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Liberdade de expressão

Washington Post cancela editor do Grayzone e falha miseravelmente

Jornalista investigativo sofre tentativa de censura após defender a Palestina e a Rússia

O jornal imperialista Washington Post tentou, através da publicação de um artigo recheado de informações caluniosas, demitir e prender o editor do jornal The Grayzone – jornal norte-americano que atua contra a guerra de procuração na Ucrânia e contra o genocídio perpetrado na Faixa de Gaza. Porém, falhou miseravelmente em sua campanha e demonstrou sua essência maliciosa e difamatória.

O artigo de Joseph Menn publicado pelo Washington Post acusa o editor do The Grayzone, Wyatt Reed, de ser financiado e trabalhar em conjunto com o governo iraniano e russo. Estas acusações se baseavam no fato de que o jornalista, anos antes de trabalhar para o The Grayzone, fez algumas aparições enquanto correspondente na agência de notícias internacional financiada pelo Estado iraniano: PressTV. Segundo Menn, este furo jornalístico foi descoberto através de uma série de documentos hackeados, porém, a única coisa que estes “documentos” revelaram foi algo que Reed nunca escondeu: que no começo de sua carreira apareceu na PressTV diversas vezes – algo que o próprio Reed postava em seu Twitter na época em que atuava como correspondente da agência de notícias.

Segundo o artigo do The Grayzone que revela o caso, Reed não recebeu mais nenhum centavo de qualquer veículo apoiado por qualquer governo desde que começou a trabalhar para o jornal – assim como os demais funcionários do The Grayzone. Algo que não pode ser dito dos jornalistas do Washington Post, os quais também trabalham para think tanks financiados pelo governo norte-americano.

O fato do ataque à Wyatt Reed e ao The Grayzone ter surgido neste momento não tem relação com o fato de que Reed já atuou como correspondente da PressTV ou para alguma agência de notícias financiada por governos estrangeiros ou até mesmo pelo governo iraniano – algo que vários norte-americanos fazem até hoje. A verdade é que este ataque da imprensa imperialista é uma tentativa de censurar o jornal após suas reportagens contra a guerra na Ucrânia e contra o genocídio na Palestina.

Alguns dias após a publicação de Menn, o Washington Post retirou a frase de abertura de seu artigo: “Documentos recém-descobertos revelam que os líderes de um site de notícias on-line voltado para americanos receberam dinheiro de veículos de imprensa dos governos russo e iraniano”. Entretanto, o artigo continua com informações caluniosas e falsas, assim como o Twitter/X de Menn continua com a frase retirada.

A posição de Menn despertou posições radicais de jornalistas a favor de Reed. O jornalista Ryan Grim postou em resposta a Menn: “Seu artigo nem de longe começa a comprovar as afirmações que você está fazendo nesse tweet. Como esse tweet ainda está no ar com essa correção? ”. A comentarista Caitlin Johnstone também avaliou o caso:

O artigo de ataque está tendo o efeito desejado; vemos apologistas profissionais do império [norte-americano] em todo o Twitter hoje promovendo a falsa alegação de que o Grayzone é financiado pelo Irã e pela Rússia. Os guerreiros da informação do império agora têm mais uma arma que podem usar para enfraquecer a confiança do público no jornalismo dissidente sempre que ele apresentar uma narrativa inconveniente”.

Contudo, o artigo também provocou uma onda de ataques e mentiras por parte dos agentes imperialistas contra o The Grayzone e Wyatt Reed. O jornalista que relato o caso de Reed no The Grayzone, Max Blumenthal, também foi atacado por Ellie Cohanim, ex-enviada do Departamento de Estado dos EUA para defender os interesses sionistas. Em seu Twitter/X, Cohanim disse:

Max Blumenthal agora está documentado como estando na folha de pagamento da República Islâmica do Irã. Uma ameaça à segurança nacional, ele e The Grayzone devem ser investigados”.

Outras figuras políticas de destaque dos EUA também partiram em disparada contra o jornal. A ex-chefe do Conselho de Governança de Desinformação dos EUA, Nina Jankowicz, declarou que o Washington Post mostrou “o que presumimos há anos ser verdade: de acordo com documentos hackeados, um colaborador da Grayzone recebeu milhares do Irã e da Rússia”. Curioso é o fato da própria Jankowicz atuar hoje como agente estrangeira do Reino Unido, trabalhando para o representante do Ministério das Relações Exteriores da Grã-Bretanha – o qual declarou no Twitter/X que o The Grayzone é uma imprensa russa e que o YouTube e outras plataformas digitais deveriam censurá-lo e expulsá-lo de seus domínios.

Benjamin Weinthal, agente ligado ao Mossad, foi além e disse à agência de notícias israelense i24 News que o The Grayzone é um “veículo pró-Hamas financiado pelo Irã e pela Rússia” e que o artigo do Washington Postlevanta questões importantes que precisam ser abordadas pelos órgãos relevantes do governo e talvez por audiências bipartidárias no Capitólio“. Weinthal ainda citou o rabino, Shmuley Boteach, e afirmou que o editor-chefe Max Blumenthal “é um antissemita perverso, perturbado e desequilibrado… Deve haver uma investigação completa e, se Blumenthal for culpado, ele deve ser preso e encarcerado por violações da FARA [Lei de Registro de Agentes Estrangeiros]”.

Se não bastassem estas declarações, ao analisar o artigo do Washington Post percebe-se que as fontes utilizadas por Menn são todas ligadas ao FBI ou ao complexo industrial-militar do imperialismo. Uma das principais fontes foi o escritor de blog Neil Rauhauser, o qual atuou como “um cooperador do FBI que também trabalhou com o FBI em um tipo de parceria corporativa privada chamada Infragard” – segundo o jornalista e ativista de direitos digitais Barrett Brown. Infragard é uma dita ONG que atua como um programa de transformação de empresas do setor privado em informantes do FBI.

Outras fontes incluem os think tanks Instituto Australiano de Políticas Estratégicas (IAPE) e o Conselho do Atlântico.

O IAPE é um think tank situado na Austrália, o qual age como uma frente de propaganda a qual tem desempenhado um papel fundamental na campanha contra a China. Fundado pelo governo australiano em 2001, a IAPE é financiada pelo Departamento de Defesa da Austrália, pela OTAN, pelo Departamento de Estado dos EUA e pelas fabricantes de armas Raytheon Australia, Lockheed Martin e Northrop Grumman – todas grandes beneficiárias da guerra da Ucrânia e do genocídio em Gaza, recebendo lucros bilionários com estes conflitos.

O Conselho Atlântico é um think tank da OTAN em Washington e é financiado principalmente pelo Departamento de Estado dos EUA e outros Estados da União Europeia, assim como pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos. O Conselho Atlântico também foi patrocinado pela Burisma, empresa corrupta ucraniana que patrocinava o filho do atual presidente Joe Biden – Hunter Biden.

Menn não escondeu sua real intenção de censurar o The Grayzone. Em uma passagem de seu artigo, Menn ataca diretamente a Constituição dos EUA e tenta censurar Reed utilizando da cartada da “desinformação”:

A Primeira Emenda garante direitos de liberdade de expressão até mesmo para americanos que se acredita estarem divulgando propaganda estrangeira. Mas funcionários atuais e antigos da inteligência dizem que a tolerância dos norte-americanos em relação a informações pagas por agentes estrangeiros tornou a desinformação uma das ameaças mais importantes à democracia dos EUA”.

Menn e os lacaios do imperialismo estão utilizando da campanha contra as “fake news” de maneira hipócrita para censurar os defensores da Palestina e dos países anti-imperialistas – visto que eles próprios são os maiores propagadores de “fake news”.

Porém, esta campanha do imperialismo se apresenta cada vez mais desastrosa. No mesmo dia em que o Washington Post publicou o artigo atacando o Reed, o jornal demitiu sua editora-chefe e implementou um plano para impedir o desmonte da agência de notícias. Will Lewis, um dos editores do jornal imperialista, afirmou que o Washington Post está perdendo grandes quantias de dinheiro e que o seu público “caiu pela metade nos últimos anos. As pessoas não estão lendo seu material. Não posso mais amenizar a situação”.

A campanha de censura do imperialismo não está mais funcionando. A população percebe a farsa desta política e se afasta cada vez mais dela. O único meio que esta política é capaz de se sustentar é com a intensa repressão contra o povo e as liberdades democráticas. Entretanto, a verdade continua se sobrepondo e a população continua se erguendo.

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