Segunda Guerra Mundial

Winston Churchill, tão fascista quanto Hitler

O ex-primeiro-ministro inglês não devia nada aos nazistas, no que diz respeito ao seu caráter genocida. Apenas na Índia, sua política foi responsável por matar 4 milhões de fome

O aparato de propaganda do imperialismo, o que inclui a maior parte da imprensa burguesa dos países oprimidos, sempre tenta apresentar Winston Churchill, ex-primeiro-ministro do Reino Unido, como um democrata, combatente do fascismo, em especial do nazismo. Afinal, o imperialismo inglês, junto do norte-americano, sagrou-se vencedor na Segunda Guerra Mundial contra o imperialismo alemão.

É claro, quem realmente derrotou os nazistas foram os soviéticos e a insurgência revolucionária na Europa. No entanto, a propaganda favorável a Churchill segue sendo feita até os dias atuais, com direito a filmes hollywoodianos, protagonizados por grandes atores como Gary Oldman, em papel que inclusive lhe rendeu o Oscar de melhor ator.

Contudo, a propaganda do imperialismo a respeito de Churchill é uma falsificação da realidade. Ele não era um democrata. Não era antifascista ou antinazista. Pelo contrário, era um líder político tão genocida quanto Adolf Hitler, senão mais. Deixa Mussolini “no chinelo”, para se utilizar uma expressão coloquial, popular.

Nesse sentido, vale expor várias das atrocidades ordenadas por Churchill, enquanto este detinha posição de comando no Estado imperialista britânico. Na exposição serão inclusas citações do mesmo, o que servirá para mostrar que se está diante de um genocida intencional e mesmo racista, e não de um democrata.

Sigamos por ordem cronológica

Afeganistão

No ano de 1897, o Império Britânico (nessa época o capitalismo já havia se tornado imperialismo) lançou uma campanha militar sanguinária os Pashtun do Afeganistão, organização política antepassada do Talibã. Foi a primeira vez que Winston Churchill lutou em uma guerra.

Já nessa época, o futuro chefe de Estado mostrava seu caráter racista, que serviria de base ideológica para suas futuras política genocidas. Segue algumas de suas declarações:

“Todos aqueles que resistirem serão mortos sem piedade […]”

“[os Pashtuns precisam] reconhecer a superioridade da raça [dos ingleses]”

Explica, então, o método utilizado pelo imperialismo britânico para combater os guerrilheiros afegãos, táticas que seriam ensinadas (após aprimoramentos) aos sionistas, no combate aos árabes palestinos:

“Procedemos sistematicamente, aldeia por aldeia, e destruímos as casas, esvaziamos os poços, derrubámos as torres, cortamos as grandes árvores de sombra, queimamos as colheitas e destruímos os reservatórios […] cada membro da tribo capturado foi torturado ou morto”.

Irlanda

A luta dos Irlandeses por sua libertação nacional do domínio do Império Britânico (e do imperialismo, após a dissolução formal daquela entidade política), é famosa. Afinal, até hoje a Nação Irlandesa é um país dividido pelos ingleses, estando o Norte, com a capital Belfast, ainda sobre o domínio imperialista do Reino Unido.

Travada há mais de um século por bravos combatentes e dedicados militantes, em especial os do IRA (Exército Republicano Irlandês), a luta de libertação daquele povo sempre foi combatida a ferro e fogo por Churchill, sendo inclusive um dos primeiros a apoiar a divisão territorial da Ilha Esmeralda, já em 1904:

“Ainda sou de opinião que um parlamento separado para a Irlanda seria perigoso e inútil”.

Em 1920, defendeu que a força aérea britânica bombardeasse cidades irlandesas, com a finalidade declarada de assassinar membros do Sinn Fèin, um dos principais partidos irlandeses que estiveram à frente da luta pela libertação nacional daquele povo.

África do Sul

Entre os anos de 1899 e 1901 esteve na África do Sul, onde lutou pelo Império Britânico na Segunda Guerra dos Boêres. Como tenente do regimento de cavalos leves sul-africanos, Churchill resumiu o seu tempo na África do Sul desta forma: “Foi muito divertido galopar”. Ademais disto, poucos anos mais tarde, em 1906, assumiu posição expressa pelo regime de apartheid contra os negros:

“Devemos estar sujeitos à interpretação que a outra parte lhe dá e não há dúvida de que os Boers consideram uma violação desse tratado se o direito de voto fosse, em primeira instância, alargado a qualquer pessoa que não fosse branca”.

Irã

Em 1914, Churchill propôs um projeto de lei na Câmara dos Comuns do Reino Unido, para o império se tornar o maior acionista da Anglo-Iranian Oil Company (à época, o país estava sob o domínio dos ingleses, em decorrência do acordo Sykes – Picot).

Quase quatro décadas mais tarde, Churchill seguiria com seus crimes contra o povo iraniano. Apoiaria o golpe do imperialismo norte-americano contra o governo nacionalista de Mohammad Mosaddegh, o qual teve como resultado a ditadura do Xá do Irã (Mohammad Reza Pahlavi), uma das mais brutais já vistas, que só seria derrubada 26 anos mais tarde, 1979, com a Revolução Iraniana.

Iraque

Nomeado Secretário de Estado das Colônias em 1921, Winston Churchill formou o “Departamento do Médio Oriente”, que seria responsável por vários países da região, dentre eles o Iraque.

Há frases marcantes sobre o que o antigo primeiro-ministro achava que a população árabe deveria ser tratada, declaração esta que explicitada que ele não devia nada para Adolf Hitler:

“Sou totalmente a favor do uso de gás venenoso contra tribos incivilizadas… isso espalharia o terror real […] o fornecimento de todos os tipos de bombas sufocantes deveria ser usado em operações preliminares contra tribos turbulentas.”

Índia

Um dos casos mais famosos citados para exemplificar o quão Churchill era um fascista genocida foi o tratamento dado por ele, no comando do imperialismo britânico, à índia.

Durante a Segunda Guerra Mundial, sob suas ordens, o Reino Unido, que ainda era a metrópole da Índia (sim, um domínio ainda formalmente colonial), causou deliberadamente uma fome que resultou na morte de 4 milhões de indianos.

O que ocorreu foi o seguinte: naquele ano, o exército britânico retirou milhões de toneladas de arroz de pessoas famintas para enviá-lo ao Médio Oriente. A justificativa oficial era para alimentar soldados em prol do esforço de guerra, mas historiadores apontam que não havia a necessidade disto. E, mesmo que houvesse, não justificaria. De qualquer foram, que produzira os alimentos foram os indianos, e eram eles quem tinham o direito ao arroz, e não o exército imperialista britânico.

Sobre os milhões de indianos que morreram de fome, Churchill deu as seguintes declarações:

“Odeio os indianos. Eles são um povo de feras com uma religião de feras”.

“Os hindus são uma raça suja protegida pela mera traição da fatalidade necessária”.

Chegou inclusive ao paroxismo de culpar os indianos, dizendo que a fome foi causada por que os indianos procriavam “como coelhos”.

Grécia

Em 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, havia uma Revolução Proletária em curso na Grécia, assim como em praticamente todos os países europeus. Afinal, com a expulsão dos nazistas, a burguesia local, que majoritariamente havia se aliado com os nazistas, estava sendo combatida ou teve de fugir.

Por interesses políticos e econômicos, o Reino Unido não podia abrir mão de seu domínio sobre a Grécia. Logo, se o triunfo da revolução já era inaceitável em outros países, era mais ainda lá.

Contando com a cumplicidade do Stalinismo, o imperialismo britânico reprimiu os revolucionários gregos com tremenda brutalidade.

Já em 1948, o exército imperialista massacrou 128 manifestantes nas ruas de Atenas. Pouco antes de acabar o ano, em 2 de dezembro passou a exigir o desarmamento dos que haviam lutado para libertar o país dos nazistas. Em razão da ofensiva do imperialismo, no dia 3 houve uma manifestação que levou 200 mil gregos às ruas, contra a tentativa golpista do Reino Unido. Nessa época, Churchill estava no comando do Estado inglês, e a manifestação foi duramente reprimida. Afinal, para ele o ELAS (Exército de Libertação do Povo Grego) e o EAM (Frente de Libertação Nacional), os responsáveis por derrotar os nazistas na Grécia, eram “bandidos miseráveis”.

Ao falar sobre a Grécia, em abril de 1945, Churchill inclusive demonstrou simpatia pelos nazistas:

“Os colaboradores [nazis] na Grécia, em muitos casos, fizeram tudo o que podiam para proteger o povo grego da opressão alemã […] os comunistas são o principal inimigo”.

Balanço: a guerra de agressão do imperialismo britânico contra Revolução Grega, com o auxílio do Stalinismo, resultou na morte de 158 mil pessoas.

Palestina

Por fim, a Palestina.

Deixamos para o final, dada a importância a atual da questão Palestina.

Pois bem, até o final da Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos assumiram o manto de principal potência imperialista, o Reino Unido foi o principal impulsionador do sionismo, e de seu projeto de estabelecer um Estado supremacista judeu na Palestina.

Sobre isto, Churchill foi expresso em declarar seu apoio aos sionistas:

“Se, como pode muito bem acontecer, um Estado Judeu fosse criado ao longo das margens do Jordão sob a proteção da Coroa Britânica, que poderia incluir três ou quatro milhões de Judeus, um acontecimento terá ocorrido.” em a história do mundo que seria benéfica sob todos os pontos de vista”

“[…] é inteiramente correto que os Judeus, que estão espalhados por todo o mundo, tenham um centro nacional e uma Casa Nacional onde alguns deles possam reunir-se. E onde mais poderia estar, senão nesta terra da Palestina, com a qual há mais de 3.000 anos eles têm estado estreita e profundamente associados?”.

Quando da Comissão Peel, ocasião em que a Partição da Palestina foi oficialmente proposta, Churchill revelou o significado da Declaração Balfour, qual seja, o de tornar a Palestina um “estado esmagadoramente judeu”.

Até mesmo na Inglaterra

Por fim, vale ressaltar quem nem mesmo o povo inglês foi poupado das intenções genocidas de Churchill. Em certa ocasião, chegou a propor a esterilização em massa de 100 mil trabalhadores britânicos, a quem ele chamava de “degenerados”:

“[…] 100.000 degenerados britânicos devem ser esterilizados à força e outros levados para campos de trabalhos forçados para deter o declínio da raça britânica.”

Referia-se também aos operários desempregados involuntariamente como vagabundos, recomendando a internação em colônias de trabalho forçado, como se a situação de desemprego fosse culpa dos mesmos:

“[…] para vagabundos e vagabundos deveria haver colônias de trabalho adequadas para onde pudessem ser enviados”.

Este era Winston Churchill. Os fatos acima contribuem para demonstrar que os “democratas” do imperialismo são tão genocidas e sanguinários quanto os fascistas do calibre de Adolf Hitler.

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