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Palestina

2024: resistência se levanta contra Autoridade Palestina

O ano de 2024 marcou o ápice da crise da Autoridade Palestina, em dezembro eles foram obrigados a se lançaram como chachorros de "Israel" contra a resistência

O mês de dezembro marcou uma nova etapa na luta do povo palestino, principalmente na Cisjordânia ocupada por “Israel”. Na cidade de Jenin, o epicentro da resistência nesse território, as Forças de Segurança da Autoridade Nacional Palestina começaram uma verdadeira guerra contra a resistência. As imagens são tão absurdas que remetem aos próprios soldados sionistas invadindo a cidade. É a maior crise da AP em décadas, estão assumindo uma política de cachorros do Estado de “Israel”. Mas isso não começou no fim do ano, é um problema histórico.

A AP foi criada pelos sionistas após os Acordos de Oslo em 1993. A política do sionismo era criar um falso governo palestino que não teria poder nenhum. A sua única força é a polícia, que serve para atacar os grupos de resistência e evitar que “Israel” receba toda a culpa pela repressão. Desde outubro de 2023, quando começou o genocídio em Gaza, as forças da AP não fizeram nada contra os sionsitas,a apenas atacaram a resistência.

Na Cisjordânia os grupos de resistência se organizam em cada cidade, que na prática são mini Faixas de Gaza pois são sitiadas por “Israel” permanentemente. O centro da resistência é no norte nas cidades de Jenin, Nablus e Tulcarém. Foi nessa região que começaram a maior parte dos confrontos entre a AP e a resistência em 2024.

Em março aconteceu o primeiro grande confronto, em Tulcarém. A AP tentou prender um combatente da resistência o que gerou um confronto armado. As Brigadas al-Quds de Tulcarém publicaram o comunicado: “ainda enfrentamos aqui a injustiça de nosso próprio povo e religião, que exploram o sofrimento e as dores de nossa gente, desconsiderando todas as noções de humanidade e patriotismo. Desde a batalha da Fúria de Nour Shams, as Forças de Segurança da [Autoridade Palestina] assumiram a responsabilidade de perseguir nossos combatentes e atacar nosso povo, manifestando sua injustiça ao prender os combatentes, persegui-los, confiscar suas armas e até atirar diretamente contra eles. Engolimos nossa raiva, superamos as feridas e nos mantivemos fiéis aos ensinamentos de nossa nobre religião, recordando as palavras do fundador, Dr. Fathi Shaqaqi: “saímos para lutar contra o inimigo, e qualquer coisa menos que isso é marginal”.

Mas a situação piorou. A resistência foi até a delegacia da AP resgatar um de seus combatentes que havia sido sequestrado. Isso gerou um grande confronto armado entre as forças de repressão na delegacia e os combatentes da resistência. As Brigadas al-Quds apenas não começaram uma guerra pois seguem o ensinamento citado acima, a guerra é contra “Israel”, não contra a AP. Mas se torna cada vez mais difícil diferenciar um do outro.

Em julho, em Jenin, a crise se amplificou. A AP tentou sequestrar de um hospital um dos líderes mais populares da resistência, Abu Shuja. Esse avanço foi tão absurdo que o movimento estudantil da Universidade de Birzeite, na Cisjordânia ocupada, se pronunciou:

No 293º dia do genocídio contra o povo palestino, as Forças de Segurança da [Autoridade] Palestina continuam a participar de nossa exterminação, opressão e repressão. Como disse o mártir Basil Al-Araj ‘A Autoridade Palestina participa de nosso extermínio”. E segue: “todas as forças e atividades de nosso povo, bem como todos os membros e afiliados honoráveis da Autoridade e de suas Forças de Segurança, são chamados hoje a se unir na rejeição à conspiração contra nosso povo e a enfrentar os planos que os sionistas, norte-americanos e seus aliados estão tramando para destruir a resistência com mãos palestinas, infelizmente. Não há desculpa hoje para aqueles que escolhem continuar apostando no caminho absurdo e traiçoeiro das negociações”.

Esse desenvolvimento é o que amplia a crise da AP. Conforme a repressão vai ficando mais escancarada os setores da Cisjordânia se deslocam para a política de apoio a resistência. Se a situação continuar nessa direção a AP perderá cada vez mais autoridade política, se tornará apenas um braço da ditadura sionista e isso abrirá margem para a resistência ganhar cada vez mais força. Na prática esse processo já acontece hoje, os estudantes de Birzeite são um exemplo disso. Vale lembrar que o Hamas já havia vencido as eleições em 2006. Só por meio da repressão brutal que a resistência não se torna o “governo” da AP.

Os sequestros de membros da resistência aconteceu inúmeras vezes ao longo do ano. É algo mais comum do que os assassinatos, mas na Cisjordânia esse é também o principal método de repressão de “Israel”. Mas após a eleição dos EUA e a derrota de “Israel” pelo Hesbolá a conjuntura parece ter mudado. A AP assumiu uma postura extremamente violenta em Jenin, na prática se começou uma guerra civil. O “governo” chegou ao nível de censurar a Al Jazeera em toda a Cisjordânia!

Aqui vale publicar a nota completa das Brigadas de Jenin:

“Em nome de Alá, e louvado seja Alá, paz e bênçãos sobre o mais honrado da criação, o Mensageiro de Alá, e sobre sua família, companheiros e aqueles que o seguem.

Em primeiro lugar, misericórdia sobre os mártires justos, e estendemos nossas orações pelos mártires da amada cidade de Tulcarém, que foram martirizados ontem na agressão traiçoeira ao campo de Tulcarém.

Depois disso, dizemos. Dizemos à Autoridade Palestina: para quem a Autoridade Palestina está trabalhando? Para quem a Autoridade Palestina está trabalhando enquanto Ben-Gvir arma dezenas, centenas e até milhares de colonos para matar o povo palestino, aterrorizá-lo e se apoderar de suas propriedades e recursos? Enquanto isso, a Autoridade Palestina persegue os combatentes, confisca suas armas e os prende. Para quem a Autoridade Palestina está trabalhando?

Esta é uma mensagem dos combatentes na Cisjordânia, uma mensagem dos combatentes na Cisjordânia para a Autoridade Palestina. Nós, os combatentes de todas as nossas formações militares, denunciamos as ações da Autoridade Palestina na Cisjordânia.

Nós somos os combatentes pela causa de Allah. Somos os defensores de uma nação de um bilhão de muçulmanos. Dedicamos a nós mesmos, nossas famílias e nossas riquezas pela causa de Alá, para elevar a palavra “Não há outro deus além de Alá.” Lutamos contra os inimigos da religião e os inimigos do Islã. Necessitamos de cada pessoa livre e honrada que empunhe armas, para descer ao campo de batalha — a batalha da libertação, a libertação dos prisioneiros e o caminho [para a Mesquita de Al-Aqsa].

Dizemos às Forças de Segurança [da Autoridade Palestina]: a quem vocês servem ao perseguir os combatentes? A quem vocês servem ao caçá-los em vez de apoiá-los na batalha? E dizemos às pessoas honradas dentro da Autoridade Palestina: por Alá, chegou a hora — por Alá, chegou a hora — de despertar, de acordar de seu profundo sono e ignorância. Alá os responsabilizará — por Alá. Ele os responsabilizará por sua traição.

Apoiem seus irmãos combatentes, que estão defendendo sua honra, dignidade e orgulho. Não ouçam seus líderes. Não ouçam seus líderes. Vocês, os honrados, garantam um bom fim — garantam um bom fim, seja com a vitória ou o martírio.

Exigimos que a Autoridade liberte todos os combatentes em suas prisões para que se unam a nós na batalha de libertação, e que devolvam suas armas. Que Alá não abençoe uma arma que não seja empunhada no caminho de Alá. Que Alá não abençoe uma arma que não avance no caminho de Alá.

Dizemos à Autoridade Palestina: não traiam o sangue dos mártires, não traiam o sangue dos mártires. E paz, toda paz, sobre nossas brigadas na Cisjordânia. Paz sobre as vitoriosas Saraia. Paz sobre a Brigada de Tulcarém, até que seu coração seja tranquilizado. Paz sobre a Brigada de Nablus, paz sobre a Brigada de Tubas, paz sobre a Brigada de Fara’a, e paz — toda paz — sobre a Brigada de Jenin.

Por Alá, e por Alá, e por Alá, não recuaremos, e não trairemos o sangue dos mártires, mesmo que sejamos abatidos sobre uma rocha. Somos os leais, e continuaremos leais ao sangue dos mártires. Alá prevalece em Sua causa, mas a maioria das pessoas não sabe. Paz esteja sobre vocês, e a misericórdia de Alá , e Suas bênçãos.”

O ano de 2025 já se incia com uma crise gigantesca na Cisjordânia ocupada. A resistência não apresenta nenhum sinal de que ficará mais fraca, ela se assemelha muito ao que existiu no sul do Líbano no final de década de 1990, um exército de “Israel” cada vez mais desmoralizado, uma resistência cada vez mais combativa. A diferença é que a Cisjordânia se tornou uma questão existencial para “Israel”. Os palestinos lutarão até a vitória ou o martírio.

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