Faixa de Gaza

20 mil crianças palestinas assassinadas

Número macabro é atestado pelo Hamas e pela ONG Save the Children

Neste sábado (6), a Organização Não Governamental (ONG) Save the Children, sediada no Reino Unido, certificou que mais de 20.000 crianças palestinas foram mortas em Gaza, em meio ao processo de limpeza étnica da Palestina, com a fome se espalhando, escolas e hospitais destruídos, e os sobreviventes enfrentando desnutrição. O grupo pede um cessar-fogo e uma ação global urgente.

Segundo o levantamento, ao menos uma criança palestina tem sido morta a cada hora, em média, durante quase 23 meses de guerra. A organização organização descreveu a quantidade de crianças mortas como um dos marcos mais terríveis do genocídio em andamento.

Dados divulgados pelo Gabinete de Imprensa do governo em Gaza também indicaram que pelo menos 20 mil crianças, cerca de 2% da população infantil de Gaza, foram mortas desde outubro de 2023. Entre elas, estavam pelo menos 1.009 bebês com menos de um ano, sendo que quase metade deles nasceu e foi morto durante a guerra.

Segundo o Ministério da Saúde em Gaza, pelo menos 42.011 crianças ficaram feridas, enquanto o Comitê da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência relatou que 21.000 ficaram permanentemente incapacitadas. Milhares de outras continuam desaparecidas, muitas delas presumivelmente enterradas sob os escombros.

A Save the Children alertou que as vidas das crianças sobreviventes estão em risco diário à medida que a fome se espalha pela Faixa de Gaza. Mais de um milhão de pessoas, cerca de metade delas crianças, já enfrentam fome catastrófica, a classificação mais grave sob o sistema IPC Fase 5.

O Ministério da Saúde de Gaza disse que pelo menos 132.000 crianças com menos de cinco anos correm risco de morte por desnutrição aguda. Pelo menos 135 já morreram de fome, incluindo 20 desde que a fome foi declarada em 22 de agosto.

A organização destacou a devastação da infraestrutura civil de Gaza, observando que as forças israelenses danificaram 97% das escolas e 94% dos hospitais. As crianças têm sete vezes mais probabilidade do que os adultos de morrerem por lesões de explosão, dada sua vulnerabilidade física e a necessidade de tratamento especializado que agora está em grande parte indisponível.

A equipe de Saúde Mental e Apoio Psicossocial da Save the Children compartilhou depoimentos de pais. Eles descreveram homens e mulheres que vivem um “luto insuportável”, lamentando a morte de filhos que foram dilacerados por ataques aéreos enquanto enfrentavam desnutrição, deslocamento e bombardeios constantes.

“Os pais cujos filhos foram despedaçados falam de uma dor que ninguém deveria ser obrigado a suportar, de não poderem dar aos seus filhos um último abraço, de serem privados de uma despedida”, disse o grupo.

Ahmad Alhendawi, Diretor Regional da Save the Children para o Oriente Médio, Norte da África e Europa Oriental, condenou as estatísticas como “uma estatística vergonhosa – um novo e horrível marco em uma guerra caracterizada por um fluxo constante deles”.

“Esta guerra é uma guerra cruel, depravada e deliberada contra as crianças de Gaza e seu futuro, uma geração roubada. Se a comunidade internacional não agir, enfrentaremos o risco muito real da aniquilação total das futuras comunidades palestinas.”

A Save the Children enfatizou que crimes de atrocidade, incluindo crimes contra a humanidade e crimes de guerra, foram cometidos. Ela observou que o Tribunal Internacional de Justiça (CIJ) está revisando se um genocídio está ocorrendo, alertando que mesmo o risco plausível de genocídio é suficiente para obrigar legalmente os estados a agir.

A organização pediu um cessar-fogo imediato e definitivo, bem como acesso humanitário irrestrito para entregar ajuda vital a crianças e famílias em toda Gaza.

No final de agosto, em um comunicado conjunto, o Programa Mundial da Fome (PMA), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmaram oficialmente que a fome já é uma realidade em Gaza.

O Programa Mundial da Fome e as outras agências reiteram que um cessar-fogo imediato e o fim do conflito são necessários para permitir uma resposta humanitária em grande escala. “O que é urgentemente necessário agora é um aumento da ajuda, condições mais seguras e sistemas de distribuição comprovados para alcançar os mais necessitados, onde quer que estejam”, disse Cindy McCain, diretora-executiva do Programa Mundial da Fome. Ela ainda destaca que a logística de entrega de ajuda permanece um desafio imenso, com comboios frequentemente saqueados devido ao desespero crescente, e os preços dos alimentos nas alturas, tornando quase impossível para a maioria das pessoas adquirir o básico.

Em resposta às declarações, o Hamas havia publicado um comunicado oficial. Leia-o na íntegra:

“A declaração de fome é uma mancha na ocupação e em seus apoiadores, e exige uma ação imediata para parar a guerra e abrir as passagens.

O que o “Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar” das Nações Unidas anunciou sobre a propagação da fome na província de Gaza, e o que a Organização Mundial da Saúde confirmou que a cidade de Gaza sofre de uma fome que se estende por toda a Faixa, representa um testemunho internacional irrefutável do crime que a ocupação sionista está cometendo contra mais de dois milhões de pessoas sitiadas.

Isso é uma confirmação da magnitude da catástrofe humanitária à qual nosso povo está exposto devido à agressão israelense contínua, que usa a política de fome como uma das ferramentas de guerra e genocídio contra civis, em uma violação flagrante do direito humanitário internacional e de todas as normas e pactos internacionais.

Nós, do movimento Hamas, enfatizamos a importância desta declaração da ONU, embora tenha chegado muito tarde, após longos meses de avisos e sofrimento que nosso povo viveu sob o cerco e a fome sistemática.

Alertamos repetidamente que as políticas de cerco e fome sistemática, e a negação de alimentos, medicamentos e água ao nosso povo, são um crime de genocídio com todos os seus elementos. Hoje, os relatórios da ONU vieram para confirmar ao mundo inteiro a magnitude da catástrofe humanitária que nosso povo vive.

A negação desta realidade documentada pela ocupação criminosa, e suas falsas alegações de que não há fome em Gaza, revelam uma mentalidade criminosa que deliberadamente mente para encobrir o crime de assassinato por fome que é praticado contra crianças, mulheres e enfermos, em um desafio flagrante a todas as leis e normas internacionais.

A comunidade internacional, com todas as suas instituições, tem uma responsabilidade legal e moral urgente de parar os crimes contra a humanidade e salvar mais de dois milhões de pessoas que enfrentam o genocídio, a fome e a destruição sistemática de todos os elementos de vida. Neste contexto, pedimos o seguinte:

  1. Ação imediata das Nações Unidas e do Conselho de Segurança para parar a guerra e levantar o cerco.
  2. Abertura das passagens sem restrições para a entrada urgente e contínua de alimentos, medicamentos, água e combustível.
  3. Responsabilização legal da ocupação pelo uso da fome como arma de guerra, como um crime de guerra e um crime de genocídio sob o direito internacional.
  4. Convocamos os países árabes e islâmicos e os livres do mundo a agirem imediatamente e a pressionarem a ocupação para parar a guerra de genocídio e garantir o fluxo de ajuda humanitária urgente para a Faixa de Gaza.”

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