A maior chacina policial da história do Rio de Janeiro, batizada de “Operação Contenção” pela imprensa capitalista e deflagrada na terça-feira (28) nos Complexos da Penha e do Alemão, culminou em mais de 130 assassinatos sumários, com 117 das vítimas rotuladas como “suspeitos” pelo governo do Estado do Rio de Janeiro. Até esta sexta-feira (31), o Instituto Médico-Legal (IML) conseguiu identificar 99 corpos, mas 18 permanecem completamente irreconhecíveis – mutilados por rajadas de fuzil, em avançado estado de decomposição e desfigurados a tal ponto que nem mesmo familiares próximos conseguem reconhecer traços humanos nos restos mortais.
A cúpula da Secretaria de Estado de Segurança Pública divulgou uma lista parcial dos mortos, vangloriando-se de que 78 dos 99 identificados possuíam “histórico criminal” – um termo vago que serve para encobrir a realidade: esse “histórico” pode abranger desde crimes graves como homicídios até infrações banais e insignificantes, como furto de um pão para saciar a fome, posse de pequenas quantidades de drogas ou roubo de celulares ou até mesmo dívidas de pensão alimentícia acumuladas por desemprego crônico.
As autoridades se recusam a detalhar a gravidade ou a circunstância em que ocorreram dessas “fichas criminais”, porque sabem perfeitamente que uma anotação policial, por mais trivial que seja, não pode – e jamais poderá – justificar uma execução extrajudicial sumária, sem direito a defesa, sem julgamento justo e sem qualquer respeito ao devido processo legal.


