Desde 7 de outubro de 2023, dia da Operação Dilúvio al-Aqsa, a imprensa imperialista internacional intensificou uma campanha de mentiras sobre a luta palestina. Essa campanha gira em torno, principalmente, da classificação da resistência armada como “terrorista”, da falsa equivalência entre a justa reação do povo oprimido e a violência do opressor e, finalmente, da tentativa de inverter a realidade ao colocar as forças de ocupação sionistas na posição de vítimas.
Diante disso, faz-se necessário recapitular os acontecimentos anteriores a 7 de outubro, entender o seu real desenrolar e colocar as coisas em seu devido lugar: “Israel” é o agressor, as forças militares sionistas oprimem os palestinos e, diante disso, não há como não recorrer à violência.
A Operação Dilúvio al-Aqsa não foi um atentado terrorista, mas uma operação militar muito bem planejada e executada. Portanto, para compreender de maneira adequada a farsa da campanha da imprensa imperialista, é preciso esmiuçar este ponto.
Na acepção mais formal do termo, um atentado terrorista seria aquele que busca infundir terror, medo ou pânico na população. Seria uma tática para incendiar as massas à luta revolucionária através de uma faísca, que seria, por exemplo, o assassinato de um governante. Era uma tática comum em alguns grupos russos, principalmente nos narodniks e nos grupos de inclinação anarquista.
Passado um certo tempo, principalmente depois do 11 de setembro de 2001, o termo passou a ser incluído na propaganda norte-americana de maneira mais vigorosa e perdeu seu significado original. O que, originalmente, era apenas um método de luta adquiriu um caráter de condenação moral: depois do 11 de setembro, qualquer grupo que pegasse em armas contra os soldados dos EUA era de tipo terrorista.
O termo hoje adquiriu um conteúdo reacionário e já não descreve mais nada. Entretanto, mesmo que se buscasse analisar a situação de acordo com o sentido original do termo, seria absolutamente errado classificar o 7 de Outubro como “terrorista”. Pelo contrário, como já dito, tratou-se de um combate contra alvos militares, organizado por brigadas e muito bem planejado, furando o sistema de espionagem israelense.
Outro aspecto farsesco da campanha imperialista é a tentativa de culpar os palestinos pela violência – isto é, novamente, uma acusação de tipo moral. De acordo com essa perspectiva, apenas a paz seria aceitável – mesmo que seja uma paz baseada em um regime de segregação racial e de colonização – e os oprimidos deveriam se manter passivos.
Evidentemente, trata-se de um pressuposto falso. Ocorre que, mesmo que essa concepção pacifista e mesquinha da luta política fosse verdadeira, ainda assim os responsáveis pela guerra não seriam os palestinos, mas os colonos israelenses. Afinal, durante os anos de 2022 e de 2023, eles intensificaram de maneira muito significativa a limpeza étnica contra os palestinos.
Veja-se, por exemplo, o comentário de Ton Wennesland, enviado das Nações Unidas para o Oriente Médio, que declarou que 2022 foi “o ano mais sangrento” na Palestina desde 2005. Ou, então, a repressão que o governo de “Israel” dirigiu contra os muçulmanos durante o Ramadã – mês sagrado do Islã –, invadindo a Mesquita de al-Aqsa em abril. Além do mais, as forças de ocupação sionista organizaram várias incursões no ano passado, sendo as mais brutais em Nablus (23 de fevereiro), em Jericó (15 de agosto) e no campo de refugiados de Jenin (3 de julho).
Seria possível desenvolver durante longas linhas todas as violações de direitos humanos que Israel cometeu nos últimos dois anos. De tal modo, culpar a resistência palestina pela escalada da violência é simplesmente absurdo. E além disso: postular que os palestinos não possam responder a essa situação de maneira violenta é fazer apologia da mais ignóbil covardia para criticar o heroísmo e a coragem de um grupo que se levantou contra a opressão.
Israel mantém o mais terrível genocídio da história recente há mais de sete séculos e intensificou esse processo nos últimos dois anos – vale lembrar, ainda, que este país artificial é governado extrema direita. É a partir desse ponto que se deve compreender a Operação Dilúvio al-Aqsa.
Por fim, os sionistas mentem ao defender a tese de que a operação militar do Hamas foi um atentado terrorista – para tentar manipular a população com o pânico moral que o termo adquiriu – e escondem a escalada da violência, promovida pelas forças de ocupação israelenses. Esse é o método pelo qual o imperialismo tenta enganar a população para levá-la a se opor à Operação Dilúvio al-Aqsa. É preciso combater essa campanha de mentiras, demonstrando, ao contrário, o quão legítima foi a reação do Hamas contra este Estado colonial.