Poucos meses depois das eleições no parlamento europeu que levaram o presidente da França, Emmanuel Macron, a dissolver a Assembleia Nacional de seu país, a extrema direita se mostrou mais uma vez vitoriosa em uma importante disputa no continente. Pela primeira vez de 1945, a extrema direita venceu uma eleição estadual na Alemanha.
Após o encerramento da votação no domingo (1º), a Alternativa para a Alemanha (AfD) deverá se tornar o partido mais forte no estado da Turíngia, com 32,8% dos votos, e o segundo na Saxônia, com 30,6% dos votos. Com isso, o partido vai se consolidando como uma força decisiva no regime político, uma força que se encaminha para governar o país. Nas eleições para o parlamento europeu, por exemplo, a AfD já havia tido uma votação superior à do partido do atual primeiro-ministro, Olaf Scholz, do Partido Social-democrata alemão.
A AfD não é um partido de extrema direita qualquer. Não é um partido, por exemplo, como o Partido Liberal (PL), que é uma legenda do “centrão” que hoje serve de guarda-chuva para uma parcela do movimento bolsonarista. É uma continuação do Partido Nazista de Adolf Hitler. Um partido tão direitista que já foi expulso de coalizões com outras organizações da extrema direita, por ser considerado “radical demais”.
Entre as muitas demonstrações disso, está uma declaração de um dirigente do partido defendendo as tropas de assalto da era hitleriana. Alice Weidel, co-líder da AfD, declarou, em comício na Turíngia, que iria expulsar todos os imigrantes ilegais do país.
O avanço extraordinário da AfD é mais uma prova cabal de que a política de censura contra a extrema direita é um desastre absoluto. Assim como hoje, no Brasil, Alexandre de Moraes segue tomando medidas antidemocráticas, chegando ao cúmulo de censurar nove milhões de usuários, na Alemanha, o regime político também tem tentado frear a extrema direita com medidas dessa natureza. E vêm, obviamente, fracassando.
A Justiça alemã, por exemplo, já considerou que a AfD era uma “ameaça à democracia” e autorizou que o partido fosse monitorado. A mesma Justiça já chegou a censurar uma revista da extrema direita. No entanto, a AfD não para de crescer.
Assim como na França, no Reino Unido e na Itália, a extrema direita jamais será detida por meio de manobras do regime político. Pelo contrário: isso apenas dá mais força, pois ela aparece como um setor perseguido.
A única forma de barrar o avanço da extrema direita no mundo é por meio da mobilização da classe operária. Ela é a única verdadeiramente interessada nisso. Enquanto a esquerda depositar as suas esperanças em repreentantes do regime político falido, falhará miseravelmente.