Na sexta-feira, o fundador do Partido dos Trabalhadores do Reino Unido, George Galloway, foi eleito parlamentar da câmara de comuns do distrito de Rochdale. Venceu as eleições com 39,7% dos votos, contra 21,3% do candidato independente David Tully. O Partido Conservador, que já enfrenta uma profunda crise, ficou em terceiro lugar, com apenas 12% dos votos.
A vitória representa uma ascensão de uma esquerda anti-imperialista e os resultados forçaram o primeiro-ministro Rishi Sunak a emitir uma nota alertando uma suposta “ameaça à democracia britânica”.
“Agora, nossa própria democracia está sob ameaça. Reuniões do conselho e eventos locais foram invadidos. Os parlamentares não se sentem seguros em suas casas. Convenções parlamentares de longa data foram reviradas devido a preocupações com a segurança.
E é alarmante além do esperado que, na noite passada, a eleição suplementar de Rochdale tenha retornado um candidato que minimiza o horror do que aconteceu em 7 de outubro, que glorifica o Hesbolá e é endossado por Nick Griffin, ex-líder racista do BNP”, afirmou o primeiro-ministro britânico.
O candidato Galloway venceu graças a sua defesa da Palestina e denúncia ao genocídio a Faixa de Gaza. Ele afirmou que chegou com um “mandato fresco para interromper o massacre em Gaza”.
“O primeiro passo que vou dar na quarta-feira, durante o Question Time do Primeiro Ministro, é dizer ao primeiro-ministro que cheguei com um mandato fresco, o único membro da Câmara a fazê-lo, com o mandato fresco para interromper o massacre em Gaza”, afirmou Galloway em uma entrevista exclusiva à Press TV na sexta-feira.
“Um cessar-fogo é necessário, mas não suficiente. Uma pausa temporária, uma pausa humanitária ou um simples cessar-fogo não são o bastante. Precisamos do fim da ocupação. Precisamos da retirada total do cerco a Gaza”, declarou.
“E precisamos do reconhecimento do direito dos palestinos à autodeterminação consagrado no direito internacional, nas resoluções do Conselho de Segurança da ONU, nos acordos de Oslo, todos ignorados. E o acordo de Oslo agora está morto e enterrado. Foi ignorado por muito tempo”, continuou Galloway.
“Cerca de 700 mil colonos ilegais estão agora vivendo nas partes da Palestina que deveriam ser o estado palestino”, observou.
Ele ainda afirmou: “Trinta anos após o acordo de Oslo, é hora de erguer a bandeira de um estado único. Chame-o de Terra Santa, onde judeus, muçulmanos e cristãos vivem juntos como cidadãos iguais perante a lei”.
“Esses são os tipos de acordos que farei no Parlamento”, afirmou.
Galloway foi criticado por seu apoio ao Hesbolá em 2006, quando o atual parlamentar defendeu de maneira incisiva o grupo armado do Líbano contra “Israel”.
A operação Dilúvio de al-Aqsa, iniciada pelo Movimento da Resistência Islâmica (Hamas) e outros braços armados, chacoalhou a situação política internacional. A polarização entre a direita a reboque do imperialismo (“direita civilizada”) e extrema-direita contra a esquerda se intensificou. A ação do Hamas, pode ser compreendida como o desenvolvimento da situação revolucionária na Palestina, podendo, desta forma, expor o mundo a uma situação pré-revolucionária.
No mundo árabe, veja-se a situação na Cisjordânia, o regime está em cheque. Mas a situação não é exclusividade dos árabes. Na Europa a situação vem se agravando desde o enfrentamento dos russos contra o imperialismo e, o genocídio perpetrado pelo estado de “Israel” em Gaza fortaleceu a esquerda – não a esquerda pró-imperialista, mas sim uma esquerda independente do regime político burguês.