Há 57 anos, na noite de 28 de março de 1968, o estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto de apenas 18 anos era assassinado a tiros por policiais militares no restaurante estudantil Calabouço, no Rio de Janeiro. O crime gerou forte comoção e marcou uma escalada nos protestos contra o regime militar, instituído em 1964.
O início de 1968 foi marcado por crescente insatisfação com o governo militar. Setores estudantis e operários reclamavam do cerceamento das liberdades democráticas e da repressão policial, além das dificuldades resultantes da política econômica de arrocho. O Calabouço, restaurante mantido pelo governo federal, era um ponto de encontro de estudantes, muitos deles de baixa renda. A queixa principal era o aumento dos preços das refeições e a piora na qualidade da comida.
No dia em questão, um grupo de estudantes se reuniu no restaurante para protestar pacificamente. A Polícia Militar foi acionada para dispersar o ato, gerando discussão entre policiais e estudantes. Sem aviso, os militares dispararam contra os jovens desarmados. Um dos tiros atingiu o peito de Edson Luís, que morreu no local.
A morte do estudante provocou uma reação imediata. Seus colegas decidiram impedir que seu corpo fosse removido pela polícia, carregando-o pelas ruas do centro do Rio de Janeiro até a Assembleia Legislativa. O velório ocorreu no Salão Nobre da entidade, reunindo milhares de pessoas. No enterro, no Cemitério São João Batista, uma multidão acompanhou a despedida, sob forte vigilância policial.
O assassinato gerou uma série de manifestações estudantis pelo País. No dia 2 de abril, milhares de pessoas participaram de uma missa em homenagem a Edson Luís na Igreja da Candelária, que terminou em confronto entre manifestantes e policiais. Os estudantes organizavam passeatas, muitas vezes reprimidas com violência. Um dos maiores atos ocorreu em 26 de junho, a “Passeata dos Cem Mil”, reunindo principalmente estudantes, mas também trabalhadores e artistas unidos contra a ditadura.
O endurecimento do regime foi intensificado após os protestos, culminando no Ato Institucional nº 5 (AI-5), em dezembro de 1968, que fechou o Congresso Nacional, ampliou os poderes do Executivo e aprofundou a repressão política a opositores. Nenhum policial foi punido pelo crime.


