Um dia depois da Suprema Corte dos EUA decidir pela anulação de decisão anterior da Justiça do Colorado pela sua inelegibilidade, o ex-presidente Donald Trump colheu uma esmagadora vitória nas primárias do Partido Republicano, vencendo de forma avassaladora as prévias em 15 dos 14 Estados, onde elas ocorreram na “super terça” (5/3).
No dia seguinte, a única oponente que ainda figurava na disputa interna do PR, a ex-governadora da Carolina do Sul e ex-embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, acabou desistindo da “disputa”, depois de vencer em apenas dois estados.
Apesar de seguir enfrentando diversos processos judiciais, é praticamente certo que – se não for vítima de um golpe – Trump terá seu nome nas cédulas em novembro. É o que mostrou, por exemplo, pesquisa de boca de urna realizada pela CNN que apontou que mais de 60% dos eleitores republicanos na Carolina do Norte, e cerca de 50% dos republicanos na Virginia, afirmaram que ele estaria apto a ser presidente mesmo se condenado em um dos processos criminais que responde.
Com a candidatura praticamente assegurada, o bilionário republicano se fortalece ainda mais quando já lidera as pesquisas de opinião, diante do retumbante fracasso do governo democrata de Joe Biden, cuja única função é servir aos interesses dos maiores e mais criminosos monopólios do mundo, como a indústria de armas e do petróleo e os tubarões do sistema financeiro norte-americano e internacional.
Está falindo o governo que garante o lucro dos genocidas capitalistas com guerras contra os povos pobres, como reconheceu o ministro da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, que – pedindo mais recursos para financiar a Ucrânia em frangalhos contra a Rússia – declarou que o conflito é “uma bênção para a economia dos EUA“.
Tornar Donald Trump inelegível se mostrou um fracasso, principalmente porque o aumento da crise política no principal país da dominação imperialista mundial, os ataques do governo Biden e da ala da burguesia que o apoia às condições de vida dos próprios trabalhadores norte-americanos e a espetacular reação dos povos oprimidos à política genocida do imperialismo (palestinos, russos, africanos, etc.), está desmoralizando cada vez mais o carcomido regime norte-americano, abrindo um caminho de intensificação da crise interna do país mais rico do mundo.
Além de uma derrota do regime político norte-americano e da política de alijar adversários por meio da perseguição, por eles indicada para o Brasil, contra Lula, anos atrás e, agora, contra Bolsonaro, temos uma falência da política da maioria da esquerda, que lá e aqui, apostam em um acordo com as alas mais reacionárias e genocidas do imperialismo, sob o pretexto de lutar contra a extrema direita, deixando de lado a política cada vez mais urgente de organizar e mobilizar a classe trabalhadora de forma independente da burguesia.
O abandono da luta pelas reivindicações populares e pela revolução não conduz a outra coisa que não seja retrocessos e precisa ser combatida sistematicamente.