Dia de hoje na história

3/4/1964: ditadura ataca a esquerda e invade sede da Petrobrás

Começava a famigerada Ditadura Militar, que traria mais de duas décadas de repressão, ataques aos movimentos populares, ao patrimônio público brasileiro e à esquerda

Após o golpe de estado de 31 de março de 1964, o dia 3 de abril foi o dia derradeiro na obtenção do poder pelos militares e seus aliados.  Utilizando-se das polícias, das forças armadas, governos locais e ainda, do apoio financeiro e político externo do imperialismo norte-americano, o golpe foi consolidado. Com um amplo esquema montado e muito bem orquestrado, em apenas quatro dias a ditadura que durou mais de duas décadas foi instaurada.

Primeiros momentos do Golpe 

A derrubada do presidente legítimo João Goulart, ocorrida no dia 31, foi sucedida pela declaração de que o cargo estaria vago, no dia 2 de abril, pelo então presidente do Congresso Auro de Moura Andrade, levando à posse de fachada do deputado Ranieri Mazzilli. Claramente, essa manobra política prevista na constituição buscou passar um ar de legalidade ao processo antidemocrático do acontecimento, pois, por de baixo dos panos, o controle do País estava concentrado nos chefes das forças armadas que ficaram denominadas “Comando Supremo da Revolução”. 

Destituído, Goulart se exilou no Uruguai dias depois, após o fracasso da resistência civil no Rio Grande do Sul, que havia sido organizada em conjunto com apoiadores civis e militares. Ranieri e os comandantes reuniram-se secretamente para arranjar o ministério militar e assim estabelecerem formalmente o governo ainda antes do Exílio do ex-presidente deposto, o que mostra o grau de planejamento do lado golpista.  

Repressão 

De imediato, uma enorme onda de repressão exercida pelos militares e pelas polícias atacou a esquerda e o movimento popular resultando na prisão de milhares de civis, entre eles, militantes, sindicalistas, camponeses, estudantes, políticos. Um caso dramático que expõe a violência do novo regime foi o do dirigente comunista Gregório Bezerra em Recife: ele foi espancado, amarrado a um jipe do Exército e arrastado publicamente pelas ruas. Diversos governadores também foram depostos dos seus cargos.  

Sedes de empresas públicas e organizações de civis também foram brutalmente invadidas. No Rio de Janeiro, as instalações da Petrobras na Avenida Presidente Vargas foram invadidas pela polícia sob a acusação de “infiltração comunista”. Na verdade, o ataque à administração das empresas públicas nada mais era do que uma forma de garantir o domínio econômico e político e minar possíveis forças de resistência dos trabalhadores. Outro caso icônico é o da UNE, União Nacional dos Estudantes, que foi incendiada na noite do dia posterior ao golpe de estado e que culminaria no seu decreto de extinção pouco tempo depois.  

A imprensa golpista e os artífices do golpe 

A imprensa procurava mostrar o golpe militar como algo popular e amplamente aceito. O jornal O Dia noticiava uma “fabulosa demonstração de repulsa ao comunismo” por parte da direita da época. A grande imprensa saudava, na manhã do dia 3 de abril, os feitos fascistas e autoritários feitos pelos militares nos dias anteriores com manchetes como “Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada”, estampou O Globo, creditando aos “bravos militares” o mérito de livrar a pátria do “amargo fim” que seria o “comunismo”. Na Folha de S. Paulo, editorial daquele dia celebrava: “Voltou a nação, felizmente, ao regime de plena legalidade que se achava praticamente suprimido […] graças ao discernimento de nossas Forças Armadas, que agiram prontamente”. Enquanto isso, O Estado de S. Paulo dizia que se tratava da vitória da democracia. Claramente, as manchetes buscavam glorificar e dar legitimidade ao regime golpista.  

Os eventos do dia 3 de abril repercutiram internacionalmente com apoio público do governo norte-americano de Johnson (Partido democrata), seguido do apoio dos países europeus e desaprovação e denúncia por parte do governo soviético e chinês. Mais tarde, a ligação do imperialismo norte-americano com o golpe militar de 1964 foi provada verdadeira quando numa conversa telefônica nesse dia com o subsecretário Thomas Mann, Johnson celebrou a queda de Goulart, deixando implícito o envolvimento dos EUA na vitória dos militares. 

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