Previous slide
Next slide

América Latina

Venezuela: o velho golpismo dos Partidos Comunistas

O Partido Comunista da Venezuela critica o governo Maduro de forma muito semelhante à oposição financiada pelos EUA, uma campanha semelhante ao que o PCB fez com Vargas em 1954

O Partido Comunista da Venezuela (PCV) atua como linha auxiliar do imperialismo no país contra o governo Maduro. Eles têm um papel semelhante ao papel dos Partidos Comunistas nas décadas de 1940 e 1950, que apoiaram os golpes de Estado na América Latina. O mais famoso para os brasileiros é o do próprio Getúlio Vargas, em 1954, mas houve outras ocasiões em que isso aconteceu. Atualmente, o PCV repete a mesma linha política. Eles publicaram o texto: Comunistas não apoiam Maduro! Cartão sequestrado, mais uma vez denunciando a suposta fraude eleitoral no país.

O artigo começa: “o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) apresentou a cédula de votação para as eleições presidenciais de 28 de julho. O rosto de Nicolás Maduro aparece em 13 cartões diferentes, ou seja, um terço dos admitidos pelo órgão eleitoral durante um processo marcado por irregularidades e violações da Constituição e das leis eleitorais”.

Sem entrar no mérito de se houve irregularidades ou não, o fato de Maduro ser popular e estar em diversos cartões eleitorais não deveria ser criticado. É quase como se fosse um crime o candidato ser popular. Putin, por exemplo, não poderia receber 87% dos votos. Mas e se de fato a população quer votar no candidato?

Em relação à alegação de fraude, isso também é uma campanha do imperialismo. A Venezuela tem eleições e referendos quase todos os anos desde que Chavez assumiu o governo. Em quase todos, há dezenas ou centenas de observadores internacionais. Nunca houve uma prova concreta de fraude. Apenas os EUA alegam isso, os mesmos que reconheceram o presidente que era uma fraude em pessoa, Juan Guaidó. Não há embasamento nenhum, o imperialismo há décadas não consegue achar uma brecha para atacar o regime bolivariano na questão eleitoral.

Então o texto afirma: “embora esse número de endossos possa ser visto como um sinal de unidade muito ampla entre as organizações políticas de esquerda, a verdade é que a maneira pela qual a liderança do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) forjou essa ‘aliança’ se baseou na intervenção judicial de partidos políticos que historicamente apoiaram o processo de mudança na Venezuela, para impor diretrizes ad hoc que atendem a seus interesses”.

O interessante aqui é que o PSUV é o grande alvo das críticas. O imperialismo, que aplica sanções ao país, que roubou ouro, roubou empresas inteiras, que tenta derrubar Maduro com golpes de Estado e até tentativas de assassinato, não é criticado. Qual seria o interesse de Maduro em reprimir um pequeno partido de esquerda? Apenas para ser criticado e taxado de ditador? Essas acusações parecem muito mais como uma campanha de propaganda imperialista do que algo embasado na realidade.

O artigo, então, cita o único caso de suposto autoritarismo: “o caso mais recente dessa ofensiva antidemocrática foi o ataque judicial contra o Partido Comunista da Venezuela (PCV), perpetrado em agosto de 2023: o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) retirou a personalidade jurídica da militância comunista legítima para entregá-la a um punhado de operadores políticos do PSUV que não hesitaram em esconder seus compromissos com líderes seniores do partido no poder, como Diosdado Cabello ou Freddy Bernal”.

O que houve, na verdade, foi uma divisão interna no partido e uma parte se alinhou ao PSUV. Isso é interessante, pois essa crise aconteceu também no PCB em 2023, que levou à criação do PCB-RR, atual PCBR. Essa disputa não existe só na América Latina, há uma crise nos partidos comunistas de forma internacional diante da questão do imperialismo. O setor mais pró-imperialista, liderado pelo Partido Comunista Grego (KKE), é um apoiador direto da OTAN e da intervenção imperialista nos países atrasados. São inimigos da Rússia e de todo governo nacionalista. O PCV assume essa posição.

Provavelmente o que houve em 2023 foi um racha semelhante ao PCB/PCB-RR, com a diferença de que o PSUV é mais dominante na Venezuela que o PCB no Brasil e, assim, os dirigentes já se alinharam rapidamente a Maduro. No Brasil, o PCB ficou mais ligado à linha do atual PSOL de Boulos. Já o racha tem a posição mais sectária, golpista, que é mais bem expressa pelo PSTU. Ou seja, a posição de “Fora Maduro” e no Brasil de “Fora Lula”, mesmo que não usem essas palavras no momento.

O artigo cita o advogado e dirigente do PCV Yul Jabour: “a retirada de nossa personalidade jurídica não teve repercussões apenas na vida interna do partido, mas também na vida política do país“. E continua: “neste momento, além dos comunistas, um importante setor da esquerda revolucionária não tem uma opção eleitoral para as eleições presidenciais“. Aqui, sem entrar no mérito de o PSUV realmente ter agido desta forma, é interessante que, no fim, o PCV acusa Maduro do mesmo que os governo dos EUA, impedir os candidatos de concorrerem a eleição.

Ele conclui: “para Jabour, as manobras do governo de Maduro contra os comunistas revelam o ‘paradoxo dos chamados governos progressistas’: eles se apresentam como supostos bastiões do anti-imperialismo, mas perseguem e ilegalizam organizações revolucionárias como a nossa. Jabour informou que o PCV ‘continuou explorando e promovendo intercâmbios com organizações políticas, sociais e populares sobre o cenário eleitoral’ e que, em junho, a terceira fase da XVI Conferência Nacional se reunirá para definir qual posição os comunistas adotarão no dia 28 de junho”.

O que falta é a explicação desse “paradoxo”. Qual seria o motivo político para Maduro atacar os supostos revolucionários do PCV? Eles estão travando a luta anti-imperialista de forma tão popular que ameaça o regime político? Não. Apenas ficam criticando o governo como a esquerda pequeno-burguesa brasileira faz com Lula. O PCV deveria demonstrar que está sendo perseguido por ser mais combativo que o PSUV. Ao invés disso, apenas acusa Maduro de ser um ditador, ou seja, faz a mesma campanha que os EUA.

Sem uma prova de que o governo da Venezuela está sendo direitista, a única opção real é de que o PCV está seguindo a tradição dos partidos comunistas e atuando a favor do golpe de Estado.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.