática”. Se quisesse mesmo fortalecer alguma coisa, o governo teria se unido à Venezuela, bem como à Nicarágua.

O discurso do governo é extremamente tímido, para não dizer capitulador, a começar pela sua posição de ‘neutralidade’, corroborada por sua falta de críticas realmente contundentes contra a intervenção americana.

Presidenciais

Aos poucos, a esquerda começa a entender que “a campanha de 2026 já começou”. Se é verdade que aponta para uma vitória de Lula, também é verdade que tem muita água para rolar até as eleições, e o imperialismo não quer uma reeleição.

O problema do Brasil não é o “bolsonarismo reciclado — religioso, digital e armado”, mas a direita cheirosa que, inclusive, até ontem estava na base do governo.

A direita não quer um bolsonarismo, pois este sofre pressão de sua base política, pretende colocar no poder um Milei brasileiro, alguém que terá a missão de devastar a economia nacional em favor dos interesses do grande capital.

O cenário que se pinta não é dos melhores, pois o regime está se fechando, e com ajuda da esquerda, que apoia a ditadura judiciária que se instalou no Brasil, bem como trabalha para o aumento da repressão, o que só pode favorecer o fascismo, ainda que diga combatê-lo.

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