A política identitária é uma das grandes responsáveis pela derrocada política da esquerda nas últimas eleições municipais. Isso porque as bandeiras históricas da esquerda, que sempre estiveram relacionadas à luta da classe trabalhadora por transformação em setores fundamentais da vida como saúde, educação, trabalho, alimentação e etc, vêm sendo usurpadas pelo identitarismo.
O identitarismo que nada mais é que um projeto de divisão e dominação dos trabalhadores. No lugar da união em defesa dos seus interesses, os identitários promovem a competição no seio da classe trabalhadora, competição essa da qual quem sairá vencedora será sempre a burguesia. É assim, por exemplo, no caso das mulheres, cujas organizações de luta têm sido bastante infiltradas pela política identitária.
No cenário político tem se destacado nos últimos anos a exigência, por meio da lei, de cotas para mulheres nas candidaturas inscritas pelos partidos políticos, como uma grande solução para ampliar a participação feminina na política.
Entretanto, assim como toda a política identitária, as cotas para mulheres têm se mostrado uma verdadeira farsa. Isso porque, na maioria das vezes, as mulheres apresentadas pelos partidos políticos como candidatas não representam os interesses do conjunto da população feminina.
Esse é o caso das duas únicas mulheres a serem eleitas prefeitas nas capitais brasileiras nas eleições municipais de 2024, ambas de partidos políticos inimigos das mulheres e de todos os trabalhadores.
Essas mulheres são a prefeita da cidade de Campo Grande no Mato Grosso do Sul, Adriane Lopes do Partido Progressistas (PP) e Emília Corrêa do Partido Liberal (PL) eleita pela cidade de Sergipe, capital do estado de Aracaju.
Não é através de cotas em partidos da burguesia que o conjunto das mulheres irá conseguir se organizar para lutar politicamente pelos seus direitos, muito pelo contrário. Mulheres eleitas por partidos como o PP e o PL são tão inimigas das mulheres como qualquer homem eleito por esses partidos.
É preciso abandonar a falsa luta proposta pelo identitarismo e construir uma verdadeira organização de luta dos trabalhadores. Essa é a única maneira pela qual setores oprimidos da sociedade, como é o caso das mulheres, poderão lutar verdadeiramente pelos seus direitos.