Em 10 de abril de 1970, Paul McCartney anunciava sua saída dos Beatles. Era o fim de uma das bandas mais influentes da história da música.
A separação pegou milhões de fãs de surpresa e foi amplamente noticiada pelos jornais. Não se tratava apenas da dissolução de um grupo musical. Os Beatles haviam se tornado uma grande expressão da revolucionária década de 1960, uma das mais explosivas depois da Segunda Grande Guerra.
Formado por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, o grupo começou tocando em bares de Liverpool e Hamburgo no início da década. Rapidamente alcançou fama mundial, liderando a chamada “invasão britânica” nos Estados Unidos a partir de 1964. Os primeiros sucessos, como She Loves You e I Want to Hold Your Hand, logo deram lugar a uma música mais ousada, que refletia as transformações daquele período.
A partir de Rubber Soul (1965) e Revolver (1966), os Beatles passaram a incorporar elementos da música oriental, experimentações sonoras e temas mais complexos. Álbuns como Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967), White Album (1968) e Abbey Road (1969) mostravam uma banda que ia muito além do entretenimento: era a trilha sonora de uma juventude que se deslocava rapidamente para a esquerda e posições revolucionárias.
Os anos 1960 foram marcados por grandes convulsões: a luta contra a guerra do Vietnã, os protestos estudantis nos EUA, a invasão da URSS na Primavera de Praga, o Maio de 1968 na França, as ditaduras na América Latina e a explosão da cultura jovem. Os Beatles expressaram esse momento como nenhum outro grupo. Sua música acompanhava o espírito de revolta causado sobretudo pelo fim do crescimento econômico do Pós-Guerra e radicalização da juventude.
O fim do grupo foi causado por disputas internas e pelo esgotamento da convivência. A saída de McCartney apenas oficializou um processo que já estava em curso.
Apesar da separação, os quatro membros seguiram em carreira solo com algum sucesso, mas nada que se equiparasse ao fenômeno da chamada beatlemania. 55 anos depois, porém, a influência dos Beatles segue viva e inigualável.